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Por Rebeca Letieri, para o Eu Atleta — Rio de Janeiro


Arte marcial tailandesa milenar, o muay thai tem aulas e treinamentos voltados não só para o público masculino, mas também para o feminino e o infantil, e sua procura só cresce nas academias brasileiras. Não é para menos: o boxe tailandês oferece inúmeros benefícios para corpo e mente. Nada como espantar o estresse do dia a dia calçando as luvas e desferindo uma série de socos, chutes e caneladas. Mas a luta, que guarda semelhanças com o kickboxing, é muito mais do que uma sucessão de golpes. O muay thai exige disciplina e postura, trabalha autocontrole, melhora condicionamento físico e promove ganho de massa muscular. Não para por aí. Treino de muay thai emagrece: estima-se que em uma hora de aula perde-se de 600 a 900 calorias, podendo passar de mil, dependendo da intensidade do treinamento e da resistência, idade e biotipo do praticante.

Professor de luta ensina 5 técnicas de muay thai para iniciantes

Professor de luta ensina 5 técnicas de muay thai para iniciantes

O mestre e treinador Warner Hammerle, responsável pela parte metodológica da rede de academias Team Nogueira, criada pelos gêmeos do MMA Antônio Rodrigo "Minotauro" Nogueira e Antônio Rogério "Minotouro" Nogueira, conta que o muay thai simboliza a "luta das oito armas". Isso porque são usadas oito partes do corpo nos golpes: os dois punhos, cotovelos, joelhos e a combinação de duas canelas com dois pés. Equipamentos de proteção são fundamentais para garantir a integridade física dos alunos.

  • Ataca com: punhos, cotovelos, joelhos, canelas e pés.
  • Defende com: movimentos de bloqueio.

O tailandês Nong-O Gaiyanghadao, multicampeão de muay thai, em ação — Foto: Divulgação/ONE

Sua história começou há cerca de dois mil anos, quando agricultores buscaram formas de se defender em guerras e invasões na Tailândia. Para evitar ferimentos graves, não usavam suas espadas e punhais nos treinos, investindo nos chutes, socos, joelhadas, caneladas e cotoveladas. Essa é a origem do que conhecemos hoje como muay thai ou boxe tailandês. Segundo a história, quando as mães levavam seus filhos para a guerra, elas amarravam uma corda de uma determinada cor no braço e na cabeça do filho, orando aos deuses budistas para que eles pudessem voltar para casa. Essa corda trançada é conhecida hoje como kruang, paprachiat ou prajied, que no Brasil é amarrada a um dos braços do praticante e simboliza a sua graduação.

  • Grau Branco
  • Grau branco com vermelho
  • Grau vermelho com azul claro
  • Grau azul claro
  • Grau azul claro com azul escuro
  • Grau azul escuro (instrutor)
  • Grau azul escuro com preto (instrutor máster)
  • Grau preto (professor)
  • Kruang preto e branco (mestre)
  • Kruang preto, branco e vermelho (grão mestre)

Luvas de boxe e muay thai — Foto: Istock Getty Images

Equipamentos

No boxe tailandês, uma boa luva é fundamental para proteger os dedos, mãos e punhos. Sob as luvas, bandagens garantem ainda mais a integridade do praticante. No caso dos iniciantes, caneleiras também são indicadas. O atleta que vai para o ringue precisa ainda de protetor bucal, cotoveleira, protetor genital e, no caso de treinos com sparring, capacetes. Não podemos esquecer ainda o saco de pancadas e o thai pad. Como vestimenta, usam-se shorts e, no caso das mulheres, tops.

Professor de luta ensina como fazer a bandagem

Professor de luta ensina como fazer a bandagem

  • Saco de pancadas
  • Thai pad
  • Short
  • Luvas
  • Luva bate-saco, que deixa os dedos expostos
  • Protetor bucal
  • Coquilha ou protetor genital, para homens
  • Top justo, para mulheres
  • Caneleira
  • Cotoveleira
  • Ataduras, faixas ou bandagens
  • Capacete
  • Mongkon, espécie de arco de pano que o aluno recebe quando está pronto para ser um lutador profissional
  • Kruang, paprachiat ou prajied
  • Phuang Malai, guirlanda de flores para dar sorte luta

Benefícios

Rede de academias de lutas fundada em 2009, a Team Nogueira trabalha com o foco na qualidade de vida. Claro que ser competitivo também é importante em uma academia que tem ou teve atletas de ponta do MMA, como o Spider Anderson Silva, Júnior Cigano e Rafael Feijão, além dos donos, Minotouro e Minotauro. Todos campeões. Mas a filosofia é de que nem todo mundo que vai praticar uma arte marcial quer partir para o ringue em busca de cinturões e troféus. Muita gente quer apenas se exercitar, emagrecer, melhorar a autoestima e mandar as tensões do dia a dia embora. Na Team Nogueira, por exemplo, 95% dos praticantes são alunos e apenas 5% são atletas.

– Não estamos preocupados se a pessoa vai sair dali com a técnica super apurada. É claro que nós damos valor para a técnica bem feita, até porque se ela é mal feita, pode causar lesão. Mas a nossa preocupação, de uma maneira geral, é intensificar o exercício de acordo com uma melhor qualidade de vida, com a queima calórica e alivio de estresse, sem aquele contato extremo que é a forma competitiva do muay thai – explica, comentando alguns dos muitos benefícios da luta.

  • Emagrece: a perda calórica numa aula vai de 600 a 900 calorias, podendo passar de mil calorias em treinos mais intensos
  • Aprimora o reflexo e a concentração
  • Ajuda na autoestima
  • Dá resistência
  • Aumenta a flexibilidade
  • Ensina técnicas de defesa pessoal
  • Trabalha autocontrole, postura e disciplina
  • Melhora condicionamento físico, musculatura das pernas, panturrilha, abdominal, quadris, braços e peitoral
  • Alivia o estresse

Prática de Muay Thai no saco de pancadas — Foto: Getty Images

Para o atleta que compete, a metodologia aplicada exige muita corrida, condicionamento físico e treino técnico. Isso tudo ocorre no "Camp" – período de treinamento para uma determinada competição. Os atletas costumam correr 10 km por dia, praticar no thai pad (aparadores de chute), nos sacos de pancada e com o sparring (lutar a soco).

– No treino, o sparring não é para machucar o seu parceiro de combate. Vocês precisam do corpo um do outro como material humano. O treino não é lugar de se machucar, é de aprimorar a sua técnica. Hoje em dia o que acontece muito é atleta chegando para a competição já lesionado por causa de um treino muito intenso – alerta Warner.

É comum confundir o muay thai com kickboxing. Mas o que diferencia os dois é, por exemplo, a cotovelada, presente no boxe tailandês, mas não no kickboxing, e outras regras básicas da competição, como o clinch (ação de segurar a cabeça do oponente), que no kickboxing só pode usar o joelho uma vez. Warner conta que alguns campeonatos de muay thai no Brasil hoje utilizam a regra de kickboxing.

Quem vai bater em saco deve usar uma luva com mais proteção na parte frontal, com mais estofamento — Foto: iStock Getty Images

Seja um atleta profissional ou um atleta amador, aluno de academia, o tratamento dado pelo treinador ou professor deve ser sempre individualizado. O muay thai aprimora o reflexo, ajuda na autoestima, dá resistência, auxilia na queima calórica, além de ensinar algumas técnicas de defesa pessoal.

– No caso de atleta, o comportamento do treinador é mais rígido, rigoroso, agressivo. A tendência é sugar o máximo do atleta. Já o aluno está ali por uma questão de qualidade de vida. Ele quer buscar algo saudável. E a vida do atleta nem sempre é tão saudável, se você tem um nível de estresse alto para a competição – explica o mestre, destacando que para o praticante comum, o esporte é benéfico para a saúde. - Para isso, tem que ter postura correta, porque se não tiver, isso vai acabar em lesão. O professor precisa ter capacidade técnica de conduzir uma boa aula e observar a biomecânica do movimento correto. Assim como o aluno tem que respeitar o próprio limite.

Além de respeitar os limites, os exercícios precisam ser regulamentados, devem ter o tempo certo e o praticante deve saber o momento de descansar. Não existe contraindicação. Basta um atestado médico para praticar exercício físico e você está apto para o muay thai. É importante lembrar que se o praticante possuir algum tipo de restrição médica, o professor deve ser informado sobre isso.

– Descansar também é treino. Se for treinar todo dia tem que ser bem cadenciado. Overtraining gera a lesão. O importante é lembrar sempre: estou fazendo muay thai para melhorar a minha saúde – lembra Warner.

No caso de competidores, a dieta também é fundamental. Atletas de alta intensidade tendem a perder muito peso e líquido. Warner conta que tem atleta que perde de 15 kg a 20 kg em até três meses antes da luta. Nesse caso, o preparador físico, o fisioterapeuta e o nutricionista devem fazer parte do time do profissional para que ele possa ter um bom rendimento. A perda do peso traz muito sacrifício para o competidor, que chega na hora da luta fraco. O corpo dos atletas amadores não sofre tanto. Mas orientação médica e nutricional são sempre indicadas.

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