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Por Daniel Mundim — Rio de Janeiro


Ninguém quer perder a corrida pelo novo craque. Na elite da Europa, a ordem é só uma: se antecipar. O Mundial Sub-17 evidenciou como é cada vez mais precoce essa busca. O torneio, que será decidido neste sábado por Alemanha e França, teve maior atenção dos grandes clubes do mundo em relação ao Mundial Sub-20, realizado em maio.

Brasil 0 x 3 Argentina - Melhores momentos - Quartas de final - Mundial Sub-17

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Alemanha x França decide o Mundial Sub-17 neste sábado, às 9h, e tem transmissão do sportv e tempo real no ge

Em 2023, a Fifa realizou seus torneios de base depois de quatro anos. O calendário ficou prejudicado por conta da pandemia. O hiato aumentou o interesse dos departamentos de scout dos clubes pelo mundo nas competições.

Segundo a Fifa, o Mundial Sub-17 da Indonésia contou com aproximadamente 500 pedidos de ingressos por observadores técnicos e scouts, os famosos olheiros. Ao ge, a entidade informou que eles vieram de cerca de 50 clubes diferentes, cuja “vasta maioria era da Europa”.

A Fifa informou que o Mundial Sub-20, vencido pelo Uruguai em maio, teve a mesma quantidade de pedidos de bilhetes por observadores técnicos. No entanto, eles vieram de 62 clubes diferentes, cuja maioria era das Américas do Norte, Central e do Sul.

Estêvão, do Palmeiras, foi o destaque do Brasil no Mundial Sub-17 — Foto: Leto Ribas/CBF

Os europeus focaram no torneio que tinha os jogadores mais jovens. Enquanto as competições sub-20 contam com muitos atletas profissionais, às vezes convocados para seleções principais, o sub-17 reúne jovens em formação. Ainda adolescentes. Há mais novidades. E possíveis negociações seriam mais baratas.

Ex-scout de equipes como Arsenal, Manchester United e Saint-Éttienne, o brasileiro Sandro Orlandelli diz que a elite do futebol quer o jogador mais jovem para pagar menos por ele. E para formá-lo melhor ao estilo do clube.

– Contratar um jogador mais jovem te dá a chance de pagar um preço menor do que se fosse um jogador sub-20. Esse é o motivo maior. O segundo ponto é o potencial que esse jogador tem. Ele vai conseguir ser mais bem trabalhado na equipe que for adquirir esse talento. O perfil de jogo, as características das funções que o clube imagina que o jogador seja adequado, ele vai conseguir aos poucos ser mais adaptado – diz Orlandelli, que é membro da Uefa Academy e ex-diretor-técnico do Red Bull Bragantino e Internacional.

A Fifa proíbe transferências internacionais de jogadores com menos de 18 anos. Por isso Endrick, que completará a maioridade em julho de 2024, ainda espera para ir ao Real Madrid. Kendry Páez, que estreou na seleção principal do Equador, tem 16 anos e está negociado pelo Independiente del Valle ao Chelsea. Ele fará 18 em maio de 2025.

Veja gols de Kendry Páez, promessa do Del Valle que foi vendida para o Chelsea

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Ao ge, um observador técnico de um grande clube inglês indica que a categoria sub-17 é encarada como um mapeamento. O sub-20 é a confirmação. É onde o jogador começa a se igualar fisicamente com os profissionais. Por isso, a elite da Europa se move para que esse amadurecimento ocorra no próprio clube.

– Esse jovem vai ter as interações, com certeza vai ter um processo de adaptação que vai ajudar muito na chegada no país local. Primeiro, vai pagar menos. E o segundo, você vai trabalhar melhor o potencial, você tem mais tempo para conseguir ajudar a desenvolver e adaptar esse talento – reitera Sandro Orlandelli.

Sub-17 é último momento para “chegar na frente”

Os grandes clubes não acompanham as competições sub-17 em busca do novo Neymar. Do novo Vinicius Junior. Do novo Endrick. Todos conhecem os grandes craques. Eles normalmente jogam cedo no time profissional e têm ampla cobertura na mídia. A elite da Europa mira as novidades.

Thiago Freitas é chefe de operações da Roc Nation Sports no Brasil, empresa do cantor Jay-Z, que se tornou acionista majoritária e da TFM Agency. A agência gere as carreiras de Vinicius Junior, Lucas Paquetá, Endrick, Gabriel Martinelli e outros. Ele reitera que a chance de surpreender em torneios sub-17 é maior do que no sub-20.

“O Mundial Sub-17 pode ser considerado hoje o último momento relevante para quem quer chegar na frente”, reitera Thiago Freitas.

– É a chance de garantir a transferência de um atleta de destaque, com um número reduzido de postulantes, que é o dos que podem "pagar antes de receber", e para os atletas, uma grande oportunidade de receberem ofertas para concluir sua formação fora do seu país de origem, sem mesmo passarem pela equipe principal de seus clubes – diz o COO da Roc Nation Sports no Brasil.

Com dois gols de Estevão, Brasil vai às quartas do Mundial sub-17

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Comandada por Phelipe Leal, a seleção brasileira foi eliminada nas quartas de final do Mundial Sub-17 após derrota por 3 a 0 para a Argentina. A expectativa era terminar entre os quatro primeiros, e a queda para a rival foi frustrante, mas a campanha revelou nomes que estarão no radar de gigantes da Europa.

O principal destaque brasileiro foi o meia-atacante Estêvão, que chegou a ser relacionado no time principal do Palmeiras após retornar da Indonésia. Sidney, volante do Bahia, e Kauã Elias, atacante do Fluminense, que fez quatro gols no Mundial.

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