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- Não há muito que eu possa falar ainda. Estou garantido lá, numa equipe boa, mas ainda não posso falar o nome nem nada. É muito cedo, a F2 ia me matar se eu falasse (risos) - disse Gabriel.

O piloto negou planejar o anúncio para o GP de São Paulo de F1, que será disputado em Interlagos no início de novembro. Segundo Gabriel, a divulgação do vínculo com uma equipe de F2 deve ser feita apenas após o término das duas categorias, no dia 26 de novembro.

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Durante o bate-papo, Bortoleto também relembrou o curioso momento de confirmação do troféu da F3, quando estava sentado no pit lane. Gabriel chegou à etapa da Itália precisando apenas que os rivais Paul Aron e Josep Maria Martí não marcassem a pole. Oliver Goethe cravou a posição de honra e colidiu logo depois na segunda curva di Lesmo; com o fim precoce da sessão classificatória, o brasileiro carimbou o título.

- Eu já sabia que era muito provável de acontecer na classificação. De 30 carros, dois não poderiam fazer a pole para eu ser campeão, e foi o que realmente aconteceu. Foi bem estranho. As imagens de título que você (geralmente) tem são de corrida, você ganha, comemora... Comigo não foi bem assim. Eu estava no pit lane, conversando com meu engenheiro e meu coach, e do nada recebi a notícia do título - declarou, acrescentando:

- Eu não sei se (a ficha do título) caiu, ou se caiu e essa é a sensação. Estou bem tranquilo, muito feliz, óbvio. Tinha sempre como um objetivo ser campeão da Fórmula 3, mas meu sonho verdadeiro é um dia ser campeão da F1.

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Bicampeão mundial de F1, Fernando Alonso gerencia a carreira de Bortoleto desde setembro de 2022. Antes mesmo da parceria, Gabriel já havia disputado a Fórmula Regional Europeia (FRECA) pela FA Racing, equipe do espanhol, em 2021 - mas o brasileiro ainda não possuía relação pessoal com o piloto da Aston Martin.

A aproximação entre as partes surgiu por contato do empresário Lincoln Oliveira, pai de Bortoleto, com sócios da A14 Management (empresa de Alonso) durante etapa da F1 2022. Nos últimos 12 meses, o vínculo gerou olhares orgulhosos do bicampeão nas vitórias de Gabriel na F3, assim como conselhos seguidos à risca pelo jovem paulista.

- Os conselhos que ele me deu no início do ano valeram para a temporada toda, eu acho. Melbourne, Bahrein, antes de Mônaco e Ímola, (etapa) que acabou não acontecendo. Eram sempre conselhos de usar a inteligência, a cabeça. Fazer o que o carro deixa, não tentar fazer mais e bater. É o que ele sempre tentou deixar claro para mim. Acredito que deu certo, e levei essa experiência que ele pôde me passar no começo para o resto da temporada - analisou Gabriel.

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2024 não será apenas o ano de estreia de Bortoleto na F2, mas também o ano de instauração de um novo carro na série de acesso. A ideia da categoria é se aproximar ainda mais do design dos carros de Fórmula 1, com direito a novas asas dianteira e traseira, assoalho redesenhado e a contínua transição para combustíveis 100% sustentáveis (a serem adotados em 2027).

Gabriel fez contato direto com os responsáveis pelo chassi Dallara e não escondeu as expectativas pela próxima geração do carro. O novo monoposto deve manter a atual faixa de peso, mas terá 10% a mais de downforce e promete perseguições mais próximas. Sendo assim, mesmo com graus maiores ou menores de experiência, todos os pilotos na F2 2024 terão um ponto de partida comum.

- Acho que o carro novo é bom porque é (um marco) zero para todo mundo, mas ao mesmo tempo o cara que é bom tem que se destacar entre todos. Conseguir um bom resultado, uma boa adaptação acima de tudo. Acredito que um bom piloto... Pode ser que ele pegue um carro que já tenha dez anos. Se você chega numa F1, não vão te dar cinco anos para você aprender, tem que ir logo de cara e andar bem. Acho que é uma coisa positiva e onde posso me dar bem no ano que vem - completou Bortoleto.

Gabriel Bortoleto terminou a F3 2023 com 164 pontos, 45 a mais que o vice-campeão Zak O'Sullivan. O brasileiro venceu as duas primeiras corridas principais do ano, no Bahrein e na Austrália, e construiu vantagem ao longo do ano com pódios e consistentes aparições no top 5.

ge: A ficha do título já caiu?

Gabriel Bortoleto: "Eu não sei se caiu, ou se caiu e essa é a sensação. Estou bem tranquilo, muito feliz, óbvio. Tinha sempre como um objetivo ser campeão da Fórmula 3, mas meu sonho verdadeiro é um dia conquistar a F1, ser um piloto bem-sucedido lá. A gente sabe que depende de muitos fatores para você ser campeão na F1, mas pelo menos ter um assento lá, ser um piloto bem-sucedido, sólido, que consiga bons resultados. E um dia lutar pelo título, em uma oportunidade.

A F3 sempre foi um sonho, mas mais um objetivo para eu conseguir chegar no sonho da F1. Estou muito, muito feliz, mas já estou focado na temporada seguinte, pensando no que posso fazer para repetir o que fiz no ano que vem."

ge: Como é sua relação com Felipe Drugovich, reserva da Aston e campeão da F2 2022?

GB: "O Drugo é um dos meus melhores amigos, é um cara que me ensina muito e me ajudou muito nessa temporada. A gente sempre acaba conversando antes das minhas corridas, eu antes das dele sempre estava em contato com ele. Lógico que bem menos do que ele está (em contato) comigo, porque ele pode me passar mais experiência do que eu pude passar para ele. Mas mesmo assim, espero poder ter ajudado em alguma parte.

O Felipe é um cara por quem tenho muita consideração, e que me ajudou muito no título. Sou muito grato por ele poder me ajudar. E não é todo mundo que tem essa disponibilidade. Às vezes o cara é campeão e fica 'ah, tá bom, que se ferrem os outros', mas não. Ele fez questão de sempre estar ao meu lado."

ge: A consistência no top 5 ao longo da temporada foi o principal ponto forte da campanha?

GB: "Com certeza foi o ponto mais forte, mas a gente não pode deixar de lado que a consistência veio com bons resultados. Não adianta ser consistente sendo décimo, porque você não vai acabar nem no top 10 do campeonato. Essa é a verdade. Sempre fui consistente, mas dentro do top 5, e isso faz a diferença. Estar no top 5 em praticamente todas as etapas, tanto na corrida 1 quanto na corrida 2, é algo que vai te fazer ganhar o campeonato ou lutar por ele no fim do ano.

Acho que consegui realizar isso e fazer meu campeonato ser mais fácil por isso. No final, não tinha aquela pressão de todo mundo perto, eu tinha uma vantagem boa."

ge: E qual foi o ponto mais fraco?

GB: "Sempre tem alguns pontos de pilotagem que você pode melhorar, você nunca está na sua perfeição, no seu limite. Eu diria que o fim de semana de Spa (Bélgica) foi um ponto fraco, a gente tinha chance de título. Minha classificação foi boa até a última volta. Quando eu realmente precisava entregar, acabei errando e não consegui.

Não é que eu tenha errado em uma condição fácil. Pista estava úmida, pneus slick, estava uma loucura. Muitos carros parando no último setor. Mas é um ponto que eu deveria ter encaixado para fazer uma classificação boa."

ge: Esperava ser campeão na temporada de estreia na F3?

GB: "Antes de eu fazer o teste de Jerez (Espanha), em que fui muito rápido, não. Não esperava. Havia muitos pilotos bons no grid, com dois, três anos de experiência. Era difícil pensar em título logo de cara. Mas depois dos treinos, em que fomos muito rápidos e mostramos uma performance muito boa... Sempre achei que era possível. Do momento que ganhei a primeira etapa no Bahrein, fui pra Melbourne (Austrália) e ganhei... Falei 'essa chance é única na minha vida, é bom aproveitá-la da melhor maneira possível'."