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Por Turibio Barros e Gerseli Angeli

Mestres e doutores em Fisiologia do Exercício pela UNIFESP-EPM

Campos do Jordão, SP


O questionamento a respeito dos limites do corpo é um ponto sempre presente quando se discute a evolução do desempenho dos atletas nas mais diferentes modalidades esportivas.

Podemos lembrar da barreira dos 10 segundos na prova de 100 metros rasos. O ser humano levou mais de um século para quebrar esse recorde, pois a primeira vez que um atleta conseguiu esse feito foi em 1968, quando o americano Jim Haines fez a prova em 9,95s nas Olimpíadas do México. Atualmente mais de uma centena de atletas já correu os 100 metros abaixo de 10 segundos, e o fenômeno Usain Bolt literalmente pulverizou a marca fazendo incríveis 9,58s no mundial de atletismo em Berlim em 2009.

Usain Bolt 9s58 recorde mundial 100m Berlim 2009 — Foto: Mark Dadswell/Getty Images

As razões para esta evolução são inúmeras, e podemos destacar a incrível contribuição da evolução das ciências do esporte na preparação dos atletas em várias áreas como a fisiologia, a biomecânica, a fisioterapia, a nutrição etc.

O que não podemos esquecer é que paralelamente à evolução das ciências do esporte existe a evolução contínua da tecnologia dos materiais esportivos, o que nos leva a crer que os recordes continuarão sempre a cair e os limites do corpo parece que serão sempre superados.

O exemplo mais recente dessa contribuição cientifica e tecnológica foi a quebra de uma barreira que parecia impossível de ser superada, o limite de 2 horas para a maratona. Em 12 de outubro de 2019 em Viena, na Áustria, o fenômeno queniano Eliud Kipchoge correu os 42 quilômetros e 195 metros em 1 hora 59 minutos e 40 segundos!

Eliud Kipchoge completa maratona em menos de 2h em Viena — Foto: Leonhard Foeger/Reuters

Essa fantástica façanha só foi possível com a contribuição de um verdadeiro exército de cientistas, proporcionando todos os recursos de diferentes áreas para que o excepcional atleta queniano superasse um limite que parecia ser intransponível.

Ele usou um calçado com tecnologia especial, foi acompanhado por um grupo de maratonistas de elite que se revezavam formando um obstáculo minuciosamente estudado para diminuir o efeito da resistência do ar, era periodicamente hidratado com reposição de carboidrato e eletrólitos, fruto de uma análise científica individualizada, mas em última análise era um ser humano correndo na rua sem nenhum recurso ilícito.

Esse exemplo nos leva a crer que a ciência e a tecnologia nos farão sempre duvidar de existência de limites para o desempenho do corpo.

* As informações e opiniões emitidas neste texto são de inteira responsabilidade do autor, não correspondendo, necessariamente, ao ponto de vista do ge / Eu Atleta.

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