A seleção do Marrocos alcançou grande feito na Copa do Mundo do Catar. Primeira nação africana a se classificar para a semifinal de uma Copa (perdida para a França), a equipe encara a Croácia neste sábado, às 12h, em busca de um inédito terceiro lugar para o continente. Os reflexos da boa campanha geram frutos para a população do país. É o que revela o franco-marroquino Frederic Illouz, de 57 anos, empresário do ramo hoteleiro que vive no Rio de Janeiro.
— É a primeira vez que me vejo torcer só para o Marrocos, pelo caminho que ele fez. Eu tinha uma ideia que o Marrocos tinha time para surpreender, mas, hoje, essa nem é uma palavra correta.
Os bons resultados de Marrocos vão para além do campo de jogo e aproximam o povo africano de um esporte que possui o poder de unir e intensificar os elos entre as pessoas e a cultura. Atrelados ao meio esportivo e competitivo, o futebol é capaz de criar uma mobilização e sentimento de unidade, gerando comoção entre povos marroquinos descentralizados no mundo inteiro para celebrar os feitos de sua seleção.
Torcida do Marrocos dá show na semifinal da Copa do Mundo
O reflexo causado no povo do Marrocos poderá impactar, diretamente, as próximas gerações. Os Leões de Atlas, além de destaque desse Mundial, são protagonistas de um movimento muito importante que reforça e inflama os valores nacionais e culturais marroquinos.
— Pegando, por exemplo, os jogadores marroquinos, 14 dos 26 selecionados não nasceram em Marrocos, mas em países europeus como a Bélgica, França e a Espanha. Eles optaram por ter uma nacionalidade esportiva marroquina, mas foram cobiçados por outros países onde nasceram, e de uma forma geral, isso é um retrato do mundo - disse o hoteleiro.
A paixão feminina pelo futebol
A campanha de Marrocos na Copa do Mundo do Catar pode gerar mudanças históricas no país africano. Além de colocar a nação de vez no mapa do futebol, a atual geração dos Leões do Atlas poderá transformar a cultura e aproximar as mulheres marroquinas do esporte.
Carolina Curvello, 27 anos, é filha de Frederic e sempre teve laços com os costumes marroquinos, mesmo sendo brasileira. A jovem visitava a terra natal de seu pai regularmente na juventude e relembra os hábitos do país.
"Eu nunca vi mulheres torcendo por futebol no Marrocos, não é algo que costumava ver muito. Eu sempre vi meu pai e meu avô torcendo, mas as mulheres eu nunca vi mesmo".
Pioneirismo Marroquino no Esporte
Apesar do ineditismo da atual conquista, este não é o primeiro feito histórico de Marrocos nos esportes. O país também foi pioneiro nas Olimpíadas de Los Angeles, em 1984, e na Copa do México, em 1986.
— Nas Olimpíadas de 1984, Nawal El Moutawakel, uma atleta que corria os 400 metros rasos com barreira, ganhou a medalha de ouro e foi a primeira mulher da África a ser medalhista. Em 1986, na Copa do México, Marrocos foi o primeiro país africano a passar da fase de grupos. Fatos precursores e ser os primeiros africanos a ganhar, o Marrocos está acostumado — afirma Frederic com orgulho.
O Marrocos enfrentará a Croácia em partida válida pelo terceiro lugar da Copa do Mundo neste sábado, às 12h (horário de Brasília) no Estádio Internacional Khalifa.
* estagiários, sob a supervisão de Lucas Loos
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