Nasci em Santa Maria, Rio Grande do Sul, tenho 44 anos. Sou educadora física, me formei em biologia e fonoaudiologia também. Sempre pratiquei atividade física: fiz balé, ginástica, musculação, natação, street dance, atletismo. Dos cinco anos até hoje, “quase” não parei.
O “quase” começou em 2003, quando tive um pneumotórax espontâneo. Realizei uma cirurgia e começaram as investigações. Meu diagnóstico foi fibrose pulmonar por hipersensibilidade, uma doença progressiva e sem tratamento. Convivi com ela sem sintomas importantes até 2009, quando meu fôlego para correr e subir escadas diminuiu.
A “coisa” foi piorando até que, no final de 2010, escovar os dentes passou a ser uma tarefa cansativa.
Em janeiro do ano seguinte comecei a reabilitação pulmonar e passei a usar oxigênio auxiliar. Em abril desse mesmo ano entrei na fila de transplante e cinco meses depois, recebi o pulmão novo. Em julho de 2011 me formei em Educação Física, usando concentrador portátil e cadeira de rodas.
Meu retorno aos treinos foi bem lento, iniciei do zero. Tenho dois pulmões, mas apenas um funciona – o meu, original, foi tomado pela fibrose. Do doador sei apenas que foi um senhor que teve complicações e faleceu 6 meses depois do transplante.
Felizmente, minha recuperação foi ótima! Fiquei sabendo dos Jogos Mundiais para Transplantados (World Transplant Games) e me interessei bastante. Na época de colégio, me destacava nas olimpíadas escolares em provas de 100m e 200m rasos, por isso entrei em contato com meu antigo treinador de atletismo.
Em 2015, fui a primeira mulher brasileira a participar dos jogos – consegui uma medalha de ouro e uma de prata, em 2017, na Espanha, consegui 3 medalhas para meu país. Em 2019 os Jogos Mundiais pra Transplantados serão em New Castle, na Inglaterra e espero estar lá representando o Brasil de novo.
Mas, o mais importante é levantar a bandeira da doação de órgãos. Vivo com um único pulmão em funcionamento, mas é esse pulmão que me dá fôlego para a vida nova!!
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