Para saber algo sobre Melânia Luz, até uns anos atrás, era preciso abrir na página 110 de 646 do livro (enciclopédia) Atletas Olímpicos do Brasil, de Katia Rubio (2015), ir lá no cantinho direito e encontrar 11 linhas sobre a primeira negra do Brasil a disputar os Jogos Olímpicos. Foi em Londres 1948, aos 20 anos, que a atleta dos 200 metros e do revezamento 4x100m fez história. Mas história que não se conta, se esquece. E foi preciso algumas jovens e talentosas jornalistas como Roberta Nina, do Dibradoras, e Helena Rebello, então da Globo, recordarem essa história olímpica brasileira nos idos de 2019 e 2020 para que aquela mulher, preta, pobre, apaixonada por atletismo e pelo São Paulo FC, tivesse o nome escrito em letras garrafais como uma pioneira do Brasil.
Hoje, seis anos depois da sua morte (na época não divulgada na imprensa), Melânia Luz entra no Hall da Fama do Comitê Olímpico do Brasil (COB). Entre os sete novos nomes que serão incorporados ao panteão dos destaques do país em Olimpíadas, está a da atleta que virou enfermeira e que, agora, é finalmente reconhecida como uma das maiores brasileiras de todos os tempos.
Melânia, do atletismo, é única a receber a homenagem póstuma nessa turma que ainda tem Manoel dos Santos (natação), Marcelo Ferreira (vela), Ricardo Prado (natação), Renan Dal Zotto (vôlei), Walter Carmona (judô) e Yane Marquês (pentatlo). Os nomes foram escolhidos por uma comissão avaliadora na última quarta.
Pioneiras: Melânia Luz foi a primeira brasileira negra em Olimpíadas
Os sete eleitos se juntam às 28 personalidades do esporte que já fazem parte do Hall da Fama do COB e passarão a receber homenageados em eventos da entidade, além de deixar seus pés ou mãos eternizadas em moldes que serão exibidos em uma futura exposição no Centro de Treinamento do Time Brasil. No caso de Melânia Luz, um familiar receberá a homenagem.
Hall da Fama do COB - turma de junho de 2022
Manoel dos Santos (natação), bronze nos Jogos Olímpicos Roma 1960;
Marcelo Ferreira (vela) bicampeão olímpico - em Atlanta 1996 e Atenas 2004 - e bronze em Sydney 2000;
Ricardo Prado (natação), vice-campeão olímpico em Moscou 1980;
Renan Dal Zotto (vôlei), prata em Los Angeles 1984 como atleta e diversos títulos como treinador da seleção masculina de vôlei;
Walter Carmona (judô), medalha de bronze em Los Angeles 1984;
Yane Marquês (pentatlo), bronze em Londres 2012;
Melânia Luz (atletismo), velocista três vezes medalhista Sul-Americana e primeira mulher negra a integrar a delegação brasileira em Jogos Olímpicos, em Londres 1948 (homenagem póstuma).
Hall da Fama do COB - por ordem de entrada
Torben Grael (vela), Sandra Pires e Jackie Silva (vôlei de praia), Vanderlei Cordeiro de Lima (atletismo), Maria Lenk (natação), Guilherme Paraense (tiro esportivo), João do Pulo e Sylvio de Magalhães Padilha (ambos do atletismo), Chiaki Ishii (judô), Paula (basquete), Hortência (basquete), Joaquim Cruz (atletismo), os treinadores de vôlei Bernardinho e Zé Roberto Guimarães, Adhemar Ferreira da Silva (atletismo); Aída dos Santos (atletismo); Aurélio Miguel (judô); Bernard Rajzman (vôlei); Reinaldo Conrad (vela); Sebastián Cuattrin (canoagem velocidade); Tetsuo Okamoto (natação); Wlamir Marques (basquete), os treinadores Nelson Pessoa (hipismo saltos) e Mário Jorge Lobo Zagallo (futebol), Gustavo Borges (natação), Fofão (vôlei), Servílio de Oliveira (boxe) e Rogério Sampaio (judô).
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