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Por Bruno Ribeiro — Juiz de Fora, MG


O projeto de parceria entre Tupi e Construtora Rezende-Roriz para viabilizar um novo centro de treinamento e um estádio para o Galo Carijó está em compasso de espera.

Após fazer acordos com credores para quitar as dívidas trabalhistas em nome do clube, a construtora suspendeu o pagamento dos compromissos. O ge apurou que desde dezembro as parcelas referentes aos débitos com ex-profissionais do clube não são pagas.

Dessa forma, os processos voltam a estar em execução. Assim, os valores antigos são restabelecidos, adicionando multas por prazo, o que tem por consequência o aumento da dívida. Além disso, advogados dos credores voltaram a requerer a penhora de bens do clube como garantia aos clientes.

Parte do patrimônio do clube, Santa Terezinha não pode ser negociado, por se tratar de garantia a credores — Foto: Bruno Ribeiro

Dentre eles, o terreno de Santa Terezinha, que é parte do acordo entre Galo e Rezende-Roriz. Dessa forma, o Tupi fica impedido de negociar o patrimônio com terceiros, o que pode travar o negócio.

O diretor da Rezende-Roriz, Marcus Vinícius Rezende, confirmou a informação de que os acordos pararam de ser pagos. Ele explica que alguns problemas na documentação atrapalharam o andamento dos projetos, e que a empresa tomou a decisão de interromper os pagamentos para realinhar o processo.

— Um atraso na aprovação dos projetos, tanto da construção do centro de treinamento, quanto do terreno em Santa Terezinha, fez com que nós suspendêssemos esses pagamentos. Nós teremos uma reunião nessa semana para realinhar todo o processo com o jurídico e retomar os pagamentos nos próximos meses — explicou.

Rezende informou ainda que a parceria está bem, estável e que o estudo ambiental no Bairro Barreira do Triunfo, Zona Norte da cidade, está em curso.

O ge também procurou o Tupi, réu nos processos, para se manifestar. Até a publicação da reportagem, o clube não enviou resposta. A reportagem também entrou em contato com o presidente do Carijó, José Luiz Mauler Júnior, que não atendeu, nem retornou as ligações.

Entenda o caso

Em agosto de 2020, Tupi e Construtora Rezende-Roriz formalizaram um acordo de permuta entre as partes. À empresa caberia construir um novo centro de treinamento e um novo estádio no período dos próximos cinco anos. Em troca, o Alvinegro repassaria o terreno de Santa Terezinha, alvo de interesse da construtora para empreendimentos comerciais.

Para que a transação fosse possível, no entanto, o pagamento da dívida trabalhista era condição obrigatória. Endividado, o clube não poderia se desfazer de parte do patrimônio, que serve como garantia para quitação dos débitos com os credores.

Projeto prevê CT e estádio com capacidade entre 5 mil e 7 mil pessoas — Foto: Rezende-Roriz

Com o suporte da assessoria jurídica da empresa, o Tupi procurou os credores para buscar acordos. A promessa era pagar ou, pelo menos, equacionar os débitos, de forma que o clube tivesse os bens liberados e assim pudesse dar andamento ao projeto. O dinheiro para os pagamentos saiu dos cofres da construtora, em nome do clube.

De acordo com informações repassadas pela própria empresa, em outubro de 2020, foram pagos R$ 970 mil em dívidas, com o restante a ser parcelado e quitado nos meses seguintes. Os pagamentos se seguiram até dezembro e depois não foram mais realizados.

No projeto original, a ideia era fazer as obras em duas fases. A primeira seria a entrega do CT, que deve acontecer entre um ano e meio e dois anos e meio. A segunda corresponde às obras do estádio, que devem durar até cinco anos.

Para todos os efeitos, enquanto isso o Tupi segue utilizando as instalações de Santa Terezinha para os treinos da base e, no segundo semestre, do profissional. O Carijó vai disputar o Módulo 2 do Campeonato Mineiro.

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