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Por Redação do ge — São Paulo


Assista ao Grande Círculo com Duilio Monteiro Alves, presidente do Corinthians - Bloco 1

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Convidado do programa Grande Círculo, do SporTV, exibido na noite deste sábado, o presidente do Corinthians, Duilio Monteiro Alves, reviveu sua trajetória no clube, do qual se considera sócio desde o berço, e fez uma análise de seu caminho como presidente até aqui, cargo que ocupa desde janeiro de 2021.

Filho de Adilson Monteiro Alves, importante diretor do clube durante a Democracia Corinthiana, Duilio seguirá na presidência até o fim de 2023. Ele avisa que não pretende incluir uma proposta de reeleição na mudança de estatuto, mas se diz a favor de bolar um projeto para a inclusão do voto do Fiel Torcedor nas eleições, embora tal tema seja considerado por ele "delicado".

– Não é simples, o torcedor vai e vota. Tem que ter o direito, mas temos que ter as regras. Um sócio precisa ter cinco anos de sócio e pagamento em dia pra ter o direito ao voto. Não cabe a mim. Sou a favor, mas temos que ver os mecanismos. O Fiel Torcedor pode ser sócio do clube? Não seria a mesma coisa? – questionou.

Duilio Monteiro Alves, presidente do Corinthians, no Grande Círculo — Foto: Reprodução

– Tem que ser discutido para que seja uma forma boa para o clube, sem prejuízo para o Corinthians. É uma coisa nova, difícil. O associado é dono do clube, vamos dizer assim. Paga sua mensalidade há dez, vinte anos, é um direito que ele conquistou. Tem uma parte jurídica disso também. Têm várias implicações – completou.

Duilio respondeu a perguntas sobre os mais diversos temas envolvendo o Corinthians. Falou da demissão de Sylvinho, há mais de 15 dias, e da mudança de seu olhar sobre os técnicos estrangeiros, declarações que você já leu aqui no ge.

Assista ao Grande Círculo com Duilio Monteiro Alves, presidente do Corinthians - Bloco 2

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Também deu explicações sobre as negociações com a Caixa para a quitação do financiamento da Neo Química Arena. Acordo este que vem sendo dado como certo por ele desde novembro de 2020. Falou sobre os projetos para o futuro do estádio.

– O Corinthians ficará, aproximadamente, com, no mínimo, 50% da receita até que se pague o estádio. Por isso a necessidade de gerar cada vez mais receitas. Os naming rights vão direto para a Caixa Econômica Federal, o pagamento é direto. Fica uma parte menor para o Corinthians, e a ideia é que a gente pague em 17 anos.

– Esse é um ponto que a gente vem conversando, é um acordo que vem sendo feito há dois anos, teve pandemia, voltamos a ter público agora. Com os números de hoje, só pensando em dias de jogos, 50% iriam para pagar as prestações – explicou.

Neo Quimica Arena — Foto: Rodrigo Gazzanel

– A casa do Corinthians é espetacular. Temos um estádio maravilhoso, até exagerado de conforto e luxo, mas é a casa da Fiel. Temos trabalhado muito para funcionar 24 horas por dia, sete dias por semana. Não só um jogo de futebol.

Ainda sobre finanças, Duílio citou o fato de o Corinthians ainda estar próximo de R$ 1 bilhão em dívidas, mesmo com uma política de reestruturação, mas enfatizou o fato do clube ter hoje, mesmo com nomes de peso no elenco, uma folha salarial menor do que em 2020, por exemplo. Ele revelou:

– Com todos esses reforços, reduzimos. Tivemos mais saídas de atletas. Isso considerando o Paulinho na folha. Nós temos um patrocinador que paga 100% do Paulinho. Mas eu estou considerando o valor de folha, esse que eu falo que gasta menos que 2020, com o Paulinho junto. Eu falo em R$ 15 milhões hoje – comentou.

– O Profut fala em investimento no futebol em até 80% do arrecadado pelo clube. O Corinthians hoje está 61%, 62%, então estamos com uma margem grande ainda. O Corinthians não está usando o que está previsto no orçamento. Ali é uma previsão do que poderíamos gastar. Mesmo estando previsto, não estamos gastando. É a realidade. A gente tirou 30, 40 jogadores de um ano para cá – completou.

Duilio Monteiro Alves, presidente do Corinthians — Foto: Rodrigo Coca/Ag.Corinthians

Confira outras respostas de Duilio:

Qual foi a hora de demitir Sylvinho?

– Eu nunca vi a torcida do Corinthians criticar jogador ou treinador antes do fim do jogo. A torcida do Corinthians apoia durante o jogo. E isso me chamou atenção, foge das redes sociais, estamos falando do torcedor que frequenta o estádio. E fora rede social, as maiorias dos programas de televisão, analistas, comentaristas, torcedores, conselheiros, era geral. Tomou um tamanho que eu nunca vi no futebol. Por isso a decisão. Não era saudável. Para pensar no futuro, o que ele vinha construindo como treinador. Acho que no futuro as pessoas vão ver o que eu estava acreditando. Existe chance de um retorno, claro, as portas estão abertas, é um ídolo. Futebol é assim.

Ele não estava pronto?

– Eu não consigo pensar em arrependimento. O que fica é isso. Se eu errei, se erramos, se era para segurar de uma temporada para outra já existindo uma pressão menor. Mas a gente acreditava que o trabalho era bom, a relação com os atletas era boa. Até pensando na história dele, conversamos sobre isso na hora da interrupção de trabalho. Pelo o que conheço de futebol, acho que ainda vamos ver ele dando certo em algum clube, quem sabe no Corinthians em um futuro.

Qual sua ideia de futebol para o Corinthians?

– Eu não vejo o Tite como um treinador retranqueiro, como todos falam. Mas o momento dele no Corinthians era o "empatite", empatava, ganhava de um a zero, mas o Corinthians jogava um bom futebol. A gente viu outros times, do próprio Tite, que jogavam e outros mais reativos. Se criou. O que eu vejo de futebol é que o Corinthians tem que ser protagonista, propor jogo. Não podemos confundir característica do clube, que é a raça, entrega os 90 minutos. Agora, você pode ter um time ofensivo ou defensivo com essa característica. O que a gente procura é um time que jogue mais, que marque o adversário mais em cima. Na parte técnica, não (dá pitaco?). Eu tenho que seguir isso na contratação dos treinadores. Eu acho legal um time que jogue para cima, mas com toda raça e entrega que precisa ter no Corinthians.

Ainda sonha em trabalhar com o Tite?

– O Tite virou um amigo, é um cara que respeito e admiro demais. Sonho, lógico. Não sei se vou ter essa oportunidade. Saio daqui dois anos, o Tite está na Seleção e espero que ele faça uma excelente Copa do Mundo. Mas sonho sim.

Corinthians pensa em se tornar clube-empresa?

– O Corinthians não precisa da SAF. Primeiro que é um modelo que vai se discutir muito, tem muita coisa para ser melhorada, acho que vamos ver muitas confusões porque há muitas dúvidas na forma que a Lei foi feita. O Corinthians é o time do povo, da torcida. É impossível o Corinthians passar a ter um dono. E não tenho dúvida nenhuma de que você pode fazer um bom trabalho sem ter um dono. Só fazer o trabalho direitinho, conseguir afastar a política, não deixar essa parte influenciar nas decisões, então temos feito tudo sem pensar em política. Fazendo um bom trabalho, profissional, tudo é possível da mesma forma do que tendo um dono. Você sabe que tem mais dificuldade em implantar as coisas, mas não tenho dúvida de que dá para seguir um caminho saudável sem ser SAF.

O clube já foi procurado?

– Muito, sempre, todos os dias aparece alguma grande empresa, fundos de investimentos interessados no Corinthians. Que o Corinthians é sonho de consumo. Mas temos buscado trazer esse dinheiro para dentro com outras parcerias, outras possibilidades de retorno, sem ter que vender participação de clube.

Como a dívida chegou a R$ 1 bilhão?

– O que temos de primeiro desafio é passar a gastar menos do que a gente arrecada. O Corinthians, em 2021, falando da gestão em si, teve um superávit operacional. Em 2020 teve um déficit operacional. O que entrou de dinheiro, saiu no mesmo período. Sem contar custo financeiro. Você tem uma dívida alta, então tem o custo dessa dívida. Então, em 2020, o Corinthians teve um resultado operacional, de entrada e saída, de aproximadamente R$ 50 milhões negativos. Em 2021, revertemos isso para R$ 50 milhões positivo. Em 2021, o que gastou e arrecadou, da gestão, sem contar com custo, seria um superávit de R$ 50 milhões aproximadamente. Então a gente termina, praticamente, em um zero a zero. A gente não aumentou a dívida, conseguimos estabilizar, e para mim foi um grande feito para o primeiro ano. Vivemos a pandemia, e o Corinthians não estava em uma boa situação.

– Para 2022, a expectativa é ter esse resultado operacional na base dos R$ 100 milhões, arredondando. Com isso, conseguiremos pagar um pouco da dívida. Isso pensando pés no chão. Mas o importante é termos um fluxo de caixa positivo, coisa que o Corinthians vinha sofrendo faz um tempo, de você não pagar as contas em dia e gerar todos esses processos. Esse é o trabalho que a gente vem fazendo, e é bem possível. Neste ano que o clube não foi bem, fomos eliminados de competições importantes, tivemos um bom resultado. No ano anterior tivemos um aumento de 40% nas receitas de marketing. Então estou confiante. Agora, tempo para pagar dívida, não precisamos ter pressa, precisamos ter o fluxo de caixa positivo, gastar menos do que arrecadamos e pagar em dia.

O Corinthians não está correndo riscos demais ?

– Estamos falando de um superávit operacional de R$ 50 milhões, então a gestão seria positiva mesmo sem as verbas de televisão. São R$ 15 milhões, a verba de televisão, então só deixando claro para não ter um mal entendido. Isso ocorreu com todos os clubes. Estamos trazendo novas receitas. É importante entender isso. O Corinthians está se voltando para a mídia, ao conteúdo. Fazemos muito conteúdo, e isso agrega muito valor aos patrocinadores. Hoje não vendemos um espaço na camisa, vendemos conteúdo para o torcedor que quer acompanhar seu time, e temos produzido juntos com nossos patrocinadores. O Corinthians está se preparando e vai lançar uma plataforma para termos todos os corintianos juntos.

– Quando se fala de receitas de camisa, patrocínio, você pode até achar preocupante. Mas hoje a folha do futebol é mais baixa do que era quando peguei. Tivemos as eliminações dos campeonatos, que não possibilitou a vinda de mais receitas. Tiramos 16 jogadores no início de 2021. Trouxemos outros atletas com um nível maior, valorizamos a imagem do clube, e isso gera mais visibilidade e conteúdo para o patrocinador. Nós temos um time mais forte, e isso já é melhora de receita. Você tem a classificação dos campeonatos. Nosso quinto lugar nos gerou uma receita maior e garantiu três jogos de Libertadores em casa.

Dívidas a curto prazo preocupam?

– Sim. Aqui estamos falando a verdade para o torcedor. Em nenhum momento você ouviu de mim que as coisas estão tranquilas. Nós temos R$ 1 bilhão de dívida, acabamos de falar isso. O que eu estou é animado. O primeiro ano foi sensacional em cima do que imaginávamos que podia ser feito, e foi, e os números vão mostrar. Sobre o torcedor, não serão enganados nunca, seremos sempre transparentes.

— Foto: ge

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