Há quem ame, há quem odeie. As corridas sprint, instauradas na F1 há dois anos, terão neste sábado o capítulo final na temporada 2023, o primeiro ano com seis provas curtas no calendário. O Autódromo José Carlos Pace (Interlagos), única pista a receber a sprint em todos os anos desde a adoção do modelo, será o palco da sexta corrida de 100 km em 2023, como parte do cronograma do GP de São Paulo neste fim de semana. A prova, que deixou de definir o grid e agora soma apenas pontos extras no Mundial, segue dividindo a opinião de pilotos.
Tricampeão do mundo, Max Verstappen já condenou as corridas sprint em diversas ocasiões na carreira: o holandês disse que as equipes não se arriscam e que nem tudo na categoria precisa "girar em torno do dinheiro", entre outras críticas. Nesta quinta-feira, em coletiva prévia às atividades de pista em Interlagos, o piloto da RBR reagiu de forma irônica quando perguntado sobre o assunto:
- Absolutamente fantástico. Super divertido. Fico muito animado por termos mais uma - disse Verstappen.
Muitos dos elogios giram em torno do fato de que, em fins de semana com corridas sprint, o cronograma da F1 muda. Em vez de três treinos livres, a categoria faz uma única sessão de testes na sexta-feira, antes da classificação de três segmentos para o GP de domingo. No sábado, há a classificação para a corrida sprint e, na sequência, a prova de 100 km.
- O sábado não é o melhor dos dias, mas gosto do treino único antes da classificação. Acho que podemos aprender. Amo que temos um formato diferente em vez dos mesmos três treinos, a classificação e a corrida. A melhor sprint que já tive foi quando larguei em último (São Paulo 2021), então sou a favor da ordem reversa. Mas aí todos vão tentar se classificar em último (risos). Acho que talvez tenha que ser um pouco maior, porque a sprint hoje tem 19 voltas ou algo assim - sugeriu Lewis Hamilton.
As corridas sprint surgiram na F1 há dois anos após um acordo entre a categoria e as dez equipes do grid. O intuito original, além de trazer mais dinamismo ao espetáculo, era definir o grid do GP: quem vencesse no sábado sairia da pole position no domingo.
Em 2023, a prova passou a contar apenas pontos extras para o Mundial. O vencedor leva oito pontos, o segundo colocado soma sete e assim sucessivamente, até o oitavo colocado. Vale ressaltar, ainda, que os triunfos e as pole positions não são contabilizados nas estatísticas oficiais da F1.
A atual temporada marcou também a primeira vez em que a F1 optou por seis corridas sprint, número que será novamente visto a partir de 2024; antes, eram apenas três. Como disse Carlos Sainz (veja no fim da matéria), da Ferrari, o formato ainda parece experimental: no GP dos Estados Unidos, por exemplo, a corrida extra não aumentou a busca do público por ingressos.
- Não acho que a gente deva fazer mais de seis fins de semana sprint no ano, acho que (fazer) seis está bom. Mas ter só um treino e depois ir direto à classificação é algo que eu gosto - opinou Charles Leclerc.
A última corrida sprint no Brasil foi marcada por um fato inusitado. Na classificação para a prova curta, Kevin Magnussen (Haas) se beneficiou com bandeira vermelha causada por George Russell e, aos gritos de "Kevin" nas arquibancadas, marcou a pole position. Russell levou a melhor na corrida sprint.
Veja a análise prévia do GP de São Paulo de Fórmula 1
O que os pilotos disseram sobre a sprint:
Daniel Ricciardo (AlphaTauri), ao ge: "Em Austin, que foi a minha primeira corrida em um certo tempo, eu teria preferido um formato convencional, só para ter mais tempo de acertar o carro. É um carro no qual só fiz quatro corridas, então ainda não sei tudo sobre ele. (...) Acho que, no geral, um fim de semana convencional é mais... Eu prefiro, mas eu gosto de correr. Então nos fins de semana com sprint, ver as luzes se apagarem duas vezes, é divertido. Provavelmente sou convencional, mas diria que duas sessões de treinos são suficientes. Não acho que precisamos da terceira, então talvez um treino na sexta-feira, um na manhã de sábado. Algo assim. Não sei. O que você acha?"
Valtteri Bottas (Alfa Romeo): "Eu gosto da sprint sempre. Nunca fui um grande fã de três sessões de treino. Prefiro que tenhamos uma e depois partamos direto para a ação, então esse é o lado legal de um fim de semana sprint. Obviamente, há coisas que podemos mudar. Para nós enquanto equip, no momento, infelizmente só os oito primeiros pontuam na sprint, então na maioria das vezes é uma chance distante. Além disso, sou mais que feliz em fazer uma sprint."
Carlos Sainz (Ferrari): "Concordo que seis (sprints) são suficientes, e que o sábado é revelador demais sobre o que vai acontecer no domingo. O que você vê na TV é basicamente o primeiro stint da corrida de domingo, e isso não ajuda o espetáculo que é o GP. Então você chega ao ponto em que é melhor tentar algo diferente no sábado. Isso seria um grid reverso? Classificação em volta única? Qualquer coisa, não sei. Mas acho que, dado o fato de que o formato sprint é um pouco de um experimento rolando na F1, eu estaria aberto a testar para ver qual é o melhor. Só o sábado não parece completamente certo para o que acontece no domingo."
Logan Sargeant (Williams): "Não é o meu preferido. Enquanto calouro, é legal ter três sessões de treino. Mas acima disso, sinto que o sábado é um dia independente que não oferece muito, como Valtteri disse, se você não está entre os oito primeiros. Então prefiro um fim de semana normal."
Charles Leclerc (Ferrari): "Eu gosto bastante. Gosto do fato de ter só um treino livre. Não acho que a gente deva fazer mais de seis fins de semana sprint no ano, acho que (fazer) seis está bom. Mas ter só um treino e depois ir direto à classificação é algo que eu gosto. Acho que o sábado poderia ser modificado e melhorado, mas realmente gosto da sexta-feira. Ter três treinos livres é bem longo e às vezes pode ficar um pouco tedioso. Sempre fazemos o mesmo programa."
Lance Stroll (Aston Martin): "Não me incomodo com elas. Acho que é animador que, toda vez que você entre no carro, exista algo pelo qual lutar. E também é mais ação para os que estão assistindo em casa. Depois da sprint em Austin (EUA), indo para o México e tendo o fim de semana normal, senti que houve muitos treinos. A sexta-feira foi um dia longo. (...) Acho que (a sprint) apimenta as coisas e torna tudo interessante para quem assiste."
Lando Norris (McLaren): "Estou no meio. Sempre gostei do fim de semana normal, para ser honesto. Então, se eu pudesse escolher, eu voltaria a ter isso. Mas é para os fãs, fazer um show maior e coisas assim. Gosto do desafio de só um treino e a classificação, acho que é melhor. Para mim, é mais agradável, um desafio maior para os engenheiros e nós, pilotos. Se tivéssemos só o TL1 e a classificação e então a corrida, no sábado e no domingo, seria legal. Dois dias. Acho que é a única coisa (que mudaria), mas não é escolha minha."
A F1 2023 segue para o GP de São Paulo neste fim de semana, entre os dias 3 e 5 de novembro. A etapa terá a última de seis corridas sprint no ano. O ge.globo já está no Autódromo de Interlagos para acompanhar todas as emoções da prova.
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