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Por Bruno Ribeiro — Juiz de Fora, MG


— Foto: Reprodução/TV Integração

Um clube tradicional do interior de Minas Gerais escreveu uma das páginas mais tristes de sua história no último final de semana. O Tupi, time de Juiz de Fora campeão da Série D do Brasileiro em 2011, foi rebaixado do Módulo 2 para a Segunda Divisão do Campeonato Mineiro, que equivale à terceira divisão estadual. Este é o quarto rebaixamento do clube em um período de oito anos.

O Galo Carijó perdeu por 2 a 0 para o Betim e foi prejudicado pelas vitórias de Valeriodoce e Nacional de Muriaé, que ultrapassaram o Alvinegro na tabela. O time ficou na lanterna do Grupo A com 10 pontos e caiu de divisão.

Carijó foi rebaixado para a terceira divisão do Mineiro — Foto: Guilherme Pannain/p2 fotos

Além disso, o Galo Carijó vai para o sexto ano seguido sem ter calendário nacional, já que não tem conseguido boas campanhas em âmbito local.

Derrocada carijó

Tupi foi campeão da Série D do Brasileiro em 2011 — Foto: Antônio Carneiro

O Tupi fez boas campanhas e conquistou títulos importantes nas duas primeiras décadas dos anos 2000. Campeão da Série D do Brasileiro em 2011, ao calar o Arruda com uma vitória sobre o Santa Cruz, o Galo Carijó conquistou acessos à Série C, em 2011 e 2013, e à Série B em 2015.

Além disso, a equipe foi campeã da Taça Minas em 2008 e do Mineiro do Interior em 2003, 2008, 2012 e 2018. Conhecido como Fantasma do Mineirão por ter vencido América-MG, Atlético-MG e Cruzeiro no Gigante da Pampulha em 1966, o Tupi também conquistou o título do interior em 1985 e 1987.

Ex-jogadores do Tupi-MG falam dos 50 anos do "Fantasma do Mineirão"

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Na história, o clube contou com jogadores renomados, como o tetracampeão Muller e os atacantes Flávio Caça-Rato e Daniel Morais. O goleiro Tadeu, do Goiás, o meia Vina, ex-Fluminense, Ceará e Athletico-PR, e o lateral-direito Maguinho, atualmente no Atlético-GO, também vestiram a camisa alvinegra.

No entanto, os títulos e as boas campanhas esconderam mazelas de um clube com problemas de estrutura e um grande passivo trabalhista e tributário, após sucessivas gestões que gastaram mais do que arrecadaram.

Muller vestiu a camisa do Tupi em 2003 — Foto: Reprodução/TV Integração

A derrocada começou em âmbito nacional. O Carijó disputou a Série B em 2016 e acabou rebaixado com algumas rodadas de antecedência. A equipe foi comandada por Ricardo Drubscky, Estevam Soares e o pentacampeão Ricardinho, ex-meia de Corinthians, Santos e São Paulo.

De volta à Série C, o Tupi fez grande campanha em 2017, mas foi eliminado pelo Fortaleza nas quartas de final e ficou sem o acesso. No ano seguinte, o time caiu de divisão novamente.

Desta forma, a equipe disputou a Série D do Brasileirão em 2019 e foi eliminada logo na primeira fase. Desde então, o Galo Carijó não teve mais calendário nacional

Alvinegro foi rebaixado no Mineiro em 2019, último ano em que disputou a elite — Foto: Raphael Lemos

No âmbito estadual, o Tupi disputou a elite do Mineiro pela última vez em 2019, quando foi rebaixado para o Módulo 2 com a pior campanha na primeira divisão.

Em seguida, foram três temporadas medianas na competição estadual, em que o clube não conseguiu sequer passar para a segunda fase. O Galo flertava mais com o rebaixamento do que propriamente com a parte de cima da tabela.

O Tupi começou 2024 bem, com uma vitória na primeira rodada diante do Betim em Juiz de Fora. No entanto, o time caiu de produção no decorrer do torneio e terminou a primeira fase com 10 pontos em 10 jogos, com duas vitórias, quatro empates e quatro derrotas. A campanha levou o Carijó ao quatro rebaixamento em oito anos.

Quatro técnicos em quatro meses

Guiba foi o último treinador do Tupi no campeonato e comandou as últimas quatro partidas no Carijó, com uma vitória, um empate e duas derrotas. Além dele, outros três treinadores passaram pelo Galo na temporada 2024.

Guiba não conseguiu livrar o time da queda no Módulo 2 — Foto: Tupi/Divulgação

O último havia sido Franco Muller, que teve apenas 27,77% de aproveitamento no comando da equipe e acabou demitido após seis rodadas.

Franco Muller teve aproveitamento baixo no Alvinegro — Foto: AssCom Dourado

Os outros dois sequer comandaram a equipe e saíram ainda na pré-temporada. Cyro Leães foi desligado pelo Galo Carijó no dia 6 de abril. O treinador havia sido contratado no dia 15 de março. Desta forma, o técnico ficou no cargo durante 22 dias corridos.

Cyro Leães sequer estreou pelo Tupi e ficou 22 dias no cargo — Foto: Ricardo Chicarelli/Londrina EC

O profissional substituiu Igor Guerra. O técnico de 36 anos assumiu o time de Juiz de Fora em 12 de fevereiro. No entanto, ele pediu para deixar o Carijó em 9 de março, 27 dias após a confirmação da contratação.

Na época, o clube informou oficialmente que a saída de Igor foi em razão de problemas de saúde na família. No entanto, o próprio treinador desmentiu isso via redes sociais e alegou questões pessoais para ter tomado a decisão.

Igor Guerra ficou 27 dias à frente do Galo, mas pediu para deixar o clube — Foto: Marcelo Costa/Fotógrafo Esportivo

Menos de duas semanas depois de deixar o Tupi, Igor Guerra foi anunciado pelo Aymorés, rival do Galo na competição. O time de Ubá oficializou o treinador no dia 22 de março.

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