A seleção brasileira de handebol masculino tem um grande desafio a partir desta quinta-feira. O Brasil irá disputar, entre os dias 14 e 17 de março, o pré-olímpico da modalidade. Essa é a última chance para a equipe garantir uma vaga nas Olimpíadas de Paris. Capitão da seleção e experiente em Jogos Olímpicos, Thiagus Petrus se mostrou otimista com a classificação do Brasil e disse que a equipe está confiante para a competição. Além disso, em entrevista exclusiva ao ge, ele falou sobre as dificuldades que a seleção encontrou nesse ciclo olímpico, como a derrota na final do Pan de Santiago.
Apesar de ter sido figurinha marcada nas últimas Olimpíadas, o handebol masculino do Brasil enfrentou dificuldades neste ciclo olímpico. No início do ano passado, se despediram do Mundial (uma das oportunidades de conseguir a classificação para Paris) contra a Islândia, mas já estavam matematicamente eliminados antes do jogo. Também em 2023, a seleção esteve muito perto da vaga e do ouro no Pan-Americano de Santiago, mas viu a chance escapar ao ser derrotada pela Argentina por 32 a 25 na final. A revanche contra os hermanos veio na disputa do Sul-Centro Americano, em janeiro deste ano, quando o Brasil venceu por 28 a 26 e garantiu o bicampeonato do torneio continental.
Experiente na seleção brasileira, Petrus afirma que o Brasil tem enfrentado dificuldades desde antes dos Jogos de Tóquio. Problemas como a pandemia e a troca de presidentes na Confederação, por exemplo, influenciaram no rendimento. Porém, segundo ele, a principal questão é a organização tática da equipe.
— São muitas coisas que influenciaram nesses resultados. Teve a questão da preparação, presidência, pandemia, clubes... Estamos passando por uma transformação muito grande na Confederação, desde antes de Tóquio. Mas acho que foi, principalmente, a questão do jogo. No caso do masculino, acho que tivemos a melhor preparação que a gente pôde. A maioria dos jogadores estavam nos ciclos anteriores e todos estavam focados. Foi coisa do esporte, as coisas não saíram do jeito que a gente queria. Temos que melhorar nossa obediência tática. O mais importante é cada um saber o que fazer em cada momento e que a comissão técnica consiga organizar isso — disse o atleta.
Barreto, Fabi e Marcel Merguizo analisam pré-olímpicos de 2024
A vitória no reencontro com a Argentina pelo Sul-Centro Americano parece ter resgatado a confiança da seleção brasileira, principalmente nas vésperas do pré-olímpico, que vai definir as últimas vagas para Paris. Para Petrus, a competição será ainda mais disputada do que o Pan, mas o título recente foi uma boa resposta para o Brasil.
— Acho que a competição vai ser bem difícil, mais do que o Pan. Para mim, o caminho do Pan era mais fácil. Ainda assim, a gente entra motivado por ter uma segunda oportunidade e não ter nada a perder. É a segunda vez nos últimos anos que vamos para o pré-olímpico. Acredito que temos boas condições de conseguir a vaga. Esforço não vai faltar. Sem dúvida esse título foi uma boa resposta para o Pré-Olímpico. Ganhar ajuda na confiança, mostra que não éramos tão ruins como pareceu no Pan. Tenho companheiros de time que jogam na Eslovênia e na Espanha e eles realmente estão com medo do Brasil, porque sabem que temos condições de ganhar deles — avaliou Petrus.
Pré-olímpico e vaga em Paris
O Brasil vai enfrentar uma pedreira nesse pré-olímpico de handebol masculino. Considerada a favorita do grupo, a Espanha foi bronze em Tóquio e ficou com o terceiro lugar no Mundial de 2023. Antes dos espanhóis, a seleção brasileira enfrenta a Eslovênia e Bahrein, que tem cinco de seus jogadores suspensos. As duas melhores seleções do grupo garantem um lugar em Paris 2024. Petrus está otimista com o desempenho do Brasil e elegeu o jogo contra a Eslovênia como decisivo para ficarem mais próximos da classificação.
— São quatro seleções e duas vagas. Se conseguimos ganhar da Eslovênia no primeiro dia já temos uma boa chance. Bahrein tem jogadores suspensos que são importantes para eles. Acredito que vai ser um jogo difícil, mas temos condições de ganhar, principalmente por isso. Imagino que as duas vagas estão entre Brasil, Espanha e Eslovênia. A Espanha é uma seleção bem forte, mas a Eslovênia também. Eles têm jogadores que atuam nas melhores equipes do mundo. Se vamos ganhar ou perder, não sabemos, mas vamos lutar da primeira à última bola. Podem aparecer outras limitações que temos enquanto seleção, mas a determinação e a vontade de classificar o Brasil para a Olimpíada sobram.
Apesar do ciclo difícil e da pressão para conseguir a vaga, Petrus afirma que mentalidade da equipe está forte para os próximos desafios e que o ambiente da seleção é positivo.
— A gente é uma equipe bem resiliente, bem brasileira. Sofremos, mas vamos lutar. Fazemos o melhor que podemos. É um orgulho defender a seleção, então todo mundo quer dar o seu máximo. É um momento de muita responsabilidade, mas também é gostoso, porque muitos de nós somos amigos, estamos fazendo o que gostamos. O ambiente é bem positivo. Sabemos que temos limitações quando comparados a outros países, mas também temos condições de surpreender qualquer seleção — falou.
Uma das atuais referências de liderança na seleção brasileira, Thiagus Petrus também é responsável por ajudar a equipe mentalmente. Ele competiu nos Jogos do Rio, em 2016, e de Tóquio. Desde então, sempre está presente nas convocações. O armador defende desde 2018 o Barcelona, time com tradição no handebol. Aos 35 anos, ele falou sobre o orgulho de poder defender o Brasil sem lesões e inspirar a nova geração.
— As vezes me sinto um pouco velho (risos). Comecei com a geração mais velha, depois veio a minha geração e agora tem meninos mais jovens que eu. No Barcelona também sou o mais velho, mas acho o máximo. Fico contagiado com essa energia, emoção e entusiasmo de querer jogar e competir em alto nível. Continuar nesse nível assim como eles, me deixa bem feliz. Também fico feliz de poder ajudar nesse processo mental e de adaptação, porque sei o quanto é difícil. Continuar defendendo a seleção sem ter lesões me deixa muito orgulhoso — completou Petrus.
Como funciona o pré-olímpico?
O pré-olímpico de handebol masculino definirá as últimas vagas para Paris 2024. A competição, que acontece entre os dias 14 e 17 de março em Granollers, na Espanha, conta com 11 seleções na disputa. As quatro seleções do grupo (Bahrein, Brasil, Eslovênia e Espanha) disputam por duas vagas. Os dois primeiros colocados do grupo asseguram um lugar nos Jogos Olímpicos de Paris 2024.
Veja a programação dos jogos do Brasil e onde assistir
O primeiro adversário do Brasil será a Eslovênia, nesta quinta-feira (14), às 17h (Horário de Brasília). Em seguida, na sexta-feira (15), a seleção enfrenta Bahrein, às 14h30. Por último, no domingo (17), o jogo contra a Espanha será mais cedo, às 13h45. Todos os jogos serão transmitidos internacionalmente pela Federação Internacional, a IHF, em seu canal do Youtube. Não há informações sobre a transmissão nacional. Confira a agenda da seleção nesse pré-olímpico:
- 14 de março — 17h — Brasil x Eslovênia
- 15 de março — 14h30 — Brasil x Bahrein
- 17 de março — 13h45 — Brasil x Espanha
Veja também