TIMES

Por Luis Fernando Correia

Clínico e intensivista com certificado em Inovação pelo MIT, ex-chefe da emergência do Samaritano, o Doc hoje se dedica à divulgação de temas ligados à saúde

Flórida, EUA


Exercícios em pílulas é possível? E não estou falando em fazer exercícios em pequenas doses, e sim em um comprimido que possa "imitar" os efeitos fisiológicos da prática de exercícios. Pelo menos para ratinhos, por enquanto.

Pílulas de remédio — Foto: iStock

Pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade de Washington, em St. Louis, no Missouri, nos Estados Unidos, relatam novos compostos que parecem capazes de imitar o impulso físico de malhar - pelo menos dentro das células de roedores.

Esta descoberta pode levar a uma nova maneira de tratar a atrofia muscular e outras condições médicas em pessoas, incluindo insuficiência cardíaca e doenças neurodegenerativas.

A ideia dos pesquisadores não é substituir o exercício físico, porém existem pessoas que não podem se exercitar, por problemas clínicos ou restrições físicas.

Os cientistas esperam recapitular os potentes efeitos físicos, ou seja, a capacidade do exercício de melhorar o metabolismo e o crescimento das células musculares, juntamente com a melhora do desempenho físico.

O exercício beneficia a mente e o corpo. Uma droga capaz de imitar esses efeitos poderia compensar a atrofia muscular e fraqueza, que podem ocorrer à medida que as pessoas envelhecem ou são afetadas pelo câncer, certas condições genéticas ou outras razões pelas quais se tornam incapazes de realizar atividade física regular.

Também poderia potencialmente combater os efeitos de outras drogas, como os novos medicamentos para perda de peso, que causam a diminuição de gordura e músculo.

Pílula no metabolismo

As alterações metabólicas associadas ao exercício iniciam-se com a ativação de proteínas especializadas, conhecidas como receptores relacionados ao estrogênio (ERRs), que se apresentam em três formas: ERRα, ERRβ e ERRγ.

Os cientistas desenvolveram um composto especial, que ativa todas as três formas, incluindo o alvo mais desafiador, ERRα. Esse tipo de ERR regula a adaptação ao estresse induzido pelo exercício e outros processos fisiológicos importantes no músculo.

Em experimentos com camundongos, a equipe descobriu que esse composto aumentou um tipo de fibra muscular resistente à fadiga, ao mesmo tempo em que melhorou a resistência dos animais, quando eles correram em uma esteira de roedores.

Pesquisas sugerem que o direcionamento de ERRs pode ser útil contra doenças específicas. Estudos em animais com este composto preliminar indicam que ele pode ter um benefício contra a obesidade, insuficiência cardíaca ou declínio na função renal com a idade.

A atividade ERR também parece combater processos prejudiciais que ocorrem no cérebro em pacientes diagnosticados com doença de Alzheimer e aqueles que têm outras condições neurodegenerativas. Em todas essas condições, os ERRs desempenham papel importante.

Os pesquisadores ainda esperam testar os novos compostos em modelos animais. Eles também estão analisando a possibilidade de desenvolver os compostos como potenciais tratamentos para doenças neurodegenerativas.

A pesquisa foi apresentada na reunião da Sociedade Americana de Química, em Nova Orleans, no estado da Louisiana.

* As informações e opiniões emitidas neste texto são de inteira responsabilidade do autor, não correspondendo, necessariamente, ao ponto de vista do ge / Eu Atleta.

Veja também