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Por Cahê Mota — Rio de Janeiro


Faltou gol.

Para definir assim uma vitória por 3 a 0 é preciso estar muito embasado de seus argumentos, mas faltou gol para o Brasil no duelo contra o Chile na penúltima rodada do Sul-Americano Sub-17. Primeiro, porque deixaria a situação mais confortável na busca pelo título. E, segundo, pela postura até certo ponto conformada no segundo tempo quando se sabia que saldo de gols tem tudo para ser determinante no final.

Chile 0 x 3 Brasil - Melhores momentos - Campeonato Sul-Americano Sub-17 2023

Chile 0 x 3 Brasil - Melhores momentos - Campeonato Sul-Americano Sub-17 2023

O Brasil que entrou em campo já classificado para o Mundial diante de um adversário eliminado, além de zerado em pontos e gols no hexagonal final, fez o que dele se esperava: atacou. Mais do que isso: atropelou. Com repertório já conhecido que passava muito pelas bolas longas para os pontas e pelo talento na construção por dentro, o 2 a 0 ficou barato.

Voltando a atuar no 4-2-3-1, o Brasil explorava com inteligência a velocidade de Riquelme e Rayan, que se movimentou muito em alternância com Kauã Elias. Os lançamentos longos de Da Mata e, principalmente, Vitor Reis encaixaram, e o time de Phelipe Leal tinha inteligência para variar acionando Dudu pelo meio.

Dudu, Kauã Elias e Rayan: protagonistas do Brasil no Sul-Americano — Foto: Rafael Ribeiro/CBF

Rayan fez o primeiro, de pênalti, e o segundo em belíssima assistência de Dudu. A dupla, por sinal, teve mais uma exibição de destaque e atingiu o topo das estatísticas individuais: o atacante do Vasco igualou Kauã Elias na artilharia com cinco gols, enquanto o meia do Athletico-PR é o principal garçom, com cinco assistências.

Brasil x Chile

  • Posse de bola: 67% x 33%
  • Finalizações: 11 x 14
  • Finalizações no gol: 6 x 2
  • Passes trocados: 454 x 219
  • Faltas cometidas: 11 x 14

A naturalidade com que as jogadas aconteciam, por outro lado, começaram a indicar uma certa desatenção dos jogadores, fosse pelas faltas bobas de Matheus Ferreira, substituído precocemente para não ser expulso, fosse pelos quatro impedimentos que minaram chances claras de ampliar o placar.

A troca de Kauã Elias por Ricardo na volta do intervalo manteve o ímpeto de gol dentro da área, mas a impressão era de que o Brasil diminuía o ritmo a medida que o relógio avançava. Tanto que o Chile chegou a assustar em contra-ataques e obrigou Phillipe Gabriel a fazer boas defesas.

Chile 0 x 3 Brasil - Melhores momentos - Campeonato Sul-Americano Sub-17 2023

Chile 0 x 3 Brasil - Melhores momentos - Campeonato Sul-Americano Sub-17 2023

As 14 finalizações dos chilenos contra 11 dos brasileiros ajudam a mostrar o quanto a Seleção foi tirando o pé do acelerador, ao ponto de ampliar "apenas" para 3 a 0 no segundo tempo. Ricardo, de cabeça, após nova assistência de Dudu.

Classificado antecipadamente para o Mundial, invicto não só na competição, mas em todo o ciclo, e com destaques individuais absolutos no Sul-Americano, criticar o que o Brasil faz no Equador seria mais do que exagero. Seria injusto!

Phelipe Leal na vitória do Brasil sobre o Chile em Quito — Foto: Rafael Ribeiro / CBF

A matemática, no entanto, é objetiva: com os mesmos dez pontos que os equatorianos, mas um gol a menos de saldo (6 x 5), não basta vencer a Argentina domingo para ser campeão. Secar os donos da casa, seja para tropeçar, seja para vencer por uma diferença menor os venezuelanos será preciso.

Como se não bastasse, fica a expectativa para a Conmebol definir a tabela da última rodada, no domingo. Coloca o clássico Brasil x Argentina para encerrar a competição ou privilegia os donos da casa de líderes diante da Venezuela? Com dois estádios em Quito, Atahualpa e Casablanca, há ainda a alternativa de jogos simultâneos.

Independentemente do cenário, a vitória sobre o Chile deixa uma reflexão: faltou gol.

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