TIMES

Por Rafael Lopes

Comentarista de automobilismo do Grupo Globo

Voando Baixo — Rio de Janeiro

Fórmula E

Muito se falou sobre o futuro da Fórmula E no fim da sétima temporada, em 2021. Afinal, a pioneira categoria de carros elétricos sofreu duas importantes baixas anunciadas no ano passado: as saídas de Audi (2021) e de Mercedes (2022). O campeonato parecia já não ser tão atrativo para as grandes montadoras. Ledo engano. Antes mesmo da revelação do carro da geração 3 (Gen 3), mais moderno, potente e eficiente, sete montadoras já haviam anunciado que seguiriam nela: as já presentes DS Automobiles, Jaguar, Mahindra, Nio 333, Nissan e Porsche, além da chegada da tradicional italiana Maserati, que faz parte do grupo Stellantis, o maior da indústria automotiva internacional. Nesta semana, o anúncio da entrada da McLaren fechou o ciclo virtuoso da nova geração da Fórmula E.

Largada da Fórmula E com as arquibancadas lotadas no Aeroporto Tempelhof, em Berlim — Foto: Sam Bloxham

Apesar de muitos fãs de automobilismo (ou melhor, dos motores a combustão) serem críticos da Fórmula E, é um caminho sem volta. Vários mercados importantes já anunciaram a proibição de venda de motores movidos a combustíveis fósseis em um futuro próximo - na União Europeia, por exemplo, a data-chave é 2035. Por isso, a categoria de carros elétricos se torna ainda mais relevante para a indústria. Com baterias mais eficientes e a previsão de um pit stop com recarga rápida em 2023, ela será muito importante para o desenvolvimento das tecnologias que serão as protagonistas da mobilidade ao redor do mundo. O carro elétrico como o conhecemos hoje ainda não é o futuro. Mas é o meio para que o mundo saiba qual será o futuro dos automóveis.

O novo carro da Fórmula E, o Gen3, que estreia na próxima temporada da categoria, em 2023 — Foto: David M. Benett/Getty Images for Formula E

Equipes para a nona temporada da Fórmula E

Equipe Trem de força Status Piloto 1 Piloto 2
Andretti Porsche Confirmada A confirmar A confirmar
ABT Mahindra (?) Trem de força a confirmar Robin Frijns (HOL) (?) A confirmar
DS Penske (ex-Dragon) DS Confirmada Jean-Eric Vergne (FRA) Stoffel Vandoorne (BEL)
Envision Jaguar Confirmada A confirmar Nick Cassidy (NZL)
Jaguar Jaguar Confirmada Mitch Evans (NZL) Sam Bird (ING)
Mahindra Mahindra Confirmada A confirmar A confirmar
Nio 333 Nio 333 Confirmada A confirmar A confirmar
Nissan (ex-eDams) Nissan Confirmada A confirmar A confirmar
Maserati (ex-Venturi) Maserati Confirmada Edoardo Mortara (SUI) A confirmar
Porsche Porsche Confirmada Pascal Wehrlein (ALE) António Félix da Costa (POR) (?)
McLaren Nissan (?) Trem de força a confirmar A confirmar A confirmar
Techeetah (?) (?) Equipe a confirmar A confirmar A confirmar

Voltando ao esporte em si, é impressionante o quanto a Fórmula E evoluiu em apenas oito anos. A potência dos carros subiu de 150 kW para 250kW neste período, com melhora da eficiência energética, a adoção de baterias com maior autonomia, acabando com a troca de carros, e, claro, da velocidade final, que foi de 225 km/h para 280km/h, um aumento de 55km/h. Para o Gen 3, este salto é ainda maior, com os carros podendo atingir até 320 km/h, com potência de até 600kW. Ou seja: há uma clara evolução tecnológica na Fórmula E, o que torna a categoria muito atrativa para as montadoras internacionais trabalharem os carros elétricos.

Davide Grasso, CEO da Maserati, ao lado de Alejandro Agag, fundador e presidente da Fórmula E — Foto: Maserati

Tudo isso sem esquecer do componente do entretenimento. As corridas da Fórmula E são sempre muito movimentadas, recheadas de ultrapassagens e disputas da largada à última volta. "Ah, mas temos regras bastante controversas". É verdade. Mas, sinceramente, qual categoria gerida pela Federação Internacional de Automobilismo (FIA) não sofre com isso na atualidade? A F1, por exemplo, acabou de sair de uma enorme polêmica causada pela não-aplicação das regras esportivas que influenciou diretamente na decisão do campeonato de 2021.

Roger Griffiths, chefe de equipe Andretti na Formula E, e Thomas Laudenbach, vice-presidente da Porsche Motorsport — Foto: Andi Mayr/Porsche

Só que o ponto deste texto não é fazer comparações entre categorias. A Fórmula E, hoje, já mostrou que tem espaço no automobilismo internacional, com grandes marcas já envolvidas e outras comprometidas com o futuro da categoria, um grid de ótimo nível e corridas sempre muito movimentadas. Queiram ou não, gostem ou não, os carros elétricos chegaram para ficar na mobilidade urbana do futuro. E já conquistaram o espaço deles também no automobilismo. E a evolução tão acelerada da tecnologia usada na Fórmula E em oito temporadas mostra que a categoria é um sucesso. E tende a continuar sendo.

O pódio da Fórmula E no primeiro dia do ePrix de Berlim, neste sábado — Foto: Sam Bloxham

Perfil Rafael Lopes — Foto: Editoria de Arte/GloboEsporte.com

Veja também

Mais do ge