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Por Felippe Santos, Gabriel Andrade, Leonardo Martins e Luiz Gontijo — Rio de Janeiro


A seleção do Marrocos alcançou grande feito na Copa do Mundo do Catar. Primeira nação africana a se classificar para a semifinal de uma Copa (perdida para a França), a equipe encara a Croácia neste sábado, às 12h, em busca de um inédito terceiro lugar para o continente. Os reflexos da boa campanha geram frutos para a população do país. É o que revela o franco-marroquino Frederic Illouz, de 57 anos, empresário do ramo hoteleiro que vive no Rio de Janeiro.

— É a primeira vez que me vejo torcer só para o Marrocos, pelo caminho que ele fez. Eu tinha uma ideia que o Marrocos tinha time para surpreender, mas, hoje, essa nem é uma palavra correta.

Nas ruas de Barcelona, torcida do Marrocos comemora classificação às quartas diante da... Espanha — Foto: REUTERS/Nacho Doce

Os bons resultados de Marrocos vão para além do campo de jogo e aproximam o povo africano de um esporte que possui o poder de unir e intensificar os elos entre as pessoas e a cultura. Atrelados ao meio esportivo e competitivo, o futebol é capaz de criar uma mobilização e sentimento de unidade, gerando comoção entre povos marroquinos descentralizados no mundo inteiro para celebrar os feitos de sua seleção.

Torcida do Marrocos dá show na semifinal da Copa do Mundo

Torcida do Marrocos dá show na semifinal da Copa do Mundo

O reflexo causado no povo do Marrocos poderá impactar, diretamente, as próximas gerações. Os Leões de Atlas, além de destaque desse Mundial, são protagonistas de um movimento muito importante que reforça e inflama os valores nacionais e culturais marroquinos.

— Pegando, por exemplo, os jogadores marroquinos, 14 dos 26 selecionados não nasceram em Marrocos, mas em países europeus como a Bélgica, França e a Espanha. Eles optaram por ter uma nacionalidade esportiva marroquina, mas foram cobiçados por outros países onde nasceram, e de uma forma geral, isso é um retrato do mundo - disse o hoteleiro.

Frederic Illouz e sua filha Carolina Curvello em Marrocos — Foto: Arquivo pessoal/Carolina Curvello

A paixão feminina pelo futebol

A campanha de Marrocos na Copa do Mundo do Catar pode gerar mudanças históricas no país africano. Além de colocar a nação de vez no mapa do futebol, a atual geração dos Leões do Atlas poderá transformar a cultura e aproximar as mulheres marroquinas do esporte.

Carolina Curvello, 27 anos, é filha de Frederic e sempre teve laços com os costumes marroquinos, mesmo sendo brasileira. A jovem visitava a terra natal de seu pai regularmente na juventude e relembra os hábitos do país.

"Eu nunca vi mulheres torcendo por futebol no Marrocos, não é algo que costumava ver muito. Eu sempre vi meu pai e meu avô torcendo, mas as mulheres eu nunca vi mesmo".

Sofiane Boufal comemora vitória do Marrocos com a mãe — Foto: Paul Childs / Reuters

Pioneirismo Marroquino no Esporte

Apesar do ineditismo da atual conquista, este não é o primeiro feito histórico de Marrocos nos esportes. O país também foi pioneiro nas Olimpíadas de Los Angeles, em 1984, e na Copa do México, em 1986.

— Nas Olimpíadas de 1984, Nawal El Moutawakel, uma atleta que corria os 400 metros rasos com barreira, ganhou a medalha de ouro e foi a primeira mulher da África a ser medalhista. Em 1986, na Copa do México, Marrocos foi o primeiro país africano a passar da fase de grupos. Fatos precursores e ser os primeiros africanos a ganhar, o Marrocos está acostumado — afirma Frederic com orgulho.

O Marrocos enfrentará a Croácia em partida válida pelo terceiro lugar da Copa do Mundo neste sábado, às 12h (horário de Brasília) no Estádio Internacional Khalifa.

* estagiários, sob a supervisão de Lucas Loos

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