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Por Gabriela Bittencourt, para o EU Atleta — Aberystwyth, País de Gales


Usando carrinhos triciclo para corridas, comece com caminhadas e trotes leves, aumentando progressivamente velocidade e distância — Foto: Pixabay

Para ficar em dia com as atividades físicas e aproveitar para fazer um passeio, há pais que optam por levar seus filhos pequenos no carrinho de bebê durante corridas no dia a dia. Se a criança foi liberada pelo pediatra para passeios, está alimentada, hidratada e descansada e todos os cuidados com sua segurança foram levados em conta, a atividade pode ser muito prazerosa também para ela. Sim, o seu bebê pode aproveitar muito a experiência da corrida.

Médica pediatra e intensivista do Setor de Urgências e Emergências da Santa Casa de São Paulo, Maria Augusta Junqueira Alves explica que a atividade estimula a produção de endorfina também na criança, que sente alegria e, depois, sono. Isso porque, após liberar endorfina, a criança tende a entrar em um estado de relaxamento e dormir. Mas é importante destacar que o tempo de corrida precisa ser limitado a, no máximo, uma hora, mesmo que o bebê esteja dormindo. Esse é o tempo limite para o bebê curtir, não sentir fome, não precisar trocar a fralda e não ter seu descanso atrapalhado, gerando irritação posterior.

– A maioria dos bebês, logo que a corrida começa, abre um sorriso e faz carinha de surpresa ao longo do passeio. Mas isso varia de criança para criança. Há aquelas que toleram até cerca de uma hora de corrida, mas outras não. Os pais têm que observar a reação do bebê. É sempre muito perceptível se ele está gostando – completa.

Alves diz que é possível começar a correr com o bebê no carrinho a partir dos 6 ou 8 meses. A médica comenta que um dos indicativos de que ele já pode acompanhar os pais na corrida é se for capaz de sustentar a cabeça e o tronco. Porém, quem vai definir a idade adequada é o pediatra da criança, que fará uma avaliação de sua capacidade de sustentação musculoesquelética.

– O balanço do carrinho oferece riscos para a coluna do bebê, que, dependendo da idade, ainda não tem musculatura paravertebral bem desenvolvida para oferecer estabilidade suficiente. Além disso, movimentos semelhantes a chicoteamento do pescoço e região cefálica podem acarretar sangramentos cerebrais – alerta.

Ou seja, antes de começar a correr é fundamental:

  • Conversar com o pediatra para definir a data da primeira corrida;
  • Que o bebê já sustente com estabilidade tronco e cabeça, tendo a musculatura paravertebral bem desenvolvida, o que ocorre lá pelos 6 a 8 meses, mas deve ser avaliado caso a caso.

Com autorização do pediatra, bebês entre 6 e 8 meses que já sejam capazes de sustentar o tronco e a cabeça podem acompanhar os pais na corrida — Foto: Pexels

Como escolher um carrinho próprio para corrida

Gestora médica do Serviço de Terapia Intensiva da Santa Casa de São Paulo, Alves adverte que a escolha do carrinho de bebê merece uma atenção especial. Segundo a pediatra, o modelo indicado é o triciclo para corridas. Com três rodas semelhantes a pneus, sendo duas traseiras e uma dianteira, e assento virado para frente, esses carrinhos foram desenvolvidos para que os pais possam levar seus filhos na corrida, pois garantem mais estabilidade durante a atividade.

Mas é preciso ter atenção. A pediatra lembra que há modelos de triciclo no mercado que não contam com trava na roda dianteira, não sendo indicados para a prática de corridas. Sendo assim, é importante pedir orientação na loja quando for comprar o equipamento.

A médica enfatiza que não se deve jamais usar carrinhos de quatro rodas, nem mesmo os modelos de passeio. Se a criança virar uma companhia na corrida, o triciclo será o indicado até os seus 3 anos.

– Os modelos de passeio contam com rodas giratórias. Para corridas, o carrinho precisa ter pneus e trava na roda dianteira, o que dá estabilidade durante a corrida. Não se pode mudar o modelo de carrinho quando o bebê cresce. Tem que ser o triciclo independentemente da idade da criança – salienta.

De acordo com a médica, o carrinho escolhido deve ser:

  • Do modelo triciclo para corridas

E deve ter:

  • Amortecedores para reduzir o impacto da corrida;
  • Freios de rodas traseiras e trava na roda dianteira, para proporcionar mais estabilidade durante a corrida e curvas;
  • Cinto de segurança de três a cinco pontas;
  • Cabine com formato semelhante ao de um cockpit;
  • Apoio alto para empurrar;
  • Cobertura ventilada para evitar exposição do bebê ao sol.

A criança deve estar alimentada, hidratada e descansada para participar da corrida — Foto: Pixabay

Preparativos e recomendações para o momento de correr

Mesmo que escolham um modelo estável para levarem os filhos na corrida, a pediatra aconselha que os pais treinem com o carrinho vazio antes. Essa medida é importante para que possam se acostumar com a altura do apoio para empurrar e se condicionem a correr conduzindo o equipamento. Passados esses treinos, a recomendação é começar as corridas com a criança de forma gradativa.

– Inicie a atividade com o bebê progressivamente, com ritmo menos intenso, como caminhada e trote leve, e distâncias pequenas – sugere.

Além disso, a médica aponta outros cuidados que devem ser adotados para garantir que a corrida seja benéfica para a criança e não proporcione desconfortos e riscos à sua saúde.

  • Alimente e hidrate o bebê antes da atividade. A criança também deve estar descansada e com fraldas limpas;
  • Leve itens fundamentais de higiene e líquidos para evitar desidratação e desconforto durante o trajeto;
  • Faça a atividade em horários com temperaturas mais amenas e use protetor solar na criança;
  • Corra em áreas apropriadas e sem desníveis, como pistas de corridas ou parques com terrenos regulares;
  • Evite correr em dias chuvosos ou com muito vento;
  • Não utilize fones de ouvido. Esse cuidado é fundamental para evitar desatenção durante o percurso com o seu filho e acidentes;
  • Observe a reação do bebê à corrida a todo o momento. Fique atento a sinais como choro, irritabilidade e regurgitação, que podem indicar que ele não está se sentindo bem. Quando ainda estiverem se ambientando com a atividade, vale correr na companhia de mais uma pessoa. Assim, como a criança fica virada para frente, dá para garantir uma maior atenção a ela;
  • Jamais corra por mais de uma hora. Essa dica vale mesmo que o bebê goste de correr com você e já esteja acostumado com a atividade. Como a tendência é que ele pegue no sono, esse é o tempo limite para garantir que a experiência não acabará estressando o seu filho.

Tomando todos esses cuidados e observando se a criança tem reações positivas durante a corrida, a pediatra diz que ela aproveitará muito a atividade. Sem contar que, desde novinha, já será inserida em uma rotina de atividade física, aprendendo desde cedo sobre a importância dos exercícios para a saúde.

– Para cada faixa etária, há um tipo de movimento que pode ser feito para a criança se adaptar para a prática de esportes. Esse é um dos exemplos indicados para a primeira infância. O contato com o esporte quando bebê também é importante para estimular a prática de exercícios no futuro – conclui.

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