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Por Allan Caldas — San Diego, EUA


Depois que chegou às quartas de final da Copa do Mundo Feminina e apresentou ao mundo uma geração de jogadoras talentosas, com destaque absoluto para a joia Linda Caicedo, a Colômbia passou a ser vista como uma potencial desafiante à hegemonia brasileira na América do Sul. A primeira rodada da Copa Ouro da Concacaf reforçou a impressão: goleada colombiana por 6 a 0 sobre o Panamá, e atuação sofrível do Brasil no 1 a 0 magrinho sobre Porto Rico. Não poderia haver melhor momento para tomar das brasileiras o papel de protagonista.

Colômbia 0 x 1 Brasil | Melhores momentos | Copa Ouro Feminina

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A "ameaça", no entanto, esbarrou em uma atuação de alto nível da equipe dirigida por Arthur Elias na madrugada deste domingo, em San Diego, nos EUA. Talvez percebendo o significado do confronto, o treinador trocou seis jogadoras, retornou ao esquema com linha de três defensoras e, principalmente, transformou o ânimo da equipe. Com mais movimentação, o Brasil se sobressaiu em todos os setores na vitória por 1 a 0, pela segunda rodada.

Jogadoras do Brasil comemora o gol de Duda Santos contra a Colômbia — Foto: Leandro Lopes / CBF

Claro que o gol logo aos quatro minutos contribuiu para dar confiança à seleção brasileira. A recuperação de Bia Zaneratto na saída errada da goleira colombiana e a combinação rápida entre Adriana, Gabi Nunes e Duda Santos, autora do gol, mostrou que era um Brasil diferente em campo. Mais ligado, mais objetivo. Na medida certa para uma partida disputada, do início ao fim, com jeito de clássico sul-americano. Em cada dividida, ficava evidente que havia algo mais em jogo do que a liderança do Grupo B e a classificação antecipada às quartas de final.

Talvez o maior destaque do Brasil na vitória deste domingo tenha sido o aspecto mental. A Colômbia, evidentemente, chegou à partida em um momento melhor. Mas as jogadoras brasileiras apresentaram uma postura impecável também neste duelo psicológico.

Taticamente, Arthur apostou em Gabi Portilho e Yasmim nas alas, duas das novidades na escalação. A lateral-esquerda atuou bem no apoio ao ataque e nas bolas paradas. Pela direita, Portilho foi importante na cobertura do setor de Linda Caicedo. A camisa 18, como esperado, foi a melhor da Colômbia em campo. Mas encontrou em Tarciane - mais uma novidade do Brasil - uma marcadora implacável. As duas travaram ótimos duelos, ora vencidos pela colombiana, ora pela zagueira brasileira, que no cômputo geral saiu em vantagem.

No meio, Duda Santos repetiu a boa atuação da estreia, quando foi um dos pouquíssimos destaques do Brasil. Efetivada no ataque e com a confiança em alto pelo gol contra Porto Rico, Gabi Nunes se destacou pela movimentação constante e ainda mostrou visão de jogo ao encontrar Duda Santos livre para marcar o gol da partida. No segundo tempo, porém, se empolgou em um contra-ataque, deixou de servir Debinha para tentar o gol e acabou desperdiçando boa chance brasileira.

Duda Santos comemora após abrir o placar para o Brasil contra a Colômbia — Foto: Leandro Lopes / CBF

A boa atuação coletiva pode reanimar uma seleção que ainda não tinha empolgado com Arthur Elias. Gabi Nunes, que parecia ter garantido vaga no ataque, saiu de campo com dores no abdome, fruto de uma trombada da goleira Luciana, e terá de ser reavaliada. Das duas atacantes que entraram no segundo tempo, Debinha contribuiu muito pouco e talvez tenha pela primeira vez a titularidade ameaçada para valer. Principalmente porque Geyse voltou a entrar bem. Chegou a marcar de cabeça, em gol anulado pelo VAR por impedimento milimétrico.

A classificação já está garantida. Vencer o jogo de quarta, contra o Panamá, nosso adversário de estreia na Copa do Mundo, goleado por 4 a 0 em Adelaide, deixará o Brasil com uma das melhores campanhas da primeira fase, situação que pode contribuir para um duelo menos perigoso nas quartas. O título da Copa Ouro não é a prioridade no momento, mas quanto mais perto a seleção conseguir chegar, maior será a confiança na sequência do trabalho, visando às Olimpíadas de Paris.

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