Carro de bombeiro, participações em novelas, álbum de figurinhas e fãs apaixonadas. Em 1992, os jogadores da seleção brasileira masculina de vôlei embarcaram para as Olimpíadas de Barcelona desconhecidos e retornaram ao Brasil como ídolos. Do dia para a noite, eles viraram grandes estrelas. No Esporte Espetacular deste domingo, a série "Minha Medalha" apresentou o depoimento do ex-jogador Giovane. Vinte e nove anos depois, ele relembrou a conquista da medalha de ouro que foi um enorme acontecimento na época.
Minha medalha: Giovane lembra o primeiro ouro do vôlei em 1992
- Foi realmente algo muito grande. A gente olhava um paro o outro e não acreditava, a medalha pendurada e eu acho que naquela noite todo mundo dormiu com a medalha pendurada. Nossas vidas se transformaram, né? Naquele dia, nos tornamos os golden boys. E foi muito bom - recordou Giovane.
O Brasil foi para Barcelona com uma seleção muito jovem, com o técnico José Roberto Guimarães no comando. Giovane, Maurício, Tande e Marcelo Negrão, alguns dos principais personagens daquela conquista, estavam com pouco mais de 20 anos e sem nenhum grande resultado no currículo. Nas Olimpíadas, os melhores times integravam a chave dos brasileiros, mas eles jogaram soltos. O fato de não ter expectativa, pressão ou cobrança pesou a favor.
- Restaurante aberto 24 horas, refrigerante liberado, sorvete liberado, chocolate liberado, era uma festa. E isso preocupava muito o preparador físico, ele temia, né? "Vocês vão comer só besteira. Nos preparamos quase 3 anos para estar aqui e agora vocês vão colocar tudo a perder só porque tem muita comida". Mas a hora que a gente pisava na quadra, isso tudo se transformava, sabe?
O time foi crescendo e surpreendendo durante a competição. No Brasil, a torcida já idolatrava aqueles não mais desconhecidos. Em Barcelona, a cada vitória, os jogadores somavam mais confiança de que era para chegar ao pódio. Nas semifinais, a seleção cruzou com a equipe dos Estados Unidos, que saiu vitoriosa nos Jogos de 1984 e marcou a geração de prata. Giovane contou que o vestiário daquele jogo foi o mais emblemático da sua vida.
- O Amauri fez um discurso maravilhoso comparando o vestiário que ele viveu nas Olimpíadas de 84 quando eles perderam a final olímpica para os Estados Unidos. Ele disse: "gente, eu estava nessa mesma situação alguns anos atrás e tudo que a gente pensou foi em quanto a gente ia ganhar, e a gente esqueceu de jogar. Então, esqueçam qualquer coisa fora da quadra, entrem lá e pensem só em jogar, pensem só em fazer o que vocês sabem fazer". Quando abriu aquela porta, parecia um bando de louco.
A final foi contra a Holanda e começou com um leve domínio dos europeus, mas os brasileiros se recuperar ao longo da parcial e venceram o primeiro set por 15 a 12. Com o revés, os holandeses sentiram o baque. O Brasil não teve dificuldade para fechar a segunda parcial por 15 a 8. No último e decisivo set, um show da seleção. Giovane disse que, devido ao placar aberto e pela pouca idade do elenco de José Roberto Guimarães, eles brincaram em quadra sobre quem faria o ponto do jogo. E coube a Marcelo Negrão, naquele saque que jamais será esquecido: 15 a 5.
- Tande ensinou a gente a cantar o samba enredo da Mocidade. Depois que a gente ganhou a medalha, nós entramos abraçados na vila, já estava tarde, e a gente cantava: "Sonhar não custa nada, o meu sonho é tão real..."
SÉRIE MINHA MEDALHA
Personagens com lembranças antigas, como as de Joaquim Cruz nas Olimpíadas de Los Angeles em 1984, e outras bem mais recentes. O boxeador Robson Conceição e as velejadoras Martine Grael e Kahena Kunze trouxeram memórias dos Jogos do Rio em 2016. A bicampeã olímpica de vôlei Fabiana falou sobre Pequim, que foi a sua primeira conquista. Já Adriana Behar, do vôlei de praia, preferiu relembrar a sua segunda medalha, a prata de Atenas em 2004.
A primeira temporada, exibida no Globo Esporte, teve 10 episódios. Em 2015, na data comemorativa de um ano para os Jogos do Rio 2016, foi ao ar o primeiro episódio com o medalhista Claudinei Quirino. Ele relembrou sua conquista de prata no atletismo, no revezamento 4x100, nas Olimpíadas de 2000. A história foi narrada pelo velocista, mas contou com depoimentos de jornalistas e a narração de Galvão Bueno, que fez a locução ao vivo da prova na época.