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Por Thales Soares — Rio de Janeiro


Theo explica sua relação com o Brasil

Theo explica sua relação com o Brasil

Thiago Ferreira jogou futsal, tentou carreira no campo, migrou para o jiu-jítsu e fez carreira no novo esporte. Casado com Camila, formada em ciências no esporte, mora há 18 anos em Berwick Upon Tweed, na Inglaterra. Da união do casal, nasceu Theo, que completa 16 anos em agosto deste ano.

O garoto fez sucesso no jiu-jítsu, ganhou torneios, mas decidiu seguir o sonho de ser jogador de futebol e se transformou em uma promessa na Inglaterra, atuando no sub-18 do Newcastle, com convocação para a seleção sub-15 e no radar da sub-16.

Thiago e Camila, que têm um filho mais novo (Enzo, de nove anos), são donos de um centro fitness na cidade onde moram. Aos nove anos, Theo tomou coragem para comunicar ao pai a decisão de não seguir carreira no jiu-jítsu. Nesta quinta-feira, ele assinou na sede do clube seu primeiro contrato profissional com o Newcastle, que terá uma primeira versão até agosto do ano que vem, quando ele completará 17 anos e então será validado oficialmente.

Pais de Theo contam a história do filho, jogador do Newcastle

Pais de Theo contam a história do filho, jogador do Newcastle

- Ele nasceu no jiu-jítsu, fez a primeira luta dele com quatro anos. Até os nove, já havia ganhado praticamente tudo - contou Camila.

- Eu não apoiava ele sair do jiu-jítsu. Mas, depois do último campeonato europeu, não teve como segurar. Ele já quase era desclassificado porque ficavam chamando para a luta enquanto ele estava jogando futebol nas quadras - disse Thiago.

Theo havia sido recrutado por um amigo de Thiago para um jogo de sub-8 quando ainda tinha seis anos. Foi apenas completar o grupo, mas aumentou a vontade do menino de ser jogador de futebol.

- Minha mãe falou: "Você quer ser jogador de futebol, você vai ter que se dedicar". Tive um pouco de medo para falar com meu pai, mas ele aceitou - comentou Theo.

Álbum de fotos de Theo, jogador do Newcastle — Foto: Infoesporte

A trajetória começou em times da região até ser observado por olheiros de Newcastle e Sunderland. Optou pelo Newcastle. Até o fim desta temporada, os pais faziam o trajeto de carro, que leva uma hora e 20 minutos. Theo começou a ir de trem para os treinamentos e, a partir da próxima temporada, vai se mudar para a casa de uma família indicada pelo clube nas proximidades do centro de treinamento.

Enraizado na Inglaterra, Theo demonstra confiança no que pode apresentar em campo. O jovem cita até a possibilidade de estar na Copa do Mundo de 2026, quando ainda terá 18 anos. As experiências com o Newcastle, desde as oportunidades como gandula no Saint James Park até a oportunidade de treinar uma vez com os profissionais, fazem com que ganhe maturidade para esperar o seu momento.

- Eu só quero continuar jogando, ser a melhor versão de mim mesmo. O mais importante é que quero o melhor para minha família, uma vida melhor, ser o melhor que puder, sem me comparar com ninguém. Só ser eu mesmo e continuar progredindo - disse Theo.

- Eu jogo no ataque, pela esquerda ou direita, às vezes jogo no meio como um 10. Sou rápido e meu drible favorito é um elástico.

A dificuldade para falar português não muda o sentimento de Theo pelo Brasil. Ele tem nacionalidade inglesa e brasileira e está em processo para ter passaporte italiano, pela origem de sua mãe. Nas visitas ao país, encantou-se com as pessoas, assim como havia decidido jogar futebol ao assistir aos vídeos de Ronaldinho Gaúcho.

- Quando eu vi os vídeos dele, falei: "Agora, eu quero jogar futebol" - disse Theo.

- Jogo por quem me der oportunidade, mas eu quero praticar mais meu português, meu português agora é ruim, quero estudar mais. Eu gosto do Brasil, fui lá ano passado, joguei muito futevôlei, as pessoas são boas, felizes, eu gosto muito da energia - comentou o jovem, torcedor do Corinthians.

Jogador do Newcastle, Theo faz treinamento técnico e cobra faltas

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A experiência na seleção inglesa sub-15 dois anos atrás foi mais uma oportunidade para Theo entender seu lugar nesse momento como jogador de futebol. Ele também esteve na lista de espera em duas convocações do sub-16.

- Foram quatro dias de treino. (Ser filho de brasileiros) Não acho que seja um problema. Acho que eles se sentem até privilegiados por ter um brasileiro no time - brincou.

Theo tem consciência da dificuldade que se apresenta para conseguir espaço nos profissionais. O investimento do Newcastle é alto, mas o jovem já pulou etapas. Chegou a ficar no banco em um jogo do time sub-19 no Saint James Park.

- Tem que ser paciente, pois a hora vai chegar. É o quanto você quer isso, o quanto você está disposto a esperar e se sacrificar. A oportunidade vai aparecer. É só continuar treinando, esperar pelo momento certo e agarrar a oportunidade quando ela chegar - afirmou.

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