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Por Thiago Ferri — São Paulo


Felipe Zito faz panorama do Dudu na história do Palmeiras: "Colocou uma vírgula"

Felipe Zito faz panorama do Dudu na história do Palmeiras: "Colocou uma vírgula"

Dudu é considerado um dos maiores jogadores da história do Palmeiras, mas atacante e clube chegaram a dar sinal verde para uma transferência ao Cruzeiro que encerraria uma história de nove temporadas. Depois do anúncio da Raposa, porém, o camisa 7 avisou ao Verdão que deseja ficar.

A negociação chocou torcedores, tanto pelo interesse do atacante de 32 anos de idade em atuar por outra equipe no Brasil, quanto pela decisão do Verdão de aceitar uma proposta de 4 milhões de dólares (R$ 21,4 milhões), bem distante da multa rescisória, e contrariando a fala de Abel Ferreira, que vetou novas saídas no elenco. O ge explica por que isto aconteceu.

Dudu, atacante do Palmeiras, e a presidente Leila Pereira — Foto: Cesar Greco

O que fez Dudu querer a saída?

Alexandre Mattos, diretor de futebol do Cruzeiro, iniciou contatos mais concretos na quarta-feira com André Cury, empresário de Dudu, discutindo a possibilidade de uma oferta. Inicialmente, o dirigente não acreditava que o Palmeiras toparia vender um ídolo, mas recebeu a sinalização de que a hipótese não era descartada.

Mattos então apresentou a Dudu e seu empresário um contrato de quatro anos, podendo chegar a cinco de acordo com metas esportivas.

Os salários se aproximavam ao que o camisa 7 recebe no Palmeiras, mas seu vínculo atual acaba em janeiro de 2025, com a chance de renovar por mais um ano, também por metas.

Como a proposta do Cruzeiro era por um período mais longo, ele teria um contrato robusto para a reta final da carreira. Os números eram considerados muito sedutores.

Alexandre Mattos, na apresetação de Dudu no Palmeiras, em 2015 — Foto: Cesar Greco/Fotoarena

Além disso, Dudu vinha em reta final de recuperação de uma cirurgia no joelho e havia o temor de que não ser mais visto como peça importante para o time, algo que marcou sua trajetória no Verdão.

Ainda que ele e Abel Ferreira não tenham tido uma briga como chegou a se cogitar antes do jogo contra o Vasco, os dois não têm uma relação próxima. Na diretoria, ele também tinha mais proximidade com o ex-presidente Maurício Galiotte, além do próprio Mattos.

A partir do momento que as conversas com o Cruzeiro passaram a esquentar, ficou ainda a sensação de que o Palmeiras estava disposto a negociá-lo, apesar do discurso de que não aconteceriam mais vendas, reforçando a ideia de que não era mais tão importante.

Com pessoas próximas que se mostravam contrárias à saída, Dudu passou a ter diversas reuniões a partir do anúncio. Ele recebeu lideranças da Mancha Alviverde em sua casa e terminou o sábado avisando que iria pedir para permanecer no Verdão por sua história no clube. Ele repetiu este discurso no treino de domingo, para Abel Ferreira.

Abel e Dudu em jogo do Palmeiras — Foto: Cesar Greco/Palmeiras

E por que o Palmeiras aceitou vendê-lo?

Na quinta-feira, após a vitória contra o Vasco, Abel Ferreira avisou que não venderia mais ninguém do elenco, apenas mediante o pagamento da multa rescisória. Um dia depois, o clube comunicou ao Cruzeiro que aceitava a oferta por Dudu, abaixo da cláusula para quebra do contrato.

A primeira oferta da Raposa foi de 3 milhões de dólares (R$ 16 milhões), e o Palmeiras pediu 6 milhões de dólares (R$ 32,1 milhões). As partes chegaram a um acordo por 4 milhões de dólares (R$ 21,4 milhões).

Membros na diretoria argumentam que o Verdão não colocou Dudu no mercado e só aceitou vendê-lo por ter ouvido o pedido do jogador e seu empresário para que a transferência acontecesse.

Dudu e Anderson Barros com as medalhas do título do Palmeiras no Brasileirão — Foto: Cesar Greco / Palmeiras

Pessoas ligadas ao clube dizem que a negociação andou, mesmo depois da declaração de Abel, pelo primeiro sinal de que Dudu queria sair. Esta seria uma forma de respeitar seu desejo, por conta de sua história no Palmeiras.

Neste momento, em que ficou a sensação de que o clube via com bons olhos o negócio, a diretoria justificou que não teria como igualar a oferta.

O anúncio feito pelo Cruzeiro, embora o clube mineiro justifique que teve a anuência de todas as partes, acabou gerando surpresa nos bastidores e uma repercussão negativa.

Assim como entendia que a negociação só iria acontecer pelo desejo de Dudu, o Palmeiras também abriu a porta para a sua permanência e a busca pela retomada de espaço no elenco após a lesão, caso o jogador sinalizasse isso.

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A única manifestação alviverde até agora foi uma nota na manhã de domingo, em que não cita o Cruzeiro e resume apenas que Dudu está sob contrato.

– O atacante Dudu se apresentou para o treino deste domingo (16) na Academia de Futebol e teve uma conversa com o técnico Abel Ferreira. A pedido do Departamento de Futebol, o atleta não foi relacionado para a viagem a Belo Horizonte (MG), onde o Palmeiras enfrenta amanhã o Atlético-MG, pelo Campeonato Brasileiro. Dudu é atleta do clube e tem contrato vigente até o fim de 2025 – diz nota enviada pelo Verdão.

Assunto encerrado?

Como nem Palmeiras nem Dudu se pronunciaram publicamente, a permanência por enquanto é vista apenas como tendência. O Cruzeiro, por sua vez, entende que chegou a um acerto com todas as partes e agora aguarda.

Alexandre Mattos já havia declarado que, se Dudu mudasse de ideia, o negócio seria desfeito, mas por enquanto o anúncio de acordo pela contratação permanece nas redes do clube.

Para o jogador, a intenção agora é terminar de se recondicionar na Academia de Futebol e voltar a jogar pelo clube em que é vinculado desde 2015. Resta saber se os clubes não vão tentar retomar a negociação nos próximos dias.

Dudu antes de Palmeiras x Vasco — Foto: Marcos Ribolli

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