Série Rivalidades: seleção masculina coleciona batalhas épicas contra Sérvia

Da surpreendente eliminação para a Iugoslávia em Atlanta 1996 à Batalha de Belgrado, em 2009: Giba, Nalbert, Rodrigão, Serginho e Giovane recordam partidas no "Esporte Espetacular"

Por Carol Oliveira, Marcelo Barone e Matheus Guaresi — Rio de Janeiro


Iugoslávia. Sérvia e Montenegro. Sérvia. Não importava o nome que estivesse em uma quadra de vôlei, o fato é que seria um jogo duro. E foi desta maneira que o país - dono de uma vocação rara para o esporte, mesmo sendo menor que o estado de Santa Catarina - se tornou um dos oponentes mais espinhosos da seleção brasileira masculina. O segundo episódio da série Rivalidades do Vôlei do "Esporte Espetacular" contou como tudo começou.

Rivalidades: Brasil e Sérvia travaram batalhas em Ligas Mundiais

O pontapé inicial desta rivalidade remonta às Olimpíadas de Atlanta, em 1996. A seleção brasileira, que havia conquistado a medalha de ouro em Barcelona 1992, foi eliminada ao perder por 3 a 2 nas quartas de final. Em entrevista à série, o ex-jogador Nalbert conta que o mundo "descobriu" a antiga Iugoslávia na modalidade naquela ocasião.

- A Iugoslávia surgia, ali, como um dos grandes times do mundo que, até então, ninguém conhecia, contra uma seleção que buscava o bicampeonato olímpico. Eles fizeram uma Olimpíada brilhante (terceiro lugar), surpreendendo o mundo todo - explicou Nalbert, endossado por Giovane Gávio.

- Foi um baque, uma derrota muito pesada. E mudou o destino daquela geração do Brasil, porque dali em diante, ela se desfez, não conseguimos jogar mais juntos. E a Iugoslávia cresceu, foi campeã olímpica em 2000 e se tornou o time a ser batido.

Giovane Gávio viveu o início da rivalidade — Foto: Ronaldo Gonçalo

A histórica medalha de ouro em Sidney 2000 colocou a Iugoslávia na primeira prateleira da modalidade na época. E entre este ciclo e o seguinte, em Atenas 2004, os encontros com o Brasil nas fases agudas se tornaram frequentes. A seleção canarinho deu o troco nos Campeonatos Mundiais de 2002 e 2006, nas semifinais, entretanto, o embate mais marcante se deu em 2003 pela Liga Mundial. O Brasil conquistaria o título ao anotar 31 a 29 no tie-break, de virada, em confronto realizado em Madri. Um jogo memorável para o central Rodrigão diante da então Sérvia e Montenegro.

- Foi o melhor jogo da minha vida, disparado, eu falo para todo mundo isso. As jogadas estão na minha cabeça até hoje. Eu me lembro do Milinkovic errando no tie-break, acertando a bola na antena no finalzinho do set, e a última bola do Giba pegando em um pedacinho da linha.

Rodrigão foi um dos destaques do duelo de 2003 — Foto: Ronaldo Gonçalo

Giba, é claro, não esquece do lance, porém, guarda uma recordação curiosa da decisão. Mesmo focado dentro de quadra, o campeão olímpico se diverte ao citar a movimentação da imprensa na reta final do duelo.

- Teve uma coisa engraçada (risos) que foi ver os repórteres correndo de um lugar para o outro por causa do matchpoint, foram vários para todos os lados. "Agora vai fechar aqui, agora vai fechar lá". Nessa época, a gente estava se estabelecendo como uma seleção que dominaria a década. A gente viu como era bom ganhar e não queria parar mais (risos).

Giba foi um dos protagonistas da rivalidade com a Sérvia — Foto: Ronaldo Gonçalo

Seis anos depois, a "freguesia" foi ampliada na Batalha de Belgrado. A partida, na capital da Sérvia, em uma arena recém-inaugurada, lotada por mais de 20 mil torcedores do país, colocou o Brasil diante dos anfitriões, na decisão da Liga Mundial. E, em meio a opostos, ponteiros e centrais renomados, Serginho, alcançou o inédito feito de um líbero ser o melhor atleta do torneio. Uma vitória por 3 a 2, silenciando as arquibancadas.

- A Batalha de Belgrado (risos)... Foi bonito, cara, ver aquilo. Eram 20 mil pessoas cantando o tempo inteiro. O país parou, "armaram" a festa para eles. Tivemos que aguentar a pressão lá dentro, de uma final. Não foi fácil, não, ganhar aquele jogo. E, para mim, foi fundamental pela valorização da posição, para todos os líberos do mundo, que se dedicam igual aos atletas das outras posições e que puderam ter o seu valor.

Ginásio da "Batalha de Belgrado" estava lotado — Foto: Divulgação