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Por Redação do ge — Pequim, China


As Olimpíadas de Inverno Pequim 2022 vão deixar saudades. Vão deixar também algumas histórias que serão repassadas através das gerações - algumas delas, inclusive, só terão resolução após o término do megaevento. O ge relembra 10 dos eventos mais marcantes dos Jogos na China.

Perfeição com asterisco

Kamila Valieva dominou a patinação artística e o noticiário judicial em Pequim 2022 — Foto: Harry How/Getty Images

Sem dúvida, a personagem mais comentada de Pequim 2022 foi Kamila Valieva. A menina russa de apenas 15 anos tirou suspiros de assombro dos espectadores com suas performances incríveis na patinação artística, que valeram uma medalha de ouro na competição por equipes. Porém, virou assunto pela polêmica que a perseguiu desde sua primeira prova nos Jogos - e que deixou a entrega de seu ouro sub júdice.

Valieva encantou com saltos quádruplos - a primeira mulher a fazê-lo numa Olimpíada - que levaram o Comitê Olímpico Russo (ROC) ao primeiro lugar na competição por equipes em 7 de fevereiro. Contudo, sua performance começou a ficar nebulosa quando o Comitê Olímpico Internacional (COI) adiou a cerimônia de entrega de medalhas devido a "consulta legal". Logo surgiram os rumores de que havia um caso de doping na equipe russa, o que a Agência Internacional de Testagem (ITA) confirmou quatro dias após a disputa: Valieva havia testado positivo para trimetazidina numa competição em 25 de dezembro de 2021, mas o resultado só saiu em 8 de fevereiro.

Kamila Valieva brilha ao fazer dois saltos quadruplos em sua apresentação ao som de "Bolero", de Maurice Ravel

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Corte Arbitral do Esporte autoriza Kamila Valieva a continuar competindo nas Olimpíadas apesar do doping

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A atleta foi suspensa preventivamente pela Agência Antidoping da Rússia (Rusada), mas teve a suspensão retirada após entrar com recurso. O COI apelou à Corte Arbitral do Esporte (CAS), mas, após uma audiência de seis horas, a liberação de Valieva foi mantida. Por isso, ela pôde competir no evento individual. Toda a pressão e polêmica, contudo, pesaram sobre seus ombros e, apesar de ter tido a melhor nota no programa curto, Valieva caiu duas vezes no programa longo e terminou a competição no quarto lugar.

Desabafo e insatisfação com a prata

Outra russa roubou a cena de Valieva na final individual. Não estamos falando de Anna Shcherbakova, que levou o ouro na prova, mas de Alexandra Trusova, que, apesar de quebrar o recorde olímpico de nota mais alta do programa longo (177.13) - numa apresentação que subiu o sarrafo colocado por Valieva, com cinco saltos quádruplos - terminou com a medalha de prata na soma dos programas (251.73), nota 4.22 abaixo dos 255.95 de Shcherbakova.

Russa Alexandra Trusova quebra recorde olímpico com nota de 177.13 no programa livre da patinação artística

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Alexandra Trusova chora após a prata olímpica na patinação artística — Foto: Reprodução

Trusova não se conformou com o resultado. Revoltada e inconsolável, gritou com seus treinadores que os odiava e que nunca mais queria fazer nada na patinação. No pódio, aparentemente fez um gesto obsceno com uma das mãos ao exibir o mascote recebido na premiação. Na coletiva de imprensa, reforçou sua insatisfação com a prata e se irritou com as perguntas sobre Valieva.

Beijo da superação mexicana

Mexicano Donovan Carrillo se emociona após apresentação na final da patinação artística

Mexicano Donovan Carrillo se emociona após apresentação na final da patinação artística

Donovan Carrillo não subiu ao pódio, mas seu feito em Pequim 2022 valeu mais que uma medalha. O jovem de 23 anos foi o primeiro representante do México nas Olimpíadas de Inverno em 30 anos, e precisou treinar em pista de gelo pública, num shopping center, para se preparar para a competição. Mas ele foi além e se classificou à final da patinação artística individual, primeiro mexicano a fazê-lo na história dos Jogos. Após sua apresentação na final ao som de "Black Magic Woman", de Carlos Santana, Carrillo se emocionou e beijou os aros olímpicos da pista, emocionando o público.

Nicole na história

Nicole Silveira conquista marca histórica para o Brasil em Pequim

Nicole Silveira conquista marca histórica para o Brasil em Pequim

O Brasil também fez história em Pequim 2022. A gaúcha Nicole Silveira conquistou a melhor campanha da história da América Latina no skeleton com um 13º lugar. O resultado também foi o melhor do país em esportes de gelo e o segundo melhor nas Olimpíadas de Inverno em geral. Só o nono lugar de Isabel Clark no snowboard em Turim 2006 superou seu desempenho.

Chloe Kim apavora no snowboard

Americana Chloe Kim consegue 94.00 pontos na primeira volta do snowboard halfpipe feminino

Americana Chloe Kim consegue 94.00 pontos na primeira volta do snowboard halfpipe feminino

Sensação em PeyongChang 2018 ao se tornar a mulher mais jovem a conquistar um ouro olímpico no halfpipe, a americana de ascendência sul-coreana Chloe Kim repetiu a dose em Pequim. Ainda muito jovem com 21 anos, a atleta prodígio conquistou o inédito bicampeonato no halfpipe feminino com uma volta de abertura incrível na final. Com dois 1080° e um 900°, somou 94.00 e não foi alcançada por suas concorrentes.

"Princesa da Neve" faz a festa da China

Chinesa Ailing Eileen Gu é ouro no esqui estilo livre nas Olimpíadas de Inverno de Pequim — Foto: Lintao Zhang/Getty Images

Se a China teve seu melhor desempenho em total de ouros e de medalhas numa Olimpíada de Inverno em Pequim, deve boa parte disso a Eileen Ailing Gu. A jovem de 18 anos, nascida e criada nos EUA, causou polêmica ao decidir defender o país de sua mãe nas Olimpíadas. A torcida chinesa a abraçou e vibrou ao vê-la bater a francesa Tess Ledeux na última descida do esqui estilo livre Big Air, que lhe valeu sua primeira medalha de ouro olímpica. Mais tarde, Gu ainda levou a prata no slopestyle e outro ouro, desta vez no halfpipe.

Oito vezes Jaqueline Mourão

Jaqueline Mourão completa a prova do esqui cross-country em Pequim — Foto: Getty Images

Responde rápido: quem é o brasileiro recordista de participações em Olimpíadas? Oscar Schmidt? Passou longe. Marta? Nada disso. Formiga? Está esquentando. Robert Scheidt? Não. É Jaqueline Mourão, que somando participações em Jogos de Verão e de Inverno, foi a oito edições olímpicas. Em sua oitava participação, a multiatleta de 46 anos de idade competiu em três provas no esqui cross-country: 10km estilo clássico, sprint livre e sprint por equipes. Esta última, disputou pela primeira vez, acompanhada de Eduarda Ribeira, que substituiu Bruna Moura pouco mais de uma semana antes do início dos Jogos.

O adeus de uma lenda

Americano Shaun White cai na terceira volta, mas é ovacionado pela torcida e se emociona

Americano Shaun White cai na terceira volta, mas é ovacionado pela torcida e se emociona

Nos últimos 20 anos, os esportes de inverno foram sinônimo de Shaun White. O fenômeno do snowboard que espantou o mundo com duas pratas no Winter X Games aos 15 anos de idade foi o maior astro das Olimpíadas de Inverno no período, com três ouros e um quarto lugar. Já com o corpo desgastado por tanta dedicação e lesões em duas décadas, o americano pendurou a prancha em Pequim 2022. Ele novamente terminou em quarto lugar, fora do pódio como em Sochi 2014, e se emocionou ao final da prova. Pouco importava para os fãs, que o ovacionaram por onde passou.

O beijo dourado de Arianna

Arianna Fontana beija o marido após o ouro na patinação de velocidade — Foto: Matthew Stockman/Getty Images

A italiana Arianna Fontana levou dois ouros na patinação de velocidade para se tornar a maior medalhista da história do esporte em Olimpíadas de Inverno. Ao vencer a segunda prova, se sagrar bicampeã dos 500m e chegar a 10 pódios olímpicos, Fontana se emocionou e tascou um beijão no marido Anthony Lobello Jr. A demonstração de afeto ganhou ainda mais significância devido à desaprovação da Federação Italiana de Esportes de Gelo (Fisg) por Lobello ser treinador da esposa.

Erin Jackson rompe barreiras na patinação de velocidade

Erin Jackson comemora a medalha de ouro na patinação de velocidade — Foto: Getty Images

A americana Erin Jackson se tornou a primeira mulher negra a conquistar uma medalha de ouro na patinação de velocidade na história das Olimpíadas de Inverno. Ela venceu a prova de 500m, à qual só se classificou graças a uma "doação" da amiga e competidora Brittany Bowe: Jackson havia tido uma falha com seu patins durante as seletivas e perdeu a vaga para Bowe, mas a amiga cedeu sua posição ao reconhecer que, não fosse a falha, Jackson teria a superado. Deu certo, e Erin conquistou o primeiro ouro individual dos EUA na patinação artística em 12 anos.

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