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Por Cris Perroni

Nutricionista formada pela UFRJ, pós-graduada em obesidade e emagrecimento, com especialização em nutrição clínica e em nutrição esportiva

Rio de Janeiro


O leite e seus derivados são alimentos muito consumidos no nosso país. Mas, o leite vem sendo apontado como um vilão à saúde e sendo retirado da dieta. Vamos entender o que a ciência vêm mostrando sobre seu consumo e os tipos de leite que encontramos nos mercados.

Tipos de leite — Foto: Istock Getty Images

Tipos de Leite:

  • Leite cru (“leite da fazenda”): deve ser fervido antes de ser consumido
  • Leite Pasteurizado (“leite de saquinho”): é submetido a pasteurização para destruir micro-organismos indesejáveis, aquecido a cerca de 75oC
  • UHT (“leite de caixinha”): O leite é submetido a um processo de ultrapasteurização para destruir qualquer micro-organismo. O leite é aquecido em alta temperatura (cerca de 140oC ) e em seguida é resfriado
  • OBS: leite pasteurizado e leite UHT são considerados minimamente processados

Em relação ao teor de gordura:

  • Integral com cerca de 3% de gordura
  • Semidesnatado com 2,9% à 0,6% de gordura
  • Desnatado com até 0,5% de gordura

Condições Especiais:

  • Leite Sem Lactose: Adicionado da enzima lactase. É indicado para indivíduos com intolerância à lactose. Não pode ser consumido por indivíduos com alergia à proteína do leite de vaca
  • Leite A2A2: Proveniente de animais que contenham apenas os genes A2A2, responsáveis pela produção da proteína b-caseína A2 ao invés da b-caseína A1
  • A b-caseína A1 favorece a liberação do peptídeo BCM-7, que pode interferir na motilidade gastrointestinal e secreção gástrica e pancreática, podendo causar desconforto em indivíduos sensíveis

Leite — Foto: Istock Getty Images

Composição Nutricional e suas funções:

  • Alimento excelente fonte de proteínas, cálcio, vitamina B12 e vitamina A;
  • Proteínas: importantes para a construção, reparação e manutenção dos tecidos, formação de enzimas, hormônios, anticorpos;
  • Cálcio: fundamental para a formação de ossos e dentes, participa da contração muscular, divisão celular, atividades enzimáticas e condução do impulso nervoso;
  • Vitamina B12: essencial para o desenvolvimento e funções do sistema nervoso, formação das hemácias (células vermelhas do sangue), redução do risco de dano ao DNA e prevenção da anemia megaloblástica.
  • Vitamina A: importante para a visão, expressão gênica, cicatrização, reprodução, desenvolvimento embrionário, defesa antioxidante e função imunológica;
  • Um copo de leite ou iogurte (200ml) contém aproximadamente 244mg de Cálcio e 6,4g de Proteínas

Comparação de proteína:

  • Ovo (1 unidade ou 50g) contém 7,5g de proteínas
  • Leite (200ml) contém 6,4g de proteínas

Ingestão de Cálcio no Brasil:

O leite é o principal alimento fonte de cálcio. A ingestão de cálcio no Brasil está abaixo das recomendações, cerca de 500 a 600mg por dia.

Leite — Foto: Istock Getty Images

Recomendações de Ingestão Diária de Cálcio (RDA):

Faixa etária (anos) RDA de Cálcio (mg/dia)
1-3 700
4-8 1000
9-13 1300
14-18 1300
19-50 1000
51-70 1000 (homens) e 1200 (mulheres)
>70 1200
Gestantes e lactantes (<18) 1300
Gestantes e lactantes (19-50) 1000

Em que fases da vida há benefícios no consumo de lácteos?

Na infância e na adolescência é importante para o crescimento, saúde dental, controle do apetite e desempenho cognitivo

Para adultos está relacionado a prevenção de osteopenia e osteoporose, controle do apetite, aumento do aporte proteico, controle da pressão e redução do risco cardiovascular. De acordo com a American Heart Association, estudos indicam que o consumo de laticínios com baixo teor ou sem gordura estão associados a um menor risco de mortalidade por doenças cardiovasculares

Com o envelhecimento, idosos apresentam redução da massa e da força muscular (Sarcopenia), osteopenia e osteoporose. O consumo de lácteos pode prevenir e/ ou auxiliar no tratamento destas patologias.

Leite de Vaca e Inflamação:

Na última década surgiu o mito de que o consumo de leite e derivados aumentaria inflamação no corpo.

Estudo publicado por Stine Ulven e colaboradores em indivíduos adultos observou que o consumo de leite ou de produtos lácteos não apresentou efeito inflamatório em adultos saudáveis ou entre adultos com sobrepeso ou obesidade ou que tinham síndrome metabólica ou diabetes mellitus tipo 2. Não há alteração nos marcadores inflamatórios.

O leite faz mal à saúde e precisa ser retirado da dieta de indivíduos alérgicos à proteína do leite de vaca.

Literatura:

ULVEN, S M et al. Milk and Dairy Product Consumption and Inflammatory Biomarkers: An Updated Systematic Review of Randomized Clinical Trials. Adv. Nutri. Volume 10, Supplement 2, May 2019, Pages S239-S250.

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