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Por Allan Caldas e Carlos Gil — Munique, Alemanha


Neuer destaca início avassalador da Alemanha no 7 a 1: "Aconteceu naturalmente"

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Com apenas um minuto de jogo, Marcelo recebeu na entrada da área e arriscou o chute. O goleiro Manuel Neuer defendeu sem dar rebote. Deve ter imaginado que, dali para a frente, o Brasil iniciaria uma pressão incessante, embalado pelos 58 mil torcedores que lotavam o Mineirão naquele 8 de julho de 2014, semifinal da Copa do Mundo.

Ninguém, nem mesmo Neuer e seus colegas de equipe, poderiam supor o que realmente iria acontecer: Thomas Mùller abriu o placar aos 11 minutos, o Brasil se descontrolou e, com meia hora de jogo, a Alemanha já vencia por 5 a 0. A passagem para a final já estava praticamente selada, e o restante do jogo serviu apenas para dar números finais ao histórico 7 a 1, maior derrota do Brasil em uma Copa do Mundo, que completa dez anos nesta segunda-feira.

— Naquele dia, tudo simplesmente se encaixou. E é por isso que foi importante defender a primeira oportunidade que o Brasil teve, e também marcarmos o primeiro gol — afirmou Neuer em entrevista exclusiva, concedida no centro de treinamentos do Bayern de Munique.

— Acho que foi importante termos assumido a liderança no placar. Isso nós notamos. Pronto, hoje podemos vencer os brasileiros.

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O goleiro alemão, ainda hoje titular do Bayern e da seleção, acabou se tornando um espectador privilegiado do restante do primeiro tempo, já que o Brasil não conseguiu mais criar chances reais após a multiplicação de gols da Alemanha. Do gramado, ele conseguia perceber a mudança no ânimo da torcida.

— Eu consigo me lembrar de tudo. A atmosfera estava um pouco quente no início, eu diria até com uma ligeira hostilidade contra a gente. Mas ao longo do jogo isso foi se transferindo para a própria seleção brasileira. Os torcedores ficaram zangados com a sua equipe. Depois veio a raiva e, claro, dava para perceber a tristeza aumentando. Eles ficaram muito, muito decepcionados com sua própria seleção.

Manuel Neuer, goleiro da seleção da Alemanha — Foto: Reprodução

Ao relembrar a semifinal histórica, Neuer destaca a importância do planejamento feito pela comissão técnica para a partida, com apoio dos analistas de desempenho que fizeram o mapeamento tático da seleção brasileira.

Sabíamos que Neymar e Thiago Silva eram dois grandes desfalques e que o Brasil tinha perdido jogadores importantes na estrutura. E sabíamos que David Luiz era um defensor que gostava de avançar e, portanto, surgiriam lacunas.
— Manuel Neuer

— Sentamos com o treinador e ele nos preparou para que tivéssemos o nosso espaço nas entrelinhas e também em profundidade. E é por isso que era importante mantermos o nosso posicionamento para depois aproveitarmos as oportunidades — afirmou.

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Mas o experiente goleiro, de 38 anos, sabe que no futebol nem tudo que é planejado se confirma em campo, o que tornou aquele início avassalador da Alemanha quase inacreditável.

— Para mim, era algo pouco real. Não era normal que todas as chances terminassem em gol. Aconteceu naturalmente, tudo deu certo, como se estivéssemos numa linha de montagem.

— O problema para o Brasil foi simplesmente que eles, de alguma forma não não venceram os duelos individuais, e nós estávamos gelados. Simplesmente tínhamos os jogadores certos em campo, que aproveitaram todas as situações para fazer os gols.

Neuer defende um chute de Paulinho na semifinal da Copa de 2014 — Foto: Getty Images

Após abrir 5 a 0 no primeiro tempo, a seleção alemã precisava manter a concentração na etapa final. E Neuer acredita que postura da sua equipe, de respeito ao Brasil, foi percebida pelos torcedores. Com reflexos até na decisão contra a Argentina, quando a Alemanha teve grande apoio da torcida brasileira no Maracanã.

— No vestiário, nós falamos que não era para tentar fazer gracinha, fazer "Jogo Bonito" com o Brasil. Apenas continuamos jogando sério e mantendo a cabeça fria, não fomos arrogantes. Tratamos nosso adversário com muito respeito, inclusive os torcedores que estavam no estádio. E a final no Maracanã teve muito a ver com isso, porque todo torcedor brasileiro viu como lidamos com aquela situação.

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