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Por Raquel Castanharo

Mestre em Biomecânica da Corrida e fisioterapeuta na Clínica Raquel Castanharo. É especializada em corredores de rua (@raquelcastanharo)

Jundiaí, SP


Eliud Kipchoge em sua vitória na maratona de Londres: queniano vai tentar ser o primeiro homem a correr uma maratona em menos de duas horas — Foto: EUTERS/Paul Childs

Na madrugada deste sábado, acontecerá o INEOS 1:59 Challenge, uma tentativa do queniano Eliud Kipchoge de quebrar a barreira das 2 horas em uma maratona. Além de todos os holofotes sobre esse grande corredor, recordista mundial com 2h01min39s, campeão nos Jogos Olímpicos Rio 2016 e favorito a Tóquio 2020, o tênis usado na prova também é alvo de muita atenção. A linha Vaporfly, da Nike, possui uma placa de carbono no solado, que promete uma economia de energia de 4% na corrida; e há especulações de que o protótipo que será usado no Ineos chegaria a 6%. Outras marcas também estão lançando modelos com o mesmo estilo de tecnologia. Mas afinal, o que realmente faz essa placa de carbono?

O objetivo é tornar a impulsão mais eficiente, otimizando algo que o corpo já faz: corremos porque empurramos o chão para trás, assim o chão nos empurra para frente. Os motores desse movimento são, principalmente, as panturrilhas e os glúteos; e para que a força desses músculos seja transferida para o chão, os ossos do pé, neste momento, ficam em uma posição de “bloqueio”. Ou seja, o pé fica rígido para funcionar como uma espécie de alavanca. E é aí que entra a placa de carbono, para tornar essa alavanca no chão muito mais rígida e a impulsão mais potente.

Há até hoje dois estudos científicos mostrando que o Vaporfly 4% diminui o gasto de energia em torno de 3% durante a corrida. Não há pesquisas sobre aumento do risco de lesão.

Para um atleta como Kipchoge, que já está no seu limite de treinamento e desempenho, um tênis assim é um algo a mais que realmente pode fazer a diferença. Já para um corredor amador que não esteja super em forma, focar em seu treinamento é mais vantajoso do que depositar esperanças em equipamentos.

Se Eliud conseguir correr os 42,195 m em menos de duas horas, eu não tenho dúvidas de que o mérito é todo dele. Mas, sim, parece que tais placas de carbono vieram colocar a velocidade da corrida em outro patamar.

* As informações e opiniões emitidas neste texto são de inteira responsabilidade do autor, não correspondendo, necessariamente, ao ponto de vista do Globoesporte.com / EuAtleta.com.

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