O icônico capacete amarelo com listras em verde e azul pode ser reconhecido até pelos menos entusiastas da F1. Ayrton Senna deixou sua marca no Brasil e na história do automobilismo com o principal design de capacete que adotou em sua carreira de uma década na categoria, mas também já fez uso de outros cascos. Saiba mais!
Quem foi Ayrton Senna, último brasileiro tricampeão de F1
Como ele surgiu?
O modelo como ficou conhecido mundialmente veio das mãos do designer Sid Mosca para os competidores do Brasil no kart. O biógrafo Ernesto Rodrigues conta que o design com as listras chegou a ser utilizado por um rival de Senna na categoria, Mario Sergio de Carvalho, já que o Mundial de kart passou a determinar em 1978 que os cascos deveriam ter as cores das bandeiras dos países.
Para disputar o Mundial de kart de 1978, Ayrton optou por uma versão branca, com faixas em verde e amarelo. No ano seguinte veio o desenho mais famoso da história da F1, do qual o piloto pediria ao autor, Mosca, a exclusividade sob seu uso.
- Eu queria fazer com que saísse algo agressivo de dentro dos olhos. As duas faixas que fiz, na posição que o Ayrton ficava ao pilotar, dão esse efeito - revelou Sid Mosca.
- Na época cada país tinha que ter uma pintura e nós tivemos poucos dias para pintar o capacete da equipe brasileira. Foi uma criação repentina, mas que depois se tornou histórica com tantas vitórias e conquistas do Senna. Meu pai (Sid Mosca) teve essa ideia fantástica de fazer as faixas verde e azul saindo do olhar do piloto e vários pilotos até hoje nos procuram querendo fazer layouts inspirados nesse capacete do Ayrton - detalhou Alan Mosca, filho de Sid.
Antes de migrar para os carros de fórmula, Senna também usou um capacete branco com uma faixa azul, e outro amarelo com três listras brancas. Veja os modelos da carreira do tricampeão abaixo.
Os capacetes da carreira
No kart
Na base da F1
Fórmula Ford 1600 (1981)
Fórmula Ford 2000 (1982)
Fórmula 3 (1983)
Na Fórmula 1
1984 - O primeiro capacete de Senna na Toleman
Com poucos patrocínios, o primeiro casco do tricampeão na F1 já carregava o design que o eternizaria na categoria.
1985 - Capacete fluorescente em estreia na Lotus
A mudança para uma equipe com mais potencial motivou Alan e Sid Mosca a ousarem com a cor do casco de Senna, considerando ainda a estética em combinação com o preto do clássico carro. Foi com este que o piloto conquistou sua primeira vitória na F1, no GP de Portugal do ano em questão.
1986 - Segundo ano na Lotus
No ano seguinte, Senna voltou a usar um capacete mais puxado para o amarelo na F1. Foi nesta temporada que ele eternizou outro símbolo: a celebração de vitórias com a bandeira do Brasil.
1987 - Mudanças de patrocínio na Lotus
Ano novo, carro novo, patrocínios novos. A marca de cigarros que trouxe o amarelo ao novo monoposto da Lotus também passou a ter o nome carregado no capacete de Senna do ano em questão.
1988 - Estreia pela McLaren
No primeiro ano com a equipe que o sagraria tricampeão da F1, o capacete de Senna ganhou as marcas de patrocinadores ligados ao time de Woking, mas o design se manteve. Ele faturou seu primeiro título naquele ano.
1989 - Segundo ano de rivalidade intensa com Prost
Enquanto disputava o título com o grande algoz Alain Prost, Senna também descartou mudanças radicais em seu capacete. O campeonato foi vencido pelo francês, enquanto o brasileiro foi vice-campeão.
1990 - O ano do bicampeonato
Novamente sem mudanças - apenas no status do piloto brasileiro, que passou de campeão a bicampeão mundial de F1 após dar "o troco" no rival Prost pela batida da temporada anterior.
1991 - O ano do tri
Novamente, pouco mudou no capacete de Senna - exceto por um patrocínio na lateral do casco. Neste ano, Ayrton foi tricampeão mundial e ainda venceu pela primeira vez em casa, no Brasil.
1992 - ano de rivalidade com Mansell
A McLaren mudou e deixou de dominar a F1, papel assumido pela Williams de Nigel Mansell. O capacete de Senna daquele ano quase se manteve o mesmo - exceto pela adição de uma bandeira do Japão no GP do Japão da temporada em questão. A pintura foi uma homenagem da McLaren para a montadora Honda, que se despedia do time após uma bem-sucedida parceria para dar lugar à Ford.
1993 - primeiro ano com a Ford
A McLaren deu as boas vindas para a Ford, fornecedora americana de motores. Já no capacete de Senna, a mudança que mais chama atenção é a de um patrocínio na viseira do casco.
1994 - o último ano de Senna na F1
No ano em que decidiu deixar a McLaren e assinar com a Williams, Senna também manteve seu design original de capacete. O casco, porém, ganhou novas marcas de patrocínio, incluindo na viseira o nome da Renault - fornecedora de motores da equipe britânica.
No GP de San Marino daquele ano, Senna perderia a vida em um acidente fatal na curva Tamburello. O piloto tinha 34 anos de idade.
O corpo do tricampeão foi trazido ao Brasil e velado entre os dias 4 e 5 de maio. Sobre seu caixão, foi depositado o capacete usado por Ayrton na temporada 1992 da F1, quando ele corria pela McLaren.
O casco de Senna, sobretudo no contexto de sua despedida, não deixou marcas apenas no esporte. Em 2013, o roteirista do longa-metragem "Homem de Ferro 3", Drew Pearce, revelou ter se inspirado em um momento do funeral do piloto no qual Viviane Senna, irmã de Ayrton, encosta a testa ao capacete do tricampeão que estava sobre seu caixão.
No filme que faz parte do Universo Cinematográfico da Marvel, a personagem Pepper Potts, parceira de Tony Stark (Homem de Ferro), segura o capacete da armadura do herói de forma semelhante após uma explosão que destrói a mansão do bilionário dos quadrinhos.
Veja também