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Por Ana Paula Simões

Professora instrutora e mestre em Ortopedia e Traumatologia do Esporte pela Santa Casa de São Paulo e diretora da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte

São Paulo


Dor no dedão, calos por saliência óssea, deformidade, dificuldade para utilizar calçados fechados: essas são as principais queixas relacionadas ao antepé, principalmente em atletas. Se você sofre com esses problemas, abaixo apresentamos algumas orientações que podem ajudar principalmente no que tange à maior queixa no consultório do especialista: o joanete!

Joanetes: tratamento começa com a escolha de sapatos adequados, mas pode exigir intervenções maiores — Foto: Istock Getty Images

O “ dedo a mais” é cientificamente conhecido como hálux valgo e acomete aproximadamente 23% da população adulta. Sua incidência aumenta com a idade, estando presente em 37,5% das pessoas acima de 65 anos. É mais comum nas mulheres e apresenta como causa fatores genéticos e ambientais, sendo a utilização de calçados desconfortáveis (bico fino, salto alto, tênis apertado na frente) um dos principais potencializadores da doença.

Para sintomas leves, a mudança na escolha dos sapatos, favorecendo calçados abertos ou mais largos, ajuda a aliviar as queixas:

  • No esporte: cabedal amplo, de tecido e respirável ajuda muito. Evite material duro na parte interna para não causar fricção e dor.
  • No trabalho: recomenda-se evitar o bico fino e o salto alto, dando-se preferência para calçados com tecidos mais macios e com bicos quadrados ou redondos.

Pacientes com sintomas moderados ou graves podem obter alívio com calçados confortáveis , porém geralmente necessitam de tratamento de maiores intervenções, como mudanças biomecânicas e procedimentos cirúrgicos minimamente invasivos.

Cirurgia

A abordagem tradicional, temida por alguns pacientes devido às elevadas taxas de recidiva e ao longo período de recuperação, muito evoluiu nas últimas décadas, apresentando atualmente resultados excelentes e mais duradouros.

A cirurgia percutânea é feita por uma via minimamente invasiva, sendo uma técnica cirúrgica realizada por incisões milimétricas com o objetivo de permitir correções por meio de abordagens ósseas, ligamentares e/ou tendinosas.

Essa técnica vem sendo desenvolvida há 65 anos, mas teve destaque nos Estados Unidos e na Europa nas décadas de 1980 e 1990. Seguindo a tendência mundial de diminuir a agressividade das cirurgias minimizando a dor e as complicações pós-operatórias, destaca-se como ótima opção para pacientes que prezam por um pós-operatório menos doloroso, uma menor cicatriz e um retorno mais rápido às atividades esportivas.

A cirurgia é indicada respeitando as alterações radiográficas e as características individuais de cada paciente. Em geral, a alta hospitalar ocorre em até 12 horas, estando o paciente já autorizado a pisar no chão no mesmo dia, com uma sandália especial que deve ser utilizada por aproximadamente 30 dias ou até consolidar.

O tempo de retorno ao trabalho e ao esporte depende da atividade exercida, de acordo com a modalidade e evolução da cicatrização. Bem-vindos aos avanços da medicina!

Bons treinos valentes! Qualquer dúvida, nos escreva!

Ana Paula Simões e Matheus Levy Souza, ortopedistas especialistas em pé e tornozelo .

* As informações e opiniões emitidas neste texto são de inteira responsabilidade do autor, não correspondendo, necessariamente, ao ponto de vista do ge / Eu Atleta.

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