Pedro Barros reconhece esforço pela prata em Tóquio: "Muitas lágrimas derramadas"

Skatista, que conquistou a primeira medalha do park da história do Brasil, é o quinto personagem do quadro "Minha Medalha", do Esporte Espetacular

Por Carol Oliveira e Henrique Arcoverde — Rio de Janeiro


"Tiveram muitas quedas, muitas lágrimas, mas são esses momentos que nos dão força para ir adiante e enxergar novos horizontes." Pedro Barros, um dos maiores skatistas do Brasil, foi até o Japão para conquistar a medalha de prata nas Olimpíadas de Tóquio, realizadas em 2021. O catarinense foi o primeiro medalhista brasileiro da história no skate park, modalidade que estreou nos últimos Jogos. Neste domingo, o quadro "Minha Medalha", do Esporte Espetacular, relembrou esses momentos especiais do skatista em Tóquio.

Relembre os episódios anteriores do quadro "Minha Medalha" ao fim desta reportagem.

Minha medalha: Pedro Barros lembra prata olímpica no skate

- Foi incrível, eu senti algo que nunca senti na vida. A gente se preparou mais de anos para aquele momento e para tudo ser definido em um dia - relembrou Pedro Barros.

O skate, que era visto como um esporte de "desocupado" na época da ditadura militar no Brasil, mostrou a força da modalidade ao estrear nas Olimpíadas de Tóquio. Logo na primeira edição, o Brasil garantiu três medalhas de prata: Rayssa Leal no street feminino, Kevin Hoefler no street masculino e Pedro Barros no park masculino. É sempre um sonho para os atletas participar das Olimpíadas, ainda mais quando os Jogos são realizados em um lugar com uma cultura rica e especial como o Japão.

- Eu sempre sonhei em ir para o Japão, e a primeira vez que eu fui foi para as Olimpíadas, diante da pandemia que a gente não podia sair. Ao mesmo tempo tinha uma energia no ar que todos nós skatistas sentimos que era de ser uma modalidade estreante em uma competição tão tradicional e de algo que chama atenção de tantas pessoas ao redor do mundo. A gente sabia o impacto da mensagem. Qual era realmente a nossa missão ali dentro? - provocou Pedro Barros.

Pedro Barros, medalha de prata no skate park, Olimpíadas de Tóquio 2020 — Foto: REUTERS/Mike Blake

Com o cabelo pintado de verde e amarelo, Pedro Barros chegou ao Japão com a missão de representar o Brasil e dar tudo de si dentro da pista. O brasileiro, que dedicou sua vida inteira ao skate, viu um mundo novo sendo construído dentro esporte. Os Jogos estavam prestes a começar, e a adrenalina tinha que ser controlada.

- A sensação era de que aquele momento não iria se repetir. A gente não tem tempo nem espaço para ficar pensando em problemas e nervosismo porque ali o seu sentimento está tão à flor da pele que meio que parece que a adrenalina toma conta de tudo - disse Pedro Barros.

Sob um sol de 34ºC no Centro de Esportes Urbanos de Ariake, Pedro Barros entrou com a cabeça focada em uma estratégia, mas teve que mudar tudo quando viu o australiano Keegan Palmer fazer a volta da vida e conquistar uma pontuação fantástica de 94.04.

Australiano Keegan Palmer faz volta sensacional e tem nota 94.04 - Olimpíadas de Tóquio

- A partir disso, quando iniciaram as finais, a estratégia foi meio que reagir ao Keegan Palmer. Ele fez algo que é um pouco atípico e para mim foi diferente. Ele era o competidor que entrava na pista antes de mim. E acabou que quando ele passou dos 90 na primeira volta, a minha reação e minha estratégia começaram a ser de como eu responderia. Será que eu respondo buscando a vitória em cima dele? Só que na hora eu sabia que o risco para chegar nessa volta ia ser muito grande e talvez em três tentativas eu não iria conseguir. Eu decidi fazer um plano um pouco mais seguro, eu sabia que minha volta não renderia o primeiro lugar, mas pelo menos eu ia garantir um pódio - analisou Pedro Barros.

Acostumado a "voar" na pista de skate, Pedro Barros teve que fazer uma primeira volta de peso. E foi o que aconteceu. O catarinense acertou todas as manobras e abriu a competição com 86.14, ótima nota que o deixou naquele momento em segundo. Mas, quando o Pedro iria tentar uma reação, o australiano aumentou ainda mais a nota e chegou nos 95.83. O brasileiro segurou a segunda colocação até o fim e garantiu a medalha de prata em Tóquio. Keegan terminou em primeiro lugar, e o norte-americano Cory Juneau ficou com o bronze.

Pedro Barros faz 86.14 na primeira volta da final do skate park - Olimpíadas de Tóquio

- Eu sempre soube de uma coisa, que eu queria viver o skate na minha vida. Então eu só fico muito feliz mesmo de saber que eu tive uma oportunidade de viver o skate na minha vida diante de umas Olimpíadas no Japão, em Tóquio. Olha onde a gente chegou com algo que começou como uma brincadeira. E ainda continua uma brincadeira. Acho que foi isso que a gente quis mostrar, aquilo não passa de uma brincadeira. É uma brincadeira muito séria, ela tem que ser divertida, tem que ser alegre, tem que ser rodeada de carinho e de amor.

Pedro Barros relembra medalha de prata em Tóquio — Foto: Carol Oliveira

- Isso a gente só alcança, só atinge esse lugar quando a gente tem mais de uma pessoa vibrando nesse sentido. Tiveram muitas quedas, muitas batalhas, muito suor, lágrimas derramadas nesse percurso, mas são esses momentos que nos dão força para ir adiante e enxergar novos horizontes. Não foi fácil conquistar e me traz muitos memórias que vão ficar registradas para o resto da minha vida - completou Pedro Barros.

Este foi o quinto episódio do "Minha Medalha" no Esporte Espetacular, quadro no programa que relembra grandes conquistas de medalhistas brasileiros nas Olímpiadas. Além de Arthur Zanetti, Hebert Conceição, Fabi Alvim, Luísa Stefani e Pedro Barros, o quadro ainda vai contar com mais sete medalhistas olímpicos: Fernando Scherer, Rafaela Silva, Ricardo Lucarelli, Italo Ferreira, Janeth Arcain, Shelda e Isabel Swan.

Confira os episódios anteriores do quadro "Minha Medalha"