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Por Rômulo Quadra


Sabe quando você tem um evento importante e precisa de roupa certa para a ocasião? No surfe não é diferente: você vai querer estar com a prancha perfeita no seu pico favorito, aquela que vai te proporcionar a maior diversão. Mas escolher uma prancha pode parecer uma tarefa trabalhosa quando se é um novato. E não existe um único modelo de prancha para você, há muitas variáveis ​​envolvidas em relação ao surfista e às condições das ondas. O que pretendemos fazer é levá-lo o mais próximo possível da prancha que irá maximizar o seu prazer ao surfar, com dicas e informações sobre shapes e materiais.

Shapers são os profissionais que dão forma às pranchas, os artesão do surfe. No vídeo abaixo, o shaper Sylvio "Tico", que faz as pranchas do campeão mundial e olímpico Italo ferreira, explica alguns modelos de prancha. Mais para frente, será a vez dos shapers Pedro Battglin e Cesar "Ferrugem" Baltazar.

Sylvio Tico explica diferenças das pranchas

Sylvio Tico explica diferenças das pranchas

- Apesar de ser um mercado globalizado, a prancha de surfe é um produto feito manualmente. A gente sabe que, mesmo existindo as maquinas de shape, que fazem uma parte do processo de criação da prancha, a parte manual consegue entregar o "feeling" (sentimento) e que esse feeling tem que estar no produto e também tem que estar na comercialização do produto - diz Tico.

Primeiras braçadas - Pranchas para iniciantes

A escolha das pranchas de iniciação obedecem a uma máxima em relação ao volume: quanto maior, melhor. Podemos calcular o volume através da multiplicação do comprimento x largura x altura. Ou seja, quanto mais área tiver a sua prancha, maior será essa medida e, como consequência, a prancha proporcionará mais sustentabilidade, flutuação, além de uma remada mais fácil e rápida.

Pranchas com mais volume são indicadas para quem está começando — Foto: Istock Getty Images

- Se a pessoa já entra num pensamento: "ah, mas eu quero surfar de pranchinha", vai demandar muito mais esforço e força de vontade dessa pessoa, porque vai ser muito mais difícil. Ela vai se desafiar muito já logo de início, então isso pode acabar frustrando a pessoa e a fazendo desistir antes mesmo de ter uma experiencia boa com o esporte. A gente sempre indica mais bloco nesse primeiro contato com o surfe - comenta Sylvio "Tico", shaper do campeão mundial e olímpico Italo Ferreira.

Vale lembrar que, principalmente, para as crianças são recomendadas as pranchas soft, porque são moles, revestidas em material emborrachado e, por isso, não machucam (tanto) quando batem. Isso ajuda os jovens a aumentar a confiança e faz com que eles se sintam mais confortáveis ​​no mar.

Modelos

Arquétipos de pranchas — Foto: Istock Getty Images

Por ordem decrescente, os modelos com mais área para os mais enxutos:

  1. Pranchão ou longboard - modelo com bico arredondado e de comprimento mínimo de 9 pés (cerca de 2,75m);
  2. Funboard - modelo similar ao long, mas o comprimento varia entre 7 e 8 pés (em torno de entre 2m e 2,5m);
  3. Mid Lenght (híbrida) - esse modelo seria o elo entre as pranchinhas e as pranchas maiores. Ainda possui grande flutuabilidade, mas com uma maior maleabilidade;
  4. Pranchinha (shortboard) - são pranchas de formato bólido, bem menores e os tamanhos variam de acordo com o nível de surfe, altura, peso e objetivo do surfista, mas o comprimento desse modelo não passa dos 6'11"( seis pés e onze polegadas ou cerca de 1,90m);
  5. Fish - muitas vezes fabricadas com tamanhos menores que as pranchinhas de alta performance, sendo o volume compensando em um contorno (outline) abaloado. Possui menos volume do que os pranchões, mas, por serem mais largas, muito mais do que as pranchinhas.

Pedro Battaglin explica seus modelos de pranchas

Pedro Battaglin explica seus modelos de pranchas

A evolução

Os modelos mini-simmons foram criados por Bob Simmons nos anos 50. Já em 1966, Nat Young, um dos atletas mais influentes dos primórdios do surfe competitivo, projetou e moldou com a ajuda de amigos a Magic Sam, prancha totalmente fora dos padrões da época e que o permitia radicalizar ainda mais nas manobras. Não por acaso, o australiano conquistou o título mundial no final daquele ano. Mas a década de 70 foi revolucionária, um movimento de surfistas e shapers decidiu rever os padrões das pranchas e muitos resolveram reduzir os longboards. Já outros optaram por mudar a disposição das quilhas e alguns foram mais ousados, criando shapes alternativos e até assimétricos.

Mark Richards na esquerda do pier de Huntington Beach (CA) — Foto: Reprodução do instagram

Nesse recorte espaço-temporal são criados os modelos fishs, as biquilhas e aparecem outlines bem ousados para a época. Mas como a teoria não se sustenta sem a prática, Mark Richards, o inventor do sistema “Twins” (biquilha), foi tetracampeão mundial entre 1979 e 1982 surfando de biquilha, uma invenção vanguardista. Diante de tal feito, muita gente pelo mundo teve um estalo: inovar é preciso. O esporte e as manobras evoluíram com o avanço do equipamento, que se deve ao surgimento e desenvolvimento de novos materiais, outlines e configurações. Como os que veremos abaixo.

Materiais

Cesar "Ferrugem" Baltazar mostra seu modelo de prancha

Cesar "Ferrugem" Baltazar mostra seu modelo de prancha

Blocos

O bloco é a estrutura flutuante das pranchas. No surfe contemporâneo existem dois tipos de materiais mais usados.

  1. Poliuretano (PU) - É um bloco mais denso, com menos ar dentro, super flexível e um pouco mais pesado que o isopor. Está há pelo menos 60 anos no mercado;
  2. EPS (poliestireno expandido ou isopor, com fibra de vidro e resina epóxi) - Embora se trabalhe com blocos de alta densidade, o EPS ainda assim tem um pouco mais de ar dentro, o que o torna menos denso se comparado ao poliuretano. O isopor é uma experimentação mais nova e se diferencia por ser mais leve, flutuar um pouco mais e ter uma vibração de onda um pouco mais curta.

Zouvi e Toledo criando na sala de shape — Foto: Acervo pessoal

- As diferenças entre o PU e o epóxi estão relacionadas ao "flex", à maneira como a prancha flexiona, sem contar que o epóxi flutua um pouco mais. A espuma de EPS também tem um "feeling" (sensação) diferente. Deve dar uns 10% a mais de flutuação e, geralmente, você consegue fazer uma prancha um pouco mais leve com o epóxi, porque o "core", a espuma, que é o isopor, ele é bem mais leve que o poliuretano. Agora, o epóxi é mais sensível. Então, é uma aplicação que você não pode esperar que funcione em todas as condições de mar. Caso esteja ventando muito, muito "choppy" (balançado), o epóxi reage diferente e não funciona tão bem quanto o poliuretano - explica Márcio Zouvi, shaper do atual campeão mundial Filipe Toledo.

Resinas

Modelos diferentes oferecem surfadas diferentes — Foto: Istock Getty Images

  1. Poliéster - resina usada em pranchas de bloco de PU;
  2. Epóxi - resina usada em pranchas de bloco de EPS. Amarela menos com o tempo e é uma laminação mais resistente que a de poliéster.

- Ainda hoje, não se tem tanta expansão quando se fala em prancha de PU com resina poliéster. Porque, digamos assim, é uma fórmula certa, né? Não tem muito o que inventar em cima de uma prancha de PU, porque é um negócio que já está ali dando certo há muito tempo e sempre vai dar. Bloco de poliuretano com fibra de vidro e a resina poliéster é um equipamento que funciona muito bem, não tem muito o que ficar inventando - diz Tico, dono da marca Silver Surf e representante da pranchas Timmy Patterson no Brasil, junto ao seu irmão Adriano "Teco".

Os irmãos Tico e Teco no shape room — Foto: Acervo Pessoal

Fibras

  1. Fibra de vidro - utilizada há pelo menos 60 anos. É mais leve e mais frágil que o carbono;
  2. Fibra de carbono - é uma experimentação mais nova. É mais pesada e mais densa, por conta da trama do tecido. O carbono em si é caro, o tempo de produção de uma prancha totalmente laminada com essa fibra é maior, portanto o produto final é uma prancha bem mais cara.

Promoção do swell: entrou com 1 prancha, saiu com 2 — Foto: Istock Getty Images

- O carbono é mais pesado que a fibra de vidro e torna a prancha mais rígida, só que o produto final é uma prancha leve, por ser laminada a vácuo e ter esse bloco de EPS de baixa densidade. Então, para algumas situações de ondas é uma prancha muito funcional e é o que a gente tem visto muito no circuito mundial, alguns atletas utilizando essas pranchas em algumas condições de ondas, né? E tendo um resultado bacana, muito positivo - diz Teco.

- Existe uma crítica sobre a perda de flexibilidade da prancha; flexibilidade esta que é considerada a coisa mais importante na prancha, mas não se engane, porque pranchas muito flexíveis também não funcionam. O carbono tem um apelo estético, alguns profissionais as usam na cor preta (o que é desaconselhável nas pranchas de fibra de vidro). A novidade tem atraído diversos consumidores a puxar o cartão de crédito para levar para casa uma prancha de carbono - completa Pedro Battaglin, shaper do campeão mundial Pro Junior Caio Ibelli e atleta do WCT.

Pedro Battaglin e Caio Ibelli na sala de shape — Foto: Reprodução do instagram

Anatomia das pranchas

Existem muitos tipos diferentes de fundos, curvaturas, decks, rabetas e bicos. Mas não se preocupe, vamos guiá-lo pelas diferentes partes da prancha de surf e explicar para que servem. Vamos ao básico da anatomia da prancha de surfe.

Fundo (bottom)

O fundo da prancha é de extrema importância na construção de um modelo — Foto: Istock Getty Images

É o lado da prancha que fica voltado para a água. Esta parte desempenha um papel importante no controle de como a água flui e como a prancha funciona nela.

  • Flat (plano): o fundo plano por inteiro de borda a borda. Este tipo de fundo é o mais básico e adapta-se facilmente a qualquer tipo de prancha. Proporciona estabilidade lateral, sustentação e flutuação;
  • Concave (côncavo): procurado pelos surfistas mais experientes para surfar ondas em alta velocidade. Pode ser aplicado em toda extensão da prancha (full concave), só no meio (concave) ou ainda só na rabeta (tail concave);
  • Double concave (dois côncavos): dois pequenos côncavos, uma de cada lado da longarina, iniciando no meio do shape e alongando-se até o final da rabeta. Pode ser combinado com todos os tipos de fundo. Deixa a rabeta um pouco mais solta e menos direcional;
  • V-bottom (fundo em 'v'): usado entre as quilhas e por surfistas mais experientes, auxilia na troca de borda para borda;
  • Canaletas: são frisos que geram velocidade na prancha.

- O fundo concave chegou no mundo do surf pra ficar, ele canaliza mais o fluxo de água por baixo da prancha e consegue dar mais velocidade pra prancha. O double concave divide o fluxo de água no fundo da prancha, pode dar ainda mais velocidade e mais troca de borda, mais maleabilidade. O fundo V-bottom vemos sendo muito utilizado em pranchas fishs e em longboards também, porque, falando leigamente, ele faz com que o fundo da prancha fique mais como uma canoa, então a prancha tende a virar com mais facilidade. É o contrário de um concave. Enquanto um concave canaliza a água e dá velocidade, o V-bottom ajuda a prancha a trocar de borda. Por isso, é muito utilizado em pranchas que têm muita área, muita largura, ele ajuda a prancha a virar. O fundo flat, hoje, é pouco utilizado - explica Teco.

Borda

Responsável pelo fluxo de água e aderência na onda. Também responsável pela distribuição de volume.

Botando pra dentro de backside e grab rail (segurando a borda) — Foto: Istock Getty Images

  • Box: mais em pé, deixa a prancha mais flexível e menos aderente a água;
  • Semi box: elo entre Box com a Dommie Deck, borda intermediária;
  • Dommie: com mais caimento, proporcionando aderência e segurança. A prancha fica menos flexível;
  • 50/50: borda retro utilizada para longboards e fishs clássicas. Tem o mesmo caimento no deck e no fundo

Rocker

É a curvatura da prancha. A combinação entre a curvatura do fundo e a das bordas define o contorno do fundo. Menos curva de fundo gera mais velocidade e menos maleabilidade, já rockers mais acentuados proporcionam maior manobrabilidade e menor projeção.

- O rocker, para mim, é sempre umas das coisas mais importantes da prancha. Sempre foi uma porta de entrada no nosso design. Eu começo por ali - diz Márcio Zouvi, head shaper da Sharp Eye Surfboards.

Deck

A parte de cima da prancha, onde você surfa.

Água salgada adoça a vida — Foto: Istock Getty Images

  • Plano: assim como o nome revela é plano. Normalmente, esse deck tem as bordas mais largas e fornece mais sustentação ao surfista;
  • Dome: este deck tem menos volume nas bordas e mais volume no centro, dando-lhe um leve formato abaloado. Torna a prancha mais maleável

- A prancha com o deck mais "dome", como eles chamam nos EUA o deck mais abaloado, tem o volume concentrado no meio e a borda da prancha ganha mais caimento na espessura. Essa prancha fica mais fácil de transicionar (pivotear, trocar de direção). Quando se aplica pressão com o pé pra esquerda, pra direita, você consegue enterrar mais a prancha (a borda). Por ela não ter tanta flutuação nas extremidades, a prancha fica mais sensível - disse Márcio Zouvi.

Bico

Surfe acima do lip — Foto: Istock Getty Images

O bico pode ser arredondado ou pontudo.

  • Arredondado: facilita na hora de entrar na onda;
  • Pontudo: torna a prancha mais manobrável.

- Teve uma época no surf, muito anos 90, que foi a pior década, desenvolveram modelos horrorosos, muito estreitos. Todo mundo queria uma prancha high performance. O Kelly Slater veio com umas pranchas horrorosas, estreitas, todo mundo queria copiar. Só ele surfava bem com aquilo. Depois começaram a abrir mais o leque, sair dessa loucura - lembra César Baltazar, atleta nos anos 80 e hoje shaper em Bali, na Indonésia, que ainda completa: - As pranchas com mais volume, um pouco mais de bico, são muito mais legais de surfar e tem performance também.

Rabeta

Abrindo o leque d'água — Foto: Istock Getty Images

A forma da rabeta influencia na estabilidade e define os tipos de curva que uma prancha pode fazer na onda. Existem diversos tipos, mas listamos os mais comuns.

  • Squash: uma das mais versáteis, boa estabilidade e resposta;
  • Pin: ideal para ondas cavadas;
  • Round: mais estável que a squash;
  • Swallow: mais solta e manobrável.

- A round talvez seja a rabeta mais utilizada pelos profissionais, é extremante versátil e de alta performance. Te dá controle e estabilidade nas áreas mais criticas da onda. A squash é a segunda rabeta mais utilizada pelos surfistas , foi com certeza a mais utilizada pelos "pro" (profissionais) até pouco tempo - avalia Pedro Battaglin.

- Todas essas características das pranchas, o deck, a borda, o fundo, o outline, trabalham em conjunto. Não se pode só separar uma e dizer que a prancha vai funcionar dessa maneira, porque ela tem uma rabeta squash (por exemplo). Tem que se observar a combinação de tudo - ensina Márcio Zouvi.

Quilhas

Monoquilha (single fin) e Morro Dois Irmãos (RJ) — Foto: Istock Getty Images

  • Monoquilha (com apenas uma quilha) - é menos manobrável e mais pesada;
  • Biquilha (com duas quilhas) - projetam mais a prancha e costumam ser mais soltas, dependendo do tamanho utilizado;
  • Triquilha (com três quilhas) - as mais utilizadas por serem as mais versáteis;
  • Quadriquilha (com quatro quilhas) - muito utilizada em ondas tubulares por aderir mais a parede da onda e projetar a prancha.

Os designs das quilhas e as configurações mudam a experiência ao surfar — Foto: Istock Getty Images

- Um mesmo mar surfado de biquilha, triquilha ou monoquilha, você tem sensações totalmente diferentes, consegue linhas diferentes. O meu quiver (conjunto de pranchas do surfista) tem de tudo, eu tenho prancha 4'7" e eu a adoro é uma prancha minúscula. Tenho prancha singlefin (monoquilha). Agora, eu gosto muito de twin fin (biquilha), é a minha favorita. A linha da biquilha é espetacular, ela te dá um estilo, uma velocidade, que a triquilha não dá. O que eu aconselho é que o cara tenha de tudo no quiver. É muito mais legal - recomenda César Baltazar.

- Biquilhas são super divertidas, geram muita velocidade sem o arrasto da terceira quilha. Ondas fracas para uma triquilha podem ser bem divertidas para uma Twin. As 5 fins set up (sistema de quilhas com cinco copinhos), onde podem ser usadas as "tri" ou "quads" (quadriquilhas) são versáteis. São duas pranchas em uma. As quads têm que ser revisitadas, as pessoas têm uma imagem errada delas. São soltas, rápidas e radicais - opina Pedro Battaglin, diretor internacional da marca Rusty e dono da Oceanside Surfboards (marca nacional).

O Lado B das Pranchas

Victor Bernardo exibe parte de seu quiver — Foto: Acervo pessoal/ Ian Grose

O equipamento utilizado pelos atletas da WSL é o foco dos holofotes. Mas nem só de baterias vive o esporte. Existem pranchas de surfe com formatos e propósitos bem diferentes dos perseguidos pelos competidores e pelos atletas amadores, que só querem praticar o esporte e o estilo de vida surfer. O lado B das pranchas é uma ala mais livre para o shaper criar e para o surfista experimentar. É uma outra cena, distante das medalhas e do estrelato.

Para Victor Bernardo, que já foi competidor, mas hoje é freesurfer (surfista profissional que não vive de competições), o grande lance é experimentar novos designs e configurações.

Victor Bernardo explodindo a junção — Foto: Acervo pessoal/ Alemão Pic

- Uma das coisas que me deixa mais "de cara" são as assimétricas. Essas pranchas são muito iradas, bem funcionais. Apesar de serem tortas, o que aparenta não funcionar, elas funcionam muito e estou me divertindo muito atualmente testando essas pranchas e modelos diferentes - diz Victor, que ainda completou com a sua visão sobre a configuração das quilhas. - Esse lance das pranchas ficarem estagnadas na triquilha é coisa do passado. Eu acho que o surfe deu uma estagnada nesse lance de achar que a prancha high performance é a triquilha. Há muito o que explorar, tem vários tipos de prancha que funcionam muito, só depende do tipo de mar. Gosto de testar equipamentos novos, modelos novos, novos materiais, novas construções.

Um dos melhores surfistas brasileiros dos anos 80, Cesar Baltazar, o "Ferrugem", relembra quando precisou correr um campeonato com uma prancha shapeada por ele e que, por inexperiência com a plaina, a prancha ficou torta (assimétrica).

- Fui pro main event (evento principal), na praia da Joaquina, em Santa Catarina, para o homem a homem com os tops do mundo e ainda saí uma foto numa revista de surf famosa da época, foto irada. O mar estava clássico e a prancha estava muito boa...Sobre as assimétricas, eu lembro que essa prancha tinha um empeno, era meio empenada. É o que eu sempre falo, a prancha pode ser empenada, porque a curva que ela vai fazer para um lado é uma coisa, a que ela vai fazer para o outro já é outra coisa. Então, ela pode ter o kick (curvatura na rabeta) mais acentuado de um lado e menos de outro (por exemplo). Pode ficar até melhor, é muita loucura. Essa foi a primeira prancha que eu fiz e com a pontuação conquistada nesse campeonato eu me classifiquei para o Pipe Masters. A história foi maneira - contou César.

César na sala de shape — Foto: Acervo pessoal

Não se pode desassociar a evolução do equipamento com o avanço do esporte. Novas construções proporcionam novas leituras de onda e manobras diferentes. Sendo assim, como um surfista e shaper engajado há tantos anos com o esporte e que não se prende aos moldes competitivos enxerga o futuro do surfe?

- Eu acho que o futuro das pranchas competitivas serão as pranchas assimétricas. Porque nos "turns", né? Nas viradas, nas cavadas, as bordas trabalham de forma separada. Você está sempre surfando em apenas uma das bordas, então você não precisa necessariamente ter os dois lados iguais. Quando começar (o mercado) a realmente desenvolver pranchas assimétricas de high performance (de alta performance) junto aos maiores surfistas do mundo, isso vai revolucionar o esporte. Hoje, o high performance é desenvolvido em cima de outros modelos de prancha - opinou César Baltazar.

Cesar Baltazar surfando de biquilha em Padang Padang, Bali, Indonésia — Foto: Acervo Pessoal

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