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Por Valmir Storti* — Rio de Janeiro


Em parceria com o economista Bruno Imaizumi, o Espião Estatístico apresenta a probabilidade de cada resultado das últimas partidas da Copa do Catar. Como parâmetros, o economista usou dados posicionais e de finalizações feitas e sofridas de jogos de Eliminatórias, amistosos e outras competições, como Liga das Nações da Europa entre outros torneios continentais. Também foram considerados o Ranking da Fifa e características técnicas dos atletas. No final do texto, apresentamos uma metodologia.

Messi e Mbappé, destaques de Argentina e França — Foto: Editoria de arte

Argentina x França

— Foto: Espião Estatístico

  • Chegou a grande decisão! Cada centímetro de cada gramado foi mapeado por homens e computadores a cada partida realizada. Como vencer? É de se esperar por surpresas, algo como Griezmann, que em seis jogos fez cinco finalizações (três certas), aparecer como elemento surpresa pela direita da grande área depois de ter aparecido muito mais pela esquerda, de onde fez todas suas finalizações de dentro da área nesta Copa. Isso do lado da França, já que a Argentina tem Messi, que mapeamos apenas para registrar a genialidade de sua imprevisibilidade, de sua inventividade.
  • Com talentos tão gigantescos dos dois lados, as atenções passam para as defesas, onde ao menos nos números está o maior abismo entre as equipes. É rápido descobrir que a Argentina sofreu 32 finalizações em seis jogos, e a França, 54. Na frieza numérica, a França sofreu 69% mais finalizações. As duas seleções enfrentaram a Polônia, por exemplo. A Argentina venceu na terceira rodada por 2 a 0 sofrendo apenas quatro finalizações, apenas duas antes de abrir o placar. A França eliminou a Polônia nas oitavas de final por 3 a 1 levando 11 finalizações, sete delas enquanto o jogo ainda estava 0 a 0. É possível uma equipe ser tão superior a ponto de induzir seus adversários a olharem para onde ela quer? Sim, mas difícil é acreditar que isso possa acontecer em jogos eliminatórios entre algumas das melhores seleções do planeta, mesmo com a França cometendo pênaltis grosseiros contra a Inglaterra.
  • Até começar o jogo em que foi surpreendida pela Holanda com uma jogada ensaiada aos 55 minutos do segundo tempo, a Argentina tinha levado uma virada surpreendente da Arábia Saudita na estreia e depois não levou gol de México e Polônia. Sofreu um (contra) da Austrália. Na semifinal, venceu por 3 a 0 e praticamente não foi ameaçada pela Croácia, que fez duas finalizações certas.
  • Já a França sofreu gol em cinco jogos seguidos, até eliminar Marrocos nas semifinais por 2 a 0. Proporcionalmente, os adversários encontraram mais espaços para finalizar pela direita quando enfrentaram a França, que sofreu 23 conclusões contrárias da esquerda de sua defesa, enquanto a Argentina sofreu 11.
  • Só que a França só sofreu gol (três) quando os adversários finalizaram da esquerda da área (direita da defesa francesa). Os outros dois gols foram marcados de pênalti.
  • Coincidentemente, a Argentina sofreu três gols quando os adversários finalizaram pela esquerda. E sofreu um gol do lado oposto. As duas finalistas sofreram mais gols quando o adversário atacou pela esquerda.
  • A Argentina fez cinco gols pela direita, três pela esquerda (todos dentro da área), e quatro pelo meio (três pênaltis e uma conclusão da frente da meia-lua.
  • Dos 13 gols da França, oito foram marcados com a finalização sendo feita da esquerda e quatro da direita (todos de dentro da área), além de um gol da frente da meia-lua.

Croácia x Marrocos

— Foto: Espião Estatístico

  • O técnico de Marrocos, Walid Regragui, disse esperar por um jogo completamente diferente da estreia das duas seleções na Copa, em 23 de novembro, pelo Grupo F, quando empataram em 0 a 0 em uma partida com 12 finalizações, a quarta partida com menos finalizações na Copa, sendo a terceira Canadá 1 x 2 Marrocos. Como ele está no comando e tem o poder para buscar isso, que tenhamos um excelente jogo ofensivo, cheio de alternativas e emoções na busca pelo terceiro lugar. (Justiça seja feita, o jogo com menos finalizações (dez) foi Argentina 2 x 0 México.)
  • São duas equipes que apostaram tudo na defesa. Mais justo seria que o terceiro lugar fosse decidido nos pênaltis, objetivo comum de ambos. Dos 32 países que iniciaram a Copa, a Croácia tem a 15ª média de finalizações por partida (10,3), e Marrocos tem a 24ª (8,5). Difícil acreditar que vão se expor a ponto de se tornarem equipes ofensivas.
  • Para consolidar esse ponto de vista, Croácia e Marrocos têm goleiros que se destacaram no Mundial.

Metodologia

O modelo empregado nas análises segue uma distribuição estatística chamada Poisson Bivariada, que calcula as probabilidades de eventos (no caso, os gols de cada equipe) acontecerem dentro de um certo intervalo de tempo (o jogo). Para chegar às previsões sobre as chances de cada time terminar a primeira fase da Copa em cada posição foi empregado o método de Monte Carlo, que basicamente se baseia em simulações para gerar resultados. O estudo foi desenvolvido a partir de dados de diversas fontes, como Futhead, Globo, Fifa, Footstats e Opta.

*A equipe do Espião Estatístico é formada por: Guilherme Maniaudet, Guilherme Marçal, João Guerra, Leandro Silva, Leonardo Martins, Roberto Maleson e Valmir Storti.

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