TIMES

Por Redação do ge — Luxemburgo


As estruturas do futebol internacional chacoalharam de novo após a decisão do Tribunal da União Europeia contra Fifa e Uefa sobre a criação da Superliga Europeia de clubes. Mas afinal, que competição é essa? Quem está por trás desse projeto? O que há de mais recente? Quem é contra? O que seu surgimento pode significar? Essas são algumas das perguntas que o ge esclarece abaixo.

Veja como é o formato da Superliga Europeia

Veja como é o formato da Superliga Europeia

O que é a Superliga Europeia?

Poderosos clubes da Europa tentaram lançar, em abril de 2021, um novo torneio continental, fora do guarda-chuva da Uefa e da Fifa, em oposição à Champions League. A iniciativa sofreu fortes baques, mas não morreu e ganhou novo fôlego nesta semana. Ela só existe no papel.

A promessa é que a competição terá uma plataforma de streaming grátis para todos os torcedores e interessados.

Superliga Europeia de Clubes: entenda os principais pontos do projeto de uma nova liga na Europa — Foto: Getty Images

Como a competição funcionaria?

Inicialmente, a Superliga teria 20 clubes: 15 fundadores mais cinco que se classificariam com base no rendimento na temporada anterior. A competição teria início em agosto e fim em maio. Os 20 times seriam divididos em dois grupos, jogos dentro e fora de casa na mesma chave, no meio de semana. Depois disso, mata-mata com ida e volta, e final em confronto único. Não haveria rebaixamento.

Porém, dadas as desistências de fundadores, a repercussão desse formato e outras polêmicas, foi anunciada nesta quinta-feira uma nova proposta para o torneio: 64 times masculinos e 32 femininos disputando partidas no meio da semana em um sistema de liga.

A competição masculina teria três ligas. Estrela e Ouro com 16 clubes, e a Azul com 32. Os times jogariam em casa e fora, em grupos de oito, o que significaria um mínimo de 14 partidas. Haveria promoção anual e rebaixamento entre as ligas.

A competição feminina, por sua vez, teria duas ligas de 16 clubes cada. Os organizadores não detalharam os critérios de participação.

Representantes da Uefa rejeitam projeto da Superliga Europeia, de maneira unânime — Foto: Reuters

Quem está por trás da Superliga?

Eram 12 clubes no começo: Arsenal, Chelsea, Liverpool, Manchester City, Manchester United e Tottenham, da Inglaterra; Atlético de Madrid, Barcelona e Real Madrid, da Espanha; e Inter de Milão, Juventus e Milan, da Itália. A pressão popular fez os ingleses pularem fora primeiro. Depois vieram mais desistências e, hoje, só Barcelona e Real Madrid defendem a Superliga publicamente.

A empresa A22 Sports Management foi criada para ajudar o desenvolvimento da competição.

Joan Laporta, presidente do Barcelona, e Florentino Pérez, do Real Madrid: estusiastas da Superliga — Foto: Getty Images

Por que criar a Superliga?

Os clubes fundadores alegaram que o projeto estabeleceria uma "base sustentável para o futuro a longo prazo, aumentando substancialmente a solidariedade e dando aos torcedores e jogadores amadores um fluxo regular de jogos de destaque que irão alimentar a sua paixão pelo jogo".

Os representantes da liga sustentaram que a competição proporcionaria "crescimento econômico significantemente maior" do que com o antigo da Liga dos Campeões. Os clubes fundadores receberiam juntos € 3,5 bilhões na primeira temporada. Além disso, a Superliga disse que contribuiria com € 10 bilhões em "pagamentos de solidariedade".

Nesta quinta-feira, a Superliga informou que vai distribuir 8% de suas receitas em mecanismos de solidariedade para outros clubes de futebol, com valor mínimo de 400 milhões de euros. Além disso, afirmou que estão garantidas as receitas para os primeiros três anos da competição.

Quem é contra a Superliga?

A lista é grande. Primeiro, as torcidas dos grandes clubes da Europa — e dos pequenos também. O sindicato mundial de jogadores profissionais (FIFPro) reforça a oposição.

Arsenal, Chelsea , Tottenham, Liverpool, Manchester United e City trocaram de lado e hoje se posicionam contra, assim como o Atlético de Madrid.

O Bayern de Munique e o Paris Saint-Germain nunca toparam. As cinco principais ligas do Velho Continente (Bundesliga, LaLiga, Ligue 1, Premier League e Serie A) também se manifestaram nesse sentido.

O conflito sempre foi maior com a Fifa e a Uefa. A confederação europeia de futebol tentou punir os clubes envolvidos, esportivamente e judicialmente. As duas entidades estudam que novas medidas podem ser tomadas.

Liverpool Anfield protesto Superliga — Foto: Reuters

O que a Justiça decidiu?

O Tribunal de Justiça da União Europeia deu razão aos promotores da Superliga, ao decidir que as regras da Uefa e da Fifa que até agora impedem este projeto dissidente são contrárias às normas da concorrência. Isso não significa necessariamente que o torneio deva ser autorizado, dizendo que a deliberação tem a ver com as normas da Uefa e da Fifa, de forma geral, não com este projeto específico.

Torcida do Chelsea ignora pandemia e protesta contra Superliga europeia

Torcida do Chelsea ignora pandemia e protesta contra Superliga europeia

O que isso tudo significa?

Caso a Superliga Europeia de Clubes saia do papel, ela geraria um grande impacto na indústria do futebol. Não só nisso, mas na maneira como o esporte se estrutura e organiza as competições, em sistema piramidal, com clubes, federações, confederações e a Fifa.

Tudo vai depender também de quem embarcará neste projeto. Dos 12 fundadores, só sobraram Barcelona e Real Madrid. Mas há outros clubes interessados, como o Napoli.

Veja também

Mais do ge