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Por Bruno Ribeiro — Juiz de Fora, MG


Esquerdinha tira gol do Tupi em chute de Ademílson — Foto: Reprodução/TV Integração

Defender grandes clubes, marcar gol no Maracanã, jogar fora do país. Ademilson, que atuou por Botafogo e Fluminense, realizou o sonho de ser jogador de futebol e conseguiu muitos dos objetivos que poucos alcançam na carreira. Só que um episódio ficou marcado na vida esportiva dele e também fará com que o artilheiro seja sempre lembrado.

O atacante foi coadjuvante de uma das histórias mais bizarras do futebol brasileiro. Foi ele quem chutou a bola defendida por Romildo Fonseca da Silva, o Esquerdinha, massagista da Aparecidense em 2013. O ex-atacante falou com o ge (veja abaixo).

Ademílson relembra ‘defesa’ de massagista em 2013: "Nem vi quando ele tirou"

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Ídolo e atacante do Tupi na época, ele conversou com o ge sobre o lance que virou meme e que até hoje, 10 anos depois, é comentado e reprisado pelo mundo afora.

Apesar do assunto ser motivo de risadas atualmente, Adê conta sobre os bastidores, desde aquele 7 de setembro no Estádio Municipal Radialista Mário Helênio, em Juiz de Fora, até a eliminação do clube goiano, que manteve o Tupi na disputa da Série D do Brasileirão.

“Nem vi quando ele tirou o gol”

Ademilson tem 48 anos, jogou profissionalmente até os 46 e tinha 38 quando defendia o Tupi, nas oitavas de final da Série D do Brasileirão.

Pode-se dizer que o jogador que defendeu clubes como Botafogo, Fluminense e Paysandu, e atuou no futebol do México e da Bélgica, havia passado por tudo ou quase tudo no mundo da bola.

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Porém, o artilheiro da competição até aquele momento pelo time mineiro não poderia imaginar que um massagista invadiria o campo, tiraria o gol dele e geraria um imbróglio jurídico que marcaria a história do futebol nacional. Ademilson diz que até hoje é difícil de acreditar no que aconteceu.

“Eu nem vi quando ele tirou o gol. Só sei que quando a bola sobrou para mim, vi o goleiro saindo, toquei no canto e já fui para comemorar. Eu vi o pessoal do banco vindo para cima de mim. Eu pensei: ‘Eles vêm me abraçar’. Mas o pessoal passou direto”.

Ademilson passou por Botafogo e Fluminense, no início dos anos 2000 — Foto: Felipe Couri

— Pensei: “Será que eu estava impedido?”. Aí que eu vi o massagista lá dentro. Minha reação foi procurar o árbitro para saber se o gol valeria. Ele disse que não poderia validar o gol porque o massagista era um objeto estranho dentro do campo.

Ademilson diz que não se lembra muito da confusão no gramado, tanto pelo tempo que se passou, quanto pela preocupação com uma eventual eliminação do Tupi, que estaria fora com o 2 a 2, resultado de campo.

Ademilson se lembra mais da expectativa do dia a dia pelo desfecho do caso do que da confusão dentro de campo no jogo entre Tupi e Aparecidense — Foto: Thiago Benevenutte

Adê se recorda mais dos dias seguintes ao jogo, em meio a especulações sobre a questão jurídica e se o Tupi seria eliminado ou avançaria no torneio nacional.

O artilheiro conta que a incerteza sobre o futuro contaminou o ambiente de trabalho, mas destaca que isso tornou o grupo mais unido e fortaleceu os laços entre atletas, comissão técnica e diretoria.

— Bateu um sentimento de tristeza, porque você trabalha todos os dias com objetivo de se classificar, passar de fase e, por causa de uma atitude infantil dele evitar o gol e atrapalhar um espetáculo como aquele, você corre o risco de ser eliminado.

“A gente conversava entre os companheiros: 'Será que a gente vai passar de fase? Será que a gente vai ser eliminado?'. A gente passou a ir treinar um pouco desanimado, com aquela ansiedade para tudo passar logo, para ser resolvido. A gente reuniu o grupo para voltar a treinar forte, porque tudo iria dar certo e porque a gente fez por merecer. A gente conseguiu passar no tapetão, mas conseguimos nosso objetivo por merecimento”.

Ademilson parou de jogar profissionalmente em 2020. O atacante, que é capixaba, voltou para o Espírito Santo, onde comanda um projeto de futebol feminino.

Ele conta que até hoje as pessoas conversam com ele, lembram do caso e que isso virou um motivo de risadas, apesar da gravidade desportiva que a atitude teve. De acordo com Adê, muita gente sequer sabe que ele foi quem chutou a bola que o massagista defendeu.

Ademilson é um dos grandes ídolos da história carijó — Foto: Elton de Castro/GloboEsporte.com

— Hoje esse fato é motivo de risada, algo de comédia que aconteceu na minha vida. Estou treinando um time feminino e uma atleta minha, a Carol, falou sobre o caso, porque viu o vídeo: “Ah, teve um massagista que evitou um gol. O vídeo é antigo. Vocês viram?”. Um amigo meu falou para ela ampliar o vídeo e ver quem havia chutado. Ela olhou para a minha cara e perguntou: “Foi você?”.

— A molecada aqui fica me zoando: “Vou parar ali e fazer igual ao massagista: tirar o seu gol”. Até hoje muitas pessoas lembram desse caso e não acreditam que o massagista tirou o meu gol — concluiu.

O Tupi de Ademilson se classificou após decisão do STJD que eliminou a Aparecidense da Série D do Brasileirão por causa da ação de Esquerdinha. Posteriormente, o Galo Carijó superou o Mixto-MT nas quartas de final e conquistou o acesso na competição.

O Alvinegro foi até as semifinais, quando perdeu para o Juventude e ficou fora do sonho do bicampeonato da Série D, conquistado pelo clube em 2011.

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