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— Eu não sei se posso criticar abertamente assim, mas eu acho que essa passagem aqui no estúdio não é das melhores. Desde a fase regular, é algo que às vezes os fãs querem tirar foto e 'hypar' para o jogo, e é um momento em que a gente precisa estar concentrado. Eu não gosto muito daquela passagem. Foi a primeira vez que aconteceu comigo de ficarem xingando ali. Nos outros momentos, era só 'pô, vamos lá, rapaziada'. Mas xingar é a mais, né — disse RedBert em entrevista ao blog.

No estúdio do CBLOL, onde é disputada a maioria dos jogos e onde aconteceu a final, os atletas têm de atravessar uma área aberta na saída do palco para se dirigirem, no andar de cima, para as próprias salas. Entre uma partida e outra da série, portanto, eram obrigados a passar bem perto da torcida, separada apenas por uma fita e seguranças.

Foram nesses momentos que, durante a decisão de sábado, os jogadores da LOUD ouviram provocações e xingamentos da torcida da paiN.

RedBert reagiu aos ataques na passagem pelos torcedores e se tornou o alvo preferencial. Primeiro, depois de a paiN virar o placar do confronto para 2 a 1, em meio a xingamentos, RedBert mostrou o dedo do meio para a torcida adversária. Quando a LOUD empatou em 2 a 2, no mesmo lugar, o suporte fez sinal de silêncio.

Com a concretização do 3 a 2, ainda no palco, o suporte passou vários segundos gritando e fazendo gestos contra os torcedores rivais.

A partir dali, ainda durante a comemoração da LOUD, diversos torcedores da paiN proferiram xingamentos direcionados a RedBert, que continuou provocando e respondendo às provocações. Como a proximidade entre os jogadores e a torcida é grande no palco, era possível ouvir os insultos - muitos deles com palavrões - claramente. Em um momento de maior exaltação, a organização chegou a intervir para acalmar os ânimos dos torcedores que faziam ofensas pesadas a RedBert.

Em entrevista coletiva, o heptacampeão brasileiro Leonardo "Robo" disse que os torcedores "passaram bastante do ponto".

— Desde que eu fui anunciado, eles já me subestimavam e falavam que agora a LOUD iria perder, mas eu sempre levei isso de boa, porque eles querem que o time deles ganhem. Eles não não me acham bom, beleza. O que me subiu a cabeça mesmo foi na passagem ali, que eles falavam coisas fora de jogo. Quando é sobre o jogo, não me importo, cada um pode ter a opinião que quiser sobre o meu jogo, mas eu errei também — comentou RedBert sobre a origem da animosidade, fazendo mea culpa pelo dedo do meio mostrado aos torcedores.

— Eu juro que eu não sei o que aconteceu mesmo, minha mão só subiu — complementou o jogador.

Sobre os gritos após a conclusão da final, RedBert admitiu provocações pela sequência de vices da paiN. E também porque o suporte já tinha sido campeão em cima da equipe outras duas vezes - no 2º Split de 2017 com a Team oNe e no 2º Split de 2020 com a INTZ. Ele nunca perdeu para a paiN em finais.

— Não lembro o que gritei, mas devia ser algo sobre ser vice de novo. Mas era só um desabafo, porque eu fiquei aguentando cinco jogos a gritaria. Foi mais sobre eles ficarem gritando bagre do que sobre as passagens ali. Porque é sobre o jogo, então eu gritei sobre o jogo de volta. Foi isso.

O desabafo, aos berros, logo deu lugar a uma descarga emocional que fez RedBert chorar copiosamente ao abraçar os pais. Ao blog, o jogador explicou os motivos da emoção.

— Eu fiquei muito feliz e cheguei a desabar comemorando com a minha família, porque eu não sou muito próximo deles, de sempre estar conversando, mas eles sabem o quanto eu me esforço para fazer que dê certo e, por quatro anos, acabou não dando muito certo. Foi uma descarga emocional de tantos anos batalhando e não conseguindo chegar ao título — contou RedBert, que tinha sido campeão pela última vez no 2º Split de 2020.

— Eu não converso muito com meu pai. No momento em que ele veio me abraçar, já começou a chorar, e eu comecei a chorar soluçando junto. É o apoio da minha família e da minha esposa. Sempre estarem presentes ali, e eu poder retribuir com o título e ver o carinho deles para mim é muito emocionante.

De último colocado na edição passada, com a KaBuM sofrendo 17 derrotas em 18 jogos, a campeão brasileiro novamente, RedBert enfrentou uma jornada de superação. Desacreditado, o suporte teve a dificílima missão de substituir Denilson "Ceos", melhor jogador de LoL do Brasil na temporada 2023, em meio a uma sequência inédita de três títulos da LOUD - transformada em tetra nesse sábado.

— Quando surgiu a oportunidade de assinar com a LOUD, eu só tinha em mente que, se havia algum time para eu voltar ao meu ápice, era esse time. E não deu outra. Todos os jogadores são muito bons e, apesar de eu não ter tido um início muito forte, eles me ajudaram bastante a melhorar e desempenhar melhor para o fim do campeonato.

Embora não tenha considerado se aposentar, depois de uma péssima temporada 2023, na qual também perdeu a vaga de titular na FURIA no 1º Split, RedBert admite que pensou no risco de ficar sem equipe quando percebeu que seria substituído por Ceos na KaBuM.

Na LOUD, RedBert retornou ao topo, empatando com Ceos em número de títulos, fazendo parte de uma histórica sequência de conquistas da equipe, que, mesmo trocando de atirador e suporte ao longo dos anos, segue sendo campeã. Ele atribui essa constância ao trio Jong-hoon "Croc", Thiago "Tinowns" e Robo.

— Eu acho que principalmente à liderança do Croc, junto da vontade de ganhar do Tin e do Robo. É muita experiência. Eles jogam juntos há muito tempo. Eles jogam competitivamente há muito tempo e sempre estão ganhando título. Eles entendem o que é necessário em um time para ser campeão e eles fazem isso transparecer no dia a dia.