E repete, como se um ritmista, demarcando:

Eu. Tô. Aqui.

Foi assim, incisivo nos gestos, que Vinicius Júnior transmitiu sua mensagem ao mundo de forma literal. Como se quisesse sublinhar em marca-texto o recado dado da maneira em que melhor se expressa: a linguagem universal do futebol, cujo idioma é o talento com uma bola nos pés.

Como se o gol por si só não fosse o suficiente. Não qualquer gol, veja bem: o que decretou a 15ª Champions League ao Real Madrid.

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Ao repetir as palavras patenteadas por Cristiano Ronaldo, usou de toda sua brasilidade, bailando, o sorriso aberto, sem perder a leveza. Porém, firme ao marcar sua posição de um ponto de vista individual.

Vinicius assim o fez porque era preciso. Era necessário dizer ao mundo em letras garrafais. Não adianta persegui-lo. Ele estará ali. Protagonista. Ninguém irá pará-lo. Aquele menino preto nascido e criado em São Gonçalo, zona metropolitana do Rio de Janeiro, ganhou o mundo.

O primeiro brasileiro a balançar as redes em duas finais da Champions, a mais cobiçada competição de clubes. Dois gols, em anos distintos, decisivos. O brilho pessoal assinando as últimas maiores conquistas do maior clube do planeta. Tudo isso no cinturão, aos 23 anos.

Aos racistas que teimam em feri-lo em suas manifestações de ódio pelas arquibancadas de maculados estádios espanhóis, todo o meu desprezo. Aos “especialistas” que insistem em deixá-lo de fora de listas importantes, como o Top-10 do último FIFA The Best ou a recente seleção dos melhores de La Liga Espanhola do jornal Marca, fica a reflexão.

O que mais exigir de Vinicius Junior, dentro de campo, para que mereça o seu devido lugar? Desde 2007, com Kaká, um brasileiro não ascende ao topo do futebol mundial.

Ao aludir Cristiano Ronaldo na icônica maneira de festejar um gol importante, parece ter sido também uma homenagem, por que não assim recebermos, de quem herdou a igualmente icônica camisa 7 “blanca” do próprio CR7. E da lenda Raúl González, o “Raúl Madrid”.

Herdou e honrou.

A bola de ouro é logo ali.