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Por Redação do EU Atleta — São Paulo


Marcos Llorente, do Atlético de Madrid, revelou em uma entrevista que tem uma alimentação baseada na dieta paleolítica, que, inspirada nos homens das cavernas da "Idade da Pedra", prevê o consumo de alimentos in natura, não processados, e proíbe industrializados, todos cereais, leite e derivados.

Marcos Llorente em jogo do Atlético de Madrid contra a Inter de Milão na Liga dos Campeões — Foto: Violeta Santos Moura/Reuters

Embora não seja totalmente verdade que os seres humanos pré-históricos tinham uma dieta assim, o cardápio paleolítico se tornou popular nos últimos anos, pregando o consumo de alimentos ligados à coleta e à caça, como nos tempos dos nossos ancestrais no Paleolítico (período compreendido entre a origem do homem e 10.000 a.C.).

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Cardápio da dieta paleolítica

Por isso, a dieta paleolítica preconiza o consumo de alimentos de origem animal e vegetal:

  • Frutas
  • Verduras
  • Carnes com baixo teor de gordura
  • Peixes e frutos do mar
  • Ovos
  • Oleaginosas
  • Sementes
  • Gorduras e óleos saudáveis, como de abacate e azeite extravirgem
  • Mel
  • Água

Por outro lado, a dieta paleolítica evita os seguintes alimentos:

  • Cereais e alimentos que os contenham
  • Leguminosas
  • Açúcar refinado e adicionado e produtos doces
  • Leite, queijo e outros derivados
  • Alimentos e bebidas industrializados
  • Carnes processadas, embutidos e ultraprocessados
  • Sal refinado e alimentos que o contenham
  • Óleos vegetais refinados
  • Café
  • Bebida alcoólica

— A dieta paleolítica é um estilo de vida e uma forma de viver. Com isso viverei e morrerei. Faço-a pela saúde e não pelo futebol. Tenho a certeza de que, quando terminar a minha carreira, continuarei a cuidar de mim da mesma forma ou até melhor do que faço agora — disse Llorente em entrevista ao programa "El Larguero" da rádio Cadena SER.

— Consiste em comer o que se comia no Paleolítico. Tem que eliminar todos os alimentos ultraprocessados. Nem sequer olhar para eles. E também os cereais. Tudo o que é massa, pão, trigo, arroz, está de fora, assim como os laticínios. Queijos só os de alta qualidade. Eu como de tudo. Carne, peixe, ovos, vegetais, carboidratos como batata doce e mandioca — complementou o espanhol.

Apesar do nome, dificilmente a dieta paleolítica é exatamente o que os humanos pré-históricos comiam. Primeiro porque isso dependia do que havia disponível na região onde as pessoas viviam. Segundo que há registros de que cereais e grãos eram, sim, consumidos na pré-história.

É verdade, porém, que uma dieta de alimentos in natura é mais saudável, pois contém menos calorias, sal, açúcar e gordura.

— Pode ser uma alternativa para ajudar a emagrecer ou controlar os níveis de glicose no sangue, considerando que inclui o consumo de alimentos naturais como frutas, carnes magras, peixes e mariscos, verduras e castanhas. Muitos destes alimentos são ricos as fibras e, por isso, promovem maior sensação de saciedade e podem também contribuir no ganho de massa muscular, pois as proteínas favorecem a formação de tecido muscular — explica o médico nutrólogo Durval Ribas Filho, presidente da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran).

Benefícios da dieta paleolítica

É uma dieta que tem os seguintes benefícios em potencial, de acordo com a nutricionista Letícia Canelada: perda de peso, redução da inflamação, melhora da saúde metabólica, aumento da sensibilidade à insulina e uma melhora na qualidade de vida.

A dieta paleo serve tanto para emagrecimento quanto para casos de hipertrofia, bem como para a melhora no desempenho esportivo. O grande segredo está em adequar a distribuição dos macronutrientes (carboidrato, proteína e gordura) frente ao objetivo e às necessidades atuais — explica a especialista.

Os alimentos da dieta paleolítica são ricos em fibras, proteínas, vitaminas e minerais.

— Isso contribui para reduzir o risco de doenças crônicas, por evitar o acúmulo de gordura nos vasos e regular os níveis de açúcar no sangue — destaca o presidente da Abran.

Pelo lado do desempenho esportivo, a dieta dieta paleolítica é útil porque visa manutenção do peso e, em razão da maior ingestão de proteínas, contribui para a construção e a manutenção de músculos.

— Por ter como base uma alimentação rica em proteínas, fornece os aminoácidos necessários para a construção dos músculos, favorecendo assim o ganho de massa muscular.

O que dizem estudos

Um estudo publicado em 2017 no Journal of Ethnic Foods concluiu que "a dieta paleolítica pode ser uma solução holística para uma boa saúde", pois "é capaz de prevenir a síndrome metabólica", embora a idade, o sexo e o estado de saúde dos consumidores sejam "parâmetros críticos para a eficácia".

Estudo de 2019, publicado na Advances in Nutrition, com revisão de metadados de outras pesquisas, mostrou que a dieta paleolítica diminuiu peso, Índice de Massa Corporal (IMC), percentual de gordura corporal e pressão arterial e melhorou os índices de colesterol, mas ressaltou que não é possível tirar conclusões sobre os efeitos a longo prazo.

Em uma análise de três meses em indivíduos com diabetes tipo 2, publicada em 2009 no Cardiovascular Diabetology, a dieta paleolítica demonstrou ajudar mais no controle glicêmico, com a melhoria de fatores de risco cardiovascular, em comparação com outros tipos de alimentação.

Segundo um compilado das informações disponíveis na Ciência, disponível no site da Universidade de Harvard, a dieta paleolítica resulta em maior perda de peso, redução da circunferência da cintura, diminuição da pressão arterial, aumento da sensibilidade à insulina e melhora do colesterol, tendo mais benefícios do que em uma dieta comum em curto prazo.

Entretanto, a longo prazo, apesar de ainda não existirem muitos estudos que façam tal análise, a dieta paleolítica reduziu mais drasticamente o peso em seis meses do que a dieta comum, mas não em 24 meses.

Os benefícios dos queijos brancos e amarelos

Os benefícios dos queijos brancos e amarelos

Riscos da dieta paleolítica

Por ser uma dieta restritiva, com a limitação de certos alimentos, o risco é o de se desenvolver deficiências nutricionais.

— Pode se citar, por exemplo, a exclusão dos legumes, que são ricos em fibras, proteínas e diversos micronutrientes, incluindo ferro, zinco e cobre. Sem os grãos na dieta se perde também uma ótima fonte de fibra e outros nutrientes essenciais — exemplifica Durval.

Se a dieta não for balanceada e orientada e houver um consumo de proteínas em excesso, corre-se o risco de certos desequilíbrios no metabolismo, associados a problemas renais e perda de cálcio.

Há pessoas que incluem períodos de jejum prolongado, o que pode ocasionar, ainda, desmaios e até confusão mental.

No caso do cálcio, a causa é a exclusão de queijos da dieta. Há adeptos da dieta que consomem queijos duros, que são aqueles mais altos em gorduras e apresentam menor potencial inflamatório devido à quebra da caseína A1 que ocorre ao longo do processo de maturação.

— Caso você opte por realmente não consumir laticínios, há outros alimentos nos quais há uma boa quantia de cálcio a cada 100g, como quiabo (123mg), rúcula (117mg), feijão branco (90mg), tahine ou gergelim (825mg), couve (177mg) e agrião (133mg) — orienta Letícia.

Contraindicações da dieta paleolítica

O alerta da contraindicação é para pessoas com alguma doença renal crônica ou que já possuem uma dieta restrita ao consumo de proteínas.

Indivíduos com problemas digestivos (gastrointestinais), como diverticulite, também não devem seguir a dieta paleolítica, pois certos alimentos, como as nozes, podem agravar a doença.

Lembre-se: em qualquer dieta, a recomendação é se ter a orientação de médico especialista ou nutricionista, para avaliar as condições do organismo, antes do início de uma mudança na alimentação, principalmente as restritivas de alguns grupos alimentares, como é o caso da dieta paleolítica.

Fontes:

Durval Ribas Filho é médico nutrólogo, fellow da Obesity Society e presidente da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran).

Letícia Canelada é nutricionista do Instituto Nutrindo Ideais (@nutrindoideais)/SP. Formada pela Universidade São Camilo, tem especialização em Nutrição Clínica Funcional e Genômica Nutricional na Prática Clínica. Atua em casos de emagrecimento, hipertrofia, síndrome metabólica, doenças autoimunes, transtornos alimentares, reeducação alimentar e qualidade de vida.

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