Os dois imediatamente se abraçaram. Sonnen comentou sobre como o brasileiro era muito engenhoso no boxe e confessou que pisou no pé do adversário como uma piada - Anderson disse que tentou rir, mas o árbitro interrompeu o momento.

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Em seguida, a lenda brasileira se dirigiu a Thero, de oito anos, filho mais velho de Chael. E ao fazer elogios grandiosos ao pai do menino, lacrimejou os olhos do lutador americano.

- Deixe-me te dizer uma coisa: você tem um grande herói no seu pai. De verdade. Tudo o que eu tenho é por causa do seu pai. Você tem um pai incrível, e obrigado a você, porque você é a nova geração. Talvez um dia eu esteja velhinho e diga, "Sabe esse garoto? Eu o conheço!" - disse o "Spider", que ainda prometeu a Pria, filha mais nova de Sonnen, que seria seu "guarda-costas particular".

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Antes de fazer o ex-rival chorar, foi o próprio Anderson quem ficou com os olhos lacrimejando. Assim que terminou de cumprimentar todos que estavam no seu vestiário e sentou para tirar as sapatilhas, o ídolo nacional se emocionou. Era a catarse após cumprir a missão - não só a de entregar um evento planejado há meses, mas de fechar um ciclo de mais de 40 anos dedicados às artes marciais, durante o qual deixou uma marca indelével no esporte brasileiro e mundial.

O coevento principal da noite se encerrou por volta de 0h12. Pela programação, Anderson Silva deveria deixar seu vestiário e iniciar a caminhada rumo ao ringue à 0h25. Contudo, um burburinho ao redor do camarim indicava que este horário não seria mantido. O protagonista da noite teria demorado a fazer a bandagem das mãos e precisaria de mais tempo.

Após uma breve negociação entre promotores, equipe de transmissão e o estafe de Anderson, ficou acertado que ele deixaria o vestiário à 0h30. Quando deu este horário, porém, "Spider" seguia no camarim, e ainda recebeu visitas do ator Rodrigo Santoro e do velho amigo Rodrigo Minotauro.

Quando parecia que tudo estava pronto, a organização ainda teve um último obstáculo: localizar Cauã Reymond, que deveria estar no palco junto a Kyra Gracie para anunciar a entrada de Chael Sonnen. O ator rapidamente foi encontrado, subiu ao seu posto e Sonnen começou sua caminhada à 0h35. Três minutos depois, surgia Anderson Silva de seu camarim, usando um colete com capuz verde e amarelo.

Com exceção de um breve canto de "Uh Vai Morrer" ainda na introdução dos atletas, o público presente ao local acompanhou o combate praticamente calado. A voz que se fazia ouvir com maior volume, acredite, era em apoio a Chael Sonnen. Tratava-se de Brittany, sua esposa. Sentada junto ao parapeito no mezanino, ela gritava "Come on, Chael!" e "Protect Yourself", entre outras coisas. O filho mais velho do casal, Thero, também cantava instruções para o pai.

Quando soou o gongo final, Brittany comemorou, com uma expressão de orgulho do marido por ter aguentado os cinco rounds e ter feito um papel honroso no ringue. Já Thero chorou, talvez preocupado com o pai, que queria tanto devolver uma das derrotas sofridas para Anderson. A mãe tratou de consolá-lo.

Por ser uma luta de exibição, o confronto entre Anderson Silva e Chael Sonnen não teve juízes laterais pontuando round a round. A única forma de haver um vencedor oficial seria se um dos dois impusesse um nocaute ao adversário, mas, com apenas cinco rounds de dois minutos cada, houve pouco tempo para que os dois quarentões obtivessem ritmo e impacto o bastante para tal.

A decisão de não anunciar um resultado oficial foi tomada pela organização, como forma de enaltecer também Sonnen. Porém, boa parte do público não entendeu. Após os braços dos dois lutadores serem erguidos, muitos convidados ainda debatiam se Anderson teria vencido ou não e se perguntavam quando seria feito o anúncio do vencedor.

Após vencer sua luta contra Esquiva Falcão, Hebert Conceição fez questão de ir ao camarim do adversário para aparar as arestas. O lutador baiano disse respeitar muito o adversário e toda sua família, a qual exaltou por seu papel na evolução do boxe brasileiro, mas também deixou claro que a rivalidade com o atleta capixaba não se transformará em amizade como aconteceu entre Anderson e Sonnen.

- Só queria pedir desculpas pelas palavras que citei neste evento. Respeito muito a história da família Falcão e do Esquiva principalmente, que levantou o nível do boxe e do esporte brasileiro a partir da Olimpíada 2012. Como atleta, não tenho nada contra, quero apenas agradecer por este espetáculo, por ele ter aceitado esta luta. Venceu o melhor, quem se preparou mais, e agora cada um segue sua caminhada com respeito. Apesar de que a gente não vai ter uma amizade, não tenho interesse em ter uma amizade com a pessoa Esquiva, eu vou torcer pelo sucesso na carreira dele daqui pra frente - disse Hebert.