Lucarelli detalha emoção da medalha olímpica no Rio e sonha com o bi: “A gente quer mais uma”

Ponteiro da seleção brasileira é o oitavo personagem do quadro "Minha Medalha", do Esporte Espetacular

Por Carol Oliveira e Henrique Arcoverde — Rio de Janeiro


Se você é fã de vôlei, com certeza se emociona reassistindo às jogadas de Ricardo Lucarelli na Rio 2016. Ponteiro da seleção brasileira, ele foi decisivo na conquista do ouro olímpico há oito anos. Por trás de toda medalha olímpica, existem desafios a serem ultrapassados até a realização desse sonho. Para Lucarelli, o momento mais difícil foi ainda na fase de grupos, mais especificamente no jogo contra a França, quando o Brasil conseguiu avançar para as quartas de final. Neste domingo, no quadro "Minha Medalha" do Esporte Espetacular, Lucarelli relembrou a caminhada até o ouro e falou sobre as expectativas para Paris 2024.

Lucarelli relembra o ouro na Rio-2016

O Brasil chegou nas Olimpíadas da Rio 2016 pressionado. A equipe vinha de três finais de Mundial e havia perdido todas. Além disso, havia também a pressão para ganhar uma medalha em casa. No sorteio da fase de grupos, parecia que a sorte estava do lado da seleção brasileira. Logo no primeiro jogo, o adversário era o México. Ao que tudo indicava, esse poderia ser o jogo mais fácil para o Brasil na competição. Mas, ainda no primeiro set, veio o choque: os brasileiros começaram perdendo no placar. Apesar do susto, a seleção recuperou o foco e iniciou a competição com uma vitória.

— Eu lembro do primeiro jogo contra o México. Dá para ver que foi um jogo nervoso. Em teoria, seria o nosso jogo mais fácil do grupo e a gente perde o primeiro set. Depois, o jogo começou a fluir um pouco melhor e conseguimos ganhar de 3 a 1 — relembrou Lucarelli.

Lucarelli na gravação do quadro "Minha Medalha" — Foto: Carol Oliveira

Depois da vitória contra o México, o Brasil tinha disputas difíceis pela frente. Os próximos adversários a serem batidos eram Canadá, Estados Unidos, Itália e França. Contra o Canadá, veio mais uma vitória por 3 a 1. Depois disso, as coisas começaram a piorar. O Brasil perdeu duas partidas seguidas, contra os Estados Unidos e a Itália, por 3 sets a 1. O último jogo, contra a França, era "vida ou morte" para as duas equipes. Valia uma vaga nas quartas de final dos Jogos Olímpicos. Para Lucarelli, esse foi o maior desafio rumo ao ouro.

— Chegamos contra a França no último jogo do grupo. Dois times que, nos últimos anos, estavam sempre chegando. E um dos dois iria para casa. Foi mais difícil em estresse do que a própria final. Quem vencer, continuava na disputa. Quem perdia, dava adeus aos Jogos ainda na primeira fase. A França desperdiçou o último set com um ataque para fora. Foi muito tenso — disse Lucarelli.

A partir daí, a seleção brasileira deslanchou. Lucarelli acredita que esse jogo mudou a competição para o Brasil. No clássico contra a Argentina pelas quartas de final, mais uma vitória verde e amarela por 3 sets a 1. O Brasil tinha chegado nas semifinais e o desafio, mais uma vez, seria grande. Uma forte rivalidade marcava o último jogo antes da grande decisão: eram Brasil e Rússia em quadra. Apesar da dificuldade, a seleção mostrou a raça de uma equipe campeã e avançou com uma vitória por 3 sets a 0.

Acredito que, depois desse jogo contra a França, foi o momento em que vimos que daria realmente certo. Você chegou até ali e a expectativa vai só aumentando. Não só da nossa parte, como da torcida, da mídia, dos seus familiares e amigos. Você chega com todos esses pensamentos das pessoas que estão esperando esse título, mas acho que a gente conseguiu levar isso de uma maneira muito boa. Não foi como pressão, mas quase como um incentivo — falou o ponteiro.

Lucarelli na semifinal Brasil x Rússia pela Rio 2016 — Foto: Divulgação/FIVB

Após quase ter sido eliminada na primeira fase, a seleção brasileira tinha não só a chance da revanche contra a Itália, mas também estava muito perto do ouro. Depois das pratas em Pequim 2008 e Londres 2012, essa era a medalha que o Brasil desejava. Diante de um Maracanãzinho lotado, eles mostraram quem mandava ali. O ouro veio com uma vitória unânime por 3 sets a 0. Mais um para a coleção brasileira, que já tinha subido no lugar mais alto do pódio em Barcelona 1992 e Atenas 2004.

Ao segurar aquela medalha, o jovem Lucarelli, que na época tinha 24 anos, entrou em transe. Não conseguia acreditar que o menino de Contagem, em Minas Gerais, tinha realizado seu maior sonho. Hoje, com 32 anos, ele relembra aquela emoção. Figurinha repetida nas convocações da seleção brasileira, Lucarelli está na expectativa para Paris 2024 e diz que quer viver aquele momento novamente.

— Eu estava em transe. Todo mundo olhando para a medalha e eu parado. Sem nenhuma reação. Acho que eu ainda não estava acreditando que era verdade. Poucas vezes eu fiquei tanto tempo com ela na mão. Dá vontade de chegar logo na Olimpíada. É um sonho, ganhar uma ou duas. É difícil, mas a gente quer mais uma.

Este foi o oitavo episódio do "Minha Medalha" no Esporte Espetacular, quadro no programa que relembra grandes conquistas de medalhistas brasileiros nas Olímpiadas. Além de Arthur Zanetti, Hebert Conceição, Fabi Alvim, Luísa Stefani, Pedro Barros, Shelda, Fernando Scherer e Ricardo Lucarelli, o quadro ainda vai contar com mais medalhistas olímpicos: Rafaela Silva, Italo Ferreira e Janeth Arcain.

Confira os episódios anteriores