Foto: Bruno Alvares/Riot Games Brasil
Os renascimentos de Baiano
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Um doteiro orgulhoso superou obstáculos familiares, físicos e mentais para virar um ícone do LoL brasileiro

A história de Gustavo "Baiano" não foge da maioria dos brasileiros que cresceram nas últimas décadas. Nascido no interior da Bahia e criado em Recife, o streamer de 27 anos jogava videogame na infância e jogava bola nos interclasses.

Mas esse foi só o começo. Nas palavras do próprio, ele renasceu "três ou quatro vezes" até se tornar o que é hoje: um ícone na criação de conteúdo do esporte eletrônico.

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Nascido para o Dota, forjado para o LoL

- Essa questão que muita gente teve de jogar campeonato em lan house de CS e tal, a minha foi com o Dota. E eu queria competir, onde estava tendo campeonato eu queria ir - contou Baiano em entrevista ao ge.

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Mas no início da década, o Dota perdeu o espaço nas preferências do público, que viu dois novos gigantes chegarem.

- A decisão, ficou entre o Dota 2 e o LoL, e como não curti muito o Dota 2 eu falei "pô, o Dota 1 vai morrer aqui, era o jogo que eu mais curtia, mas vai ser entre o Dota 2 e o LoL", e aí eu fui para o LoL.

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A vida e morte de OwNinG

Ao lado de amigos, Baiano usava o nick de OwNinG no LoL e se mudou para a capital paulista em busca de uma chance no cenário. E o jogador teve que achar um jeito de sobreviver nas equipes menores, mesmo sem apoio da família.

- Você tinha que dar um jeito de chegar lá no topo para poder aparecer e jogar os campeonatos. Para algumas pessoas a forma foi essa. Na época a gente achou "pô, acabou aqui, vamos fazer outras paradas", mas fomos reconstruindo aos poucos.

A solução foi fazer elojob - ato de jogar, por dinheiro, em contas de nível inferior para aumentar seu ranque. Mas em março de 2014, Baiano e outros 12 jogadores foram banidos por um ano pela Riot Games por conta da prática.

O corpo e a mente como inimigos

Voltando após o banimento, Baiano foi chamado para a Keyd Stars, uma das principais organizações do país. Liderado por Murilo "Takeshi", o time dominou o primeiro split de 2016, até que o corpo do suporte não aguentou mais.

Os médicos identificaram um tumor benigno no intestino do jogador, que teve de ser operado e se afastar das competições.

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- Tudo dando certo e aí teve o momento que eu comecei a passar mal no campeonato. Fui internado de emergência, de última hora, e o médico falou que eu tinha que operar ali agora, se não "vai ser F" - lembra Baiano.

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A partir daí, Baiano teve mais um de seus renascimentos. O jogador aceitou um projeto da Big Gods para ir aos Estados Unidos e, no futuro, voltou ao Brasil, sempre competindo com os adversários e com seu corpo.

- Eu tive que fazer processos de cirurgias mais uma vez. Todo mundo lembra eu jogando com a máscara em 2018, não era pandemia ainda, mas pela questão do tumor a minha imunidade era muito baixa e eu ficava doente com tudo - conta.

All in

Com a saúde como principal limitadora, Baiano tomou a decisão da sua vida. A carreira profissional ficou de lado e ele começou a se dedicar à Twitch.

- Como vi que o cenário era muito amador, no começo eu abria a Twitch e não tinha nenhum streamer grande fazendo live, não importava o que eu estava fazendo, eu ia fazer live - relata Baiano.

Enquanto tentava crescer no rastro de gigantes, Baiano enxergou um nicho: uma transmissão de segunda tela, mais descontraída, para os campeonatos de League of Legends.

- Eu estava treinando ainda, levava o jogo muito a sério e usava conceitos que na transmissão da Riot o pessoal não conseguia passar para o público.

- E a galera via eu falando as coisas na live e falava "Baiano, eu nem sabia o que era LoL, estou te assistindo agora e entendendo tudo o que está acontecendo no jogo" - completou.

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Dali, um outro produto de sucesso surgiu: o CBolão. Com o CBLOL paralisado, o streamer organizou uma competição entre profissionais e jogadores populares das ranqueadas.

- Falei "vou fazer alguma coisa pra esses 4 mil assistirem enquanto não tem CBLOL". O CBolão foi ali naquele mês de março, do ano passado, que mudou a minha vida completamente e foi o meu momento de flow na vida - conta.

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- Mais de 1 milhão de pessoas assistiram, mais de 100 mil simultâneas. Tudo uma loucura, porque fazia sentido.

Sucesso total.
Só agradece

O CBolão terá a sua terceira edição e Baiano segue alcançando números impressionantes nas suas transmissões.

- Estou realizado, mas a gente vai buscar mais - finalizou Baiano.

Gustavo nasceu, renasceu em OwNinG, que renasceu em Baiano, que renasceu mais algumas vezes. Agora, ele só agradece, mas garante que não vai conseguir ficar parado.