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Por Alberto Borges, para o EU Atleta — Campinas, SP


Quando se fala em diabetes, a primeira coisa que vem à cabeça é o consumo de açúcar, mas a ingestão de álcool também interfere na doença. Por isso, muitos perguntam o que é mais perigoso para diabetes: açúcar ou álcool?

O açúcar e o álcool podem ser perigosos para pessoas com diabetes, mas de maneiras diferentes, de acordo com a a nutricionista Karinee Abrahim, especialista em metabolismo.

Caipirinha é uma bebida alcoólica que contém muito açúcar — Foto: iStock

Açúcar

O açúcar eleva rapidamente os níveis de glicose no sangue, o que pode ser especialmente perigoso para os diabéticos, cujos organismos têm dificuldade para regulação desses níveis. Isso pode causar sintomas como sede excessiva, micção frequente, fadiga e visão turva.

Quando há consumo de alimentos com açúcar, como carboidrato simples, o açúcar é digerido e quebrado em glicose no trato digestivo. A glicose é absorvida pelo intestino delgado e entra na corrente sanguínea, causando a elevação do nível de glicose.

A longo prazo, picos constantes de açúcar no sangue podem levar a complicações de saúde graves, portanto, em comparação, o açúcar é mais prejudicial para diabetes do que o álcool. Mas isso não quer dizer que bebidas alcoólicas não sejam prejudiciais. Elas também devem ser evitadas e consumidas com moderação pelos diabéticos.

Álcool

Bebidas alcoólicas contêm carboidratos e açúcares que elevam os níveis de glicose no sangue. Além disso, o álcool interfere na capacidade do fígado de liberar glicose na corrente sanguínea, o que pode resultar em hipoglicemia (nível de açúcar no sangue muito baixo). Isso provoca sintomas como confusão, tontura e fraqueza.

O álcool também pode dificultar a identificação e a resposta aos sintomas de hipoglicemia, representando risco adicional para pessoas com diabetes.

O nutrólogo Thomáz Baêsso explica que o álcool é uma molécula pequena, rapidamente absorvida pelo intestino e logo convertida em acetaldeído - substância tóxica ao corpo e que interfere em diversos sistemas.

— Há ainda o efeito de gerar a hipoglicemia do álcool, que pode ser seguido de estímulo ao consumo excessivo de alimentos de rápida digestão, como açúcares, o que, por si só, atrapalha o controle da doença — comenta o médico.

Informações nutricionais de bebidas alcóolicas

Identificar o quanto de açúcar há na composição das bebidas alcoólicas é de enorme importância para quem é diabético e quer manter os níveis de glicose estáveis.

Confira as calorias de bebidas alcoólicas tradicionais:

  • Cachaça: 115 cal em 1 dose (50 ml);
  • Caipirinha de limão com cachaça e açúcar: 263 cal em 1 copo (200 ml);
  • Cerveja: 151 cal em 1 lata (350 ml);
  • Gin: 60 cal em 1 dose (30 ml);
  • Saquê: 50 cal em 1 dose (35 ml);
  • Uísque: 120 cal em 1 dose (50 ml);
  • Vinho tinto: 107 cal em 1 taça (125 ml);
  • Vodca: 120 cal em 1 dose (50 ml);
  • Espumante: 110 cal em 1 taça (125 ml).

Enquanto isso, 1g açúcar contém 4 calorias e uma colher de chá com açúcar contém 20 calorias.

Comparativamente, o açúcar puro, como o açúcar de mesa, contém aproximadamente 4 gramas de carboidratos por colher de chá (4 gramas) e é 100% carboidrato simples.

Enquanto as bebidas alcoólicas podem conter uma quantidade significativa de carboidratos, principalmente na forma de açúcares, o açúcar puro geralmente tem uma concentração mais alta de carboidratos simples.

No entanto, é importante que pessoas com diabetes monitorem a ingestão de ambos e mantenham controle adequado da dieta e do consumo de álcool.

Desenvolvimento de diabetes

O consumo excessivo e regular de bebidas alcoólicas pode aumentar o risco de desenvolver a doença. O álcool pode contribuir para o ganho de peso, o que é fator de risco para o diabetes tipo 2. Além disso, o exagero no álcool pode levar à resistência à insulina, tornando o corpo menos eficiente na utilização da insulina, colaborando para o aparecimento da doença.

Em contraponto, o médico endocrinologista Francisco Tostes salienta que o consumo moderado de bebida alcoólica não aumenta significativamente os níveis de glicose ou insulina no sangue, principalmente se ingerido junto com comida. Aparentemente não há diferença entre os tipos de bebida, sendo a dose total de álcool consumida o fator mais relevante. No entanto, o açúcar contido na composição de alguns drinques pode provocar o pico da glicose.

Tipos de diabetes

Existem três tipos principais de diabetes: tipo 1, tipo 2 e gestacional.

O diabetes tipo 1 é caracterizado pela incapacidade do corpo de produzir insulina, geralmente diagnosticado em crianças e adultos jovens. A causa exata não é conhecida, mas fatores genéticos e ambientais têm influência. O tratamento envolve a administração de insulina, o monitoramento dos níveis de glicose e uma dieta equilibrada.

O diabetes tipo 2 resulta de resistência à insulina ou produção insuficiente de insulina. É mais comum em adultos, mas também pode afetar crianças e adolescentes, especialmente com o aumento da obesidade. Fatores de risco incluem excesso de peso, inatividade física e histórico familiar. O tratamento pode envolver mudanças no estilo de vida, medicamentos e, em alguns casos, insulina.

O diabetes gestacional ocorre durante a gravidez e geralmente desaparece após o parto. Pode aumentar o risco de complicações para a mãe e o bebê durante a gravidez e o parto. O tratamento envolve controle da dieta, monitoramento da glicose e, às vezes, medicação.

Cada tipo de diabetes requer uma abordagem única de tratamento e gestão para controlar os níveis de glicose no sangue e prevenir complicações.

Fontes:

Karinee Abrahim é nutricionista com ênfase em metabolismo e emagrecimento. Formada pela Universidade Estácio e pós-graduada em Metabolismo e Emagrecimento na Uniguaçu, é membro associado da Sociedade Brasileira de Medicina da Obesidade (SBMO), com experiência em nutrição esportiva e emagrecimento.

Thomáz Baêsso (@thomazbaesso) é médico atuante em Nutrologia, afiliado do Instituto Nutrindo Ideais (@nutrindoideais)/SP, com experiência em emagrecimento, hipertrofia e saúde sexual.

Francisco Tostes (@doutortostes) é endocrinologista, pós-graduado em Clínica Médica, Endocrinologia e Medicina do Esporte, mestre em Bioquímica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), sócio do Instituto Nutrindo Ideais (@nutrindoideais) e pesquisador em terapias hormonais.

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