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Por Redação do ge — Rio de Janeiro


No dia 30 de abril de 2022, Fernando Diniz era anunciado como treinador do Fluminense. Era o início da sua segunda passagem pelo Tricolor, que já é histórica devido aos títulos do Campeonato Carioca, da Conmebol Libertadores e da Recopa Sul-Americana. Sem dúvidas, memorável. Mas, até aqui em 2024, o desempenho não tem agradado. Por isso, o torcedor faz a pergunta: o que dá para fazer para melhorar?

"Lima de volante não funciona", analisa Cauê em ge Fluminense

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Devido ao questionamento dos torcedores, o ge convidou os comentaristas Rodrigo Coutinho, Carlos Eduardo Mansur e Renata Mendonça para dar as suas opiniões sobre as possibilidades.

Renata Mendonça

— O Fluminense perdeu a capacidade de executar o mais importante princípio de jogo do Diniz, que é o de atrair o adversário para o próprio campo com uma saída de bola bastante apoiada, com toques curtos, e depois acelerar o jogo pegando a defesa adversária bagunçada. Sem Nino, a saída de bola do Fluminense ficou bastante prejudicada, porque além de ele construir muito bem com toque curto, ele também tinha uma bola longa e uma inversão de bola que muitas vezes tirava o Flu do sufoco e deixava algum atacante no 1x1. Sem construir o seu jogo por baixo e sem a precisão desse passe longo que Nino oferecia como escape, o Flu muitas vezes fica preso no seu próprio campo, sem conseguir ameaçar o adversário e sofrendo com as roubadas de bola do adversário perto do seu gol.

— Além de sofrer com a ausência do Nino, o Fluminense também não tem conseguido, como o Diniz mesmo mencionou em algumas coletivas "terminar as jogadas". Nos jogos da Libertadores, o Fluminense terminava o primeiro tempo com 2, 3 finalizações, ou até com nenhuma, como foi contra o Alianza Lima, e isso sempre com mais de 60% de posse de bola. É muito toque pra trás e pouca agressividade para atacar a última linha dos adversários, as jogadas de linha de fundo têm sido menos frequentes, e quando não se termina a jogada com uma finalização, isso normalmente gera um contra-ataque do adversário, pegando a defesa exposta.

Fernando Diniz, do Fluminense, contra o Corinthians — Foto: Marcos Ribolli

— Resumindo, o Fluminense precisa parar de errar tanto na saída de bola, readquirir confiança pra construir desde trás, que é a base do seu jogo, e, na frente, ser mais agressivo na última linha. Vale citar que há jogadores importantes ausentes, Nino que saiu, André que se machucou agora, Ganso que não tem jogado todas as partidas, Keno que também ficou fora por lesão. Mas mesmo assim, com o elenco que tem, dá para o Fluminense jogar melhor. O desafio do Diniz nessa temporada é manter o time motivado depois de um grande ano em 2023 pra buscar mais em 2024. Com as contratações feitas, daria para até pensar em brigar pelo título do Brasileiro, que não vem há mais de 10 anos. Mas pra isso é preciso se reencontrar com a essência do seu estilo de jogo, que o levou ao topo no ano passado.

Carlos Eduardo Mansur

— Aparentemente, a pior solução para o momento do Fluminense é uma revolução, é desacreditar do modelo tão vencedor do time. Períodos de baixa competitividade são naturais após conquistas, sem contar lacunas no elenco, como a saída de Nino e a recente perda de André. A tarefa agora parece ser encontrar alternativas dentro do modelo, dentro das crenças de jogo que trouxeram o Fluminense até aqui. Insistir nos conceitos de saída de bola, mas recuperando movimentos que ofereçam opções de passe, melhorar as alternativas para o time progredir no campo após ultrapassar a primeira pressão do rival, aproveitando o espaço que é gerado. Além disso, quando o Fluminense se estabelece no campo adversário, tentar recuperar movimentações que resultem em infiltração na defesa rival. Para que a troca de passes não seja um fim em si mesma, mas um meio para gerar chances de gol. O time de Diniz já fez tudo isso com brilho. A questão é recuperar sua essência

Rodrigo Coutinho

— Tem alguns pontos que culminam na situação atual. Primeiro, a saída do Nino. Não é novidade. Jogador da qualidade dele é difícil repor e quando não traz ninguém que se aproxime daquilo que ele apresentava, num time que depende tanto dessa saída, vai sentir demais. É um integrante a menos. Contra o Corinthians, além do Nino, tem a questão do André. É um outro jogador que é importante para fazer essa função. Tem a questão do time ter se apresentado depois nos treinamentos. Isso atrasa um pouco entrar nos trilhos. Tem a ver um pouco a queda da concentração pelos objetivos alcançados na última temporada. Mesmo sendo um elenco de jogadores sérios, de lideranças bem fortes, é algo que quase sempre acontece no futebol brasileiro. O Atlético-MG tinha o mesmo elenco (em 2023), voltou o mesmo treinador e não conseguia ter o mesmo foco. O Flamengo, de 2022 e 2023, a gente via isso. Vejo isso acontecendo no Fluminense nesses jogos. Não é corpo mole, é um time menos focado, que se desconcentra. O Diniz vai ter que achar as soluções para a equipe ter regularidade em bom nível. O Fluminense não fez um jogo na temporada em que se mostrou de alto nível. Só vimos isso na Recopa, contra a LDU, mas no primeiro tempo ainda foi longe daquilo que a equipe pode jogar.

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