- Eu lembro que na primeira vez que eu peguei a moto eu bati de cara na parede. Eu cheguei a comentar com meu pai que isso não seria pra mim. Mas depois eu segui e descobri que era realmente divertido e que eu não gostava, eu amava a moto - contou Alice.

Alice é filha única de Fabrício, um apaixonado por velocidade e que nos encontros de moto sempre viu nela sua principal companheira. Sempre na garupa do pai, Alice assistiu desde muito pequena aos eventos de motovelocidade. Quando teve contato com o SuperBike, principal evento do esporte no Brasil e que têm suas principais etapas no autódromo de Interlagos, transformou a posição de coadjuvante

- Eu e ela viajamos para acompanhar o primeiro evento aqui em Interlagos e decidimos que um dia queríamos estar aqui não como espectadores. Então a gente conheceu a categoria para crianças, a Junior Cup, e tudo mudou na vida da Alice - disse.

Nesses três anos de motovelocidade, Alice e o pai vêm enfrentando as adversidades necessárias para tornar esse sonho realidade. Quando não está cuidando da rotina de atleta da menina, Fabrício é motorista de aplicativos. As viagens são feitas muitas vezes na base do sacrifício, com horas de viagens de carro para competir e acampamento nos boxes dos principais autódromos do Brasil.

- A gente quando decidiu sair do Pará para morar no Paraná, próximo de Curitiba, onde tinha uma das melhores estruturas de autódromos, sabia que ia enfrentar dificuldades. E tem sido assim. Mas vale a pena. Eu acredito que essa história não é sobre resultado, é sobre nossa jornada enquanto pai e filha. Toda vez que a gente precisa ficar no autódromo porque não tem dinheiro pro hotel, eu lembro ela. Sabe esse vestiário que a gente está tomando banho aqui em Interlagos? O Lewis Hamilton também esteve aqui. Tudo é sobre perspectiva. Eu acho que vale a pena sacrificar minha vida pelo futuro da minha filha - encerrou Fabrício.