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Por Guilherme Renke

Médico endocrinologista da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia e Médico do Esporte Titular da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte

Rio de Janeiro


Até bem pouco tempo atrás, o tratamento da obesidade e do sobrepeso se resumia ao uso de pouquíssimos medicamentos, o que limitava muito os pacientes. No entanto, o aumento da prevalência dessa condição na população e sua relação com o risco cardiovascular e de doenças como o Diabetes fizeram surgir inúmeros estudos no início dos anos 2000, que deram origem a medicamentos largamente utilizados atualmente como os análogos do GLP-1 e GIP (liraglutida, a semaglutida e a tirzepatida).

Remédios para auxiliar no emagrecimento têm ganhado força nos últimos 20 anos — Foto: iStock

Os bons resultados dessas drogas criaram um mercado insaciável para a pesquisa de medicamentos para perda de peso, especialmente na forma oral, já que as injeções são um empecilho para muita gente. Nos últimos cinco anos, empresas farmacêuticas biotecnológicas estão avançando com formulações orais de acordo com a preferência do paciente.

Uma das novidades é o medicamento ARD-101, que modula o receptor de sabor amargo (TAS2R) reduzindo a fome, diferente dos atuais medicamentos GLP-1 - que influenciam principalmente o apetite.

Em estudos com humanos, o ARD-101 oral nas doses de 40, 100 e 240 mg reduziu a ingestão de alimentos, o peso corporal e regulou negativamente as citocinas inflamatórias. O medicamento está em fase final de desenvolvimento para posterior aprovação dos órgãos regulatórios.

Medicação em combate ao sobrepeso deve ser aliada de boas práticas, como exercícios e alimentação balanceada — Foto: Istock Getty Images

Uma outra novidade é o uso da já conhecida Semaglutida oral (já disponível nas doses de 3, 7 e 14mg), no entanto, com doses maiores; a nova formulação de comprimidos de 50 mg uma vez ao dia deste agonista do receptor GLP-1 está entre as mais próximas drogas a serem aprovadas.

A formulação foi estudada para perda de peso em indivíduos com sobrepeso e obesidade no estudo OASIS 1, no qual alcançou-se uma perda de peso de 15,1% ao longo de 68 semanas, em comparação com uma redução de 2,4% com placebo. Destas pessoas, 84,9% alcançaram uma perda de peso ≥ 5% vs 25,8% com placebo. Além disso, o estudo OASIS 4 está investigando a dose oral menor de 25 mg e os resultados são esperados para este ano.

Outra medicação é a Amicretina na forma oral; os resultados dos estudos mostraram uma redução média de -13,1% após 12 semanas de tratamento com esta, uma vez ao dia, em comparação com -1,1% para o placebo.

Cirurgia bariátrica — Foto: iStock

A segurança e tolerabilidade favorável e o perfil farmacocinético observados no ensaio permitem um maior desenvolvimento da amicretina. Além dessa droga, existe o desenvolvimento do monlunabant (INV-202), um agonista inverso do receptor CB1 que mostrou potencial de perda de peso na fase 1 com um perfil de segurança e tolerabilidade favorável, e está atualmente sendo investigado na fase 2 em doença renal diabética e obesidade.

Por último, uma nova droga ainda em desenvolvimento inicial: o APH-012, que mostrou-se promissor em estudo de fase 2 com a dose oral diária de 12g para o tratamento da obesidade. Esse medicamento tem múltiplas ações: a liberação de hormônios intestinais que controlam múltiplas funções homeostáticas, como apetite, fome, saciedade, metabolismo da glicose, e gastos com energia.

Dieta vegana EU Atleta — Foto: iStock

Vale lembrar que o tratamento medicamentoso da obesidade e do sobrepeso são eficientes em associação com a mudança do estilo de vida, prática regular de exercícios físicos, dieta saudável e suplementação quando necessário. O uso de qualquer medicamento por conta própria traz enorme risco para a saúde e os médicos advertem o uso sem acompanhamento médico regular.

* As informações e opiniões emitidas neste texto são de inteira responsabilidade do autor, não correspondendo, necessariamente, ao ponto de vista do ge / Eu Atleta.

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