8 de outubro de 1978. A história do Canadá na Fórmula 1 mudaria a partir deste dia. Seria disputada a primeira corrida da categoria em Montreal, no então chamado Île Notre-Dame Circuit, pista construída no Parc Jean-Drapeau, na ilha artificial das provas de remo das Olimpíadas de 1976. O Grande Prêmio marcaria a maior festa do ídolo Gilles Villeneuve, que conseguiu sua primeira vitória na F1 naquele dia, em casa, diante das arquibancadas lotadas no circuito.
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Gilles Villeneuve conquistou sua primeira vitória na Fórmula 1 em casa, no GP do Canadá de 1978 — Foto: Klemantaski Collection/Getty Images
Antes da estreia de Montreal, o Canadá já havia recebido 10 provas da Fórmula 1, oito delas em Mosport Park, perto de Toronto, e duas em Mont-Tremblant, também na província de Quebec. A corrida foi para a Ilha de Notre-Dame, em uma pista completamente nova, construída especialmente para receber o GP, por questões de segurança nos anos anteriores. O traçado sofreu algumas alterações até a atualidade, mas conservou suas principais características: longas retas e freadas fortes.
Última prova da temporada 1978, o GP do Canadá não influenciaria no campeonato: a Lotus, com o lendário modelo 79, já era a campeã de construtores e o ítalo americano Mario Andretti conquistou o título de pilotos. Mas a equipe inglesa chefiada por Colin Chapman ainda amargava a tristeza da morte do sueco Ronnie Peterson em um acidente na largada do GP da Itália, em Monza. Com isso, o francês Jean-Pierre Jarier foi inscrito no segundo carro da Lotus com o número #55.
Gilles Villeneuve acelera sua Ferrari no GP do Canadá de 1978, o primeiro em Montreal — Foto: Reprodução
A grande estrela do fim de semana, no entanto, era Gilles Villeneuve, à bordo da Ferrari #12. Ele marcou o terceiro tempo no grid, atrás de Jarier, pole position, e do sul-africano Jody Scheckter, da Wolf. Mas o canadense ficou insatisfeito com o resultado. Dois brasileiros participavam da prova: o bicampeão Emerson Fittipaldi largou em sexto com a Copersucar-Fittipaldi; e Nelson Piquet, no terceiro carro da Brabham, foi o 14º, a apenas seis décimos da lenda Niki Lauda, seu companheiro de equipe.
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NA PONTA DOS DEDOS: Rafael Lopes, Luciano Burti fazem a prévia do GP do Canadá
A corrida foi disputada com frio abaixo dos 10°C. Jarier largou bem e assumiu a ponta, seguido pelo australiano Alan Jones, da Williams, Scheckter e Villeneuve. Fittipaldi foi atingido por Hans-Joachim Stuck, da Shadow, logo na primeira chicane e abandonou a corrida. Na frente, o francês da Lotus abria vantagem, enquanto Jones perdia rendimento e era superado por vários rivais. Villeneuve passou a atacar o futuro companheiro Scheckter e assumiu a segunda posição na 25ª volta, em ultrapassagem no hairpin L'Epingle, para delírio das arquibancadas.
Gilles Villeneuve acelera sua Ferrari no GP do Canadá de 1978, o primeiro em Montreal — Foto: Reprodução
Para lutar pela vitória, no entanto, a tarefa parecia impossível. A esta altura, Jarier já tinha 25 segundos de vantagem sobre Villeneuve. Só que, a 30 voltas do fim, o francês teve um vazamento de óleo no motor Ford e teve de abandonar. O canadense, então, assumiu a ponta com mais de 30 segundos de vantagem sobre Scheckter. A partir daí foi só administrar e receber a bandeirada na frente, para conquistar sua primeira vitória na Fórmula 1. O sul-africano da Shadow terminou em segundo, seguido pelo argentino Carlos Reutemann, companheiro de Villeneuve na Ferrari.
A cerimônia do pódio foi incomum, com os pilotos usando fortes casacos por causa do frio de Montreal. Mas nada disso atrapalhou a festa de Gilles Villeneuve e da torcida canadense que, enfim, festejava a vitória de um piloto do país em seu próprio GP. Gilles, aliás, nasceu na pequena cidade de St-Jean-sur-Richelieu, na província de Quebec, a apenas 45 quilômetros da Ilha de Notre-Dame, onde foi construído o circuito de Montreal.
A Ilha de Notre-Dame em 1978, no primeiro ano do GP do Canadá em Montreal — Foto: Reprodução
Quatro anos depois, em 1982, após a trágica morte do piloto canadense em um acidente em Zolder, na Bélgica, o Île Notre-Dame Circuit foi rebatizado de Circuit Gilles Villeneuve. O nome dele foi pintado logo antes da linha de chegada da pista, com a mensagem "Salut Gilles". Uma singela homenagem dos canadenses ao seu maior ídolo no automobilismo.
A homenagem a Gilles Villeneuve na linha de chegada do circuito que leva o nome do canadense em Montreal — Foto: Dan Mullan/Getty Images
Perfil Rafael Lopes — Foto: Editoria de Arte/GloboEsporte.com
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