Um trabalho muito bem feito. É assim que o treinador Carlo Ancelotti resume a evolução de Vini Jr. no Real Madrid, que disputa a final da Liga dos Campeões neste sábado (01), às 16h, contra o Borussia Dortmund.
Em três temporadas com o italiano no comando, o brasileiro – cada vez mais candidato ao prêmio Bola de Ouro – virou outro jogador. De opção no banco, Vini se tornou titular absoluto, fez o gol que decidiu o título da Liga dos Campeões em 2021/22 e já está na temporada mais goleadora da carreira, com 23 jogos em 38 jogos.
Em entrevista coletiva na última segunda, Ancelotti falou sobre a mudança:
A seguir, você entende com detalhes os “movimentos sem a bola” e o “saber jogar por dentro e por fora” com base nas últimas temporadas de Vini.
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Movimentos sem a bola: esperar a jogada e saber o momento de acelerar
Ancelotti sempre disse que via em Vini um talento nato, que funcionaria melhor mais próximo do gol. A primeira ideia tática do atual treinador foi deixar Vini quase sempre aberto, fixo pelo lado esquerdo. Ele não podia buscar a jogada e tinha que esperar os companheiros tocarem para ele na esquerda, onde tinha liberdade para criar e driblar adversários rumo ao gol.
Vini aprendeu a se movimentar melhor sem a bola. Ele orientou suas corridas sempre em direção ao gol e buscava correr nas costas de algum adversário, como laterais ou zagueiros, para que não pudesse ser marcado. Se a jogada era do lado oposto, ele acelerava para chegar de surpresa na área. Se era em seu lado natural, ele esperava até a bola chegar para só usar a velocidade de forma a explorar uma lacuna.
Veja um exemplo na imagem abaixo:
Nessa função tática, Vini era um ponta num 4-3-3, com Benzema como centroavante e Rodrygo ou Valverde como ponta no outro lado. Vini virou titular, anotou 22 gols em 52 jogos e fez o gol do título do Real Madrid na Liga dos Campeões de 2021/22.
Saber jogar por dentro e por fora: Vini vira centroavante de movimentação
Já realidade no Real Madrid e na seleção brasileira, Vini Jr viu as chances de melhorar ainda mais seu jogo cresceram quando Karim Benzema anunciou sua saída de surpresa do Real Madrid, em junho de 2023. O clube contratou Joselu para a posição, mas Ancelotti tinha um plano: mudar a configuração tática do time.
Com a chegada de Jude Bellingham, o italiano se desfez do 4-3-3 e montou um 4-3-1-2, o famoso losango no meio-campo, com Kroos, Camavinga e Thouamení no meio-campo e o Bellingham como camisa 10, com Vini e Rodrygo na frente.
O segredo da formação é que ninguém guarda posição fixa. Se antes Vini tinha que esperar a jogada chegar nele, agora ele buscava se movimentar nos espaços vazios toda hora. Nada de ficar parado no lado: a ordem é colar na defesa e ir bagunçando a zaga com movimentos curtos, no centro do campo – os tais movimentos por dentro que o italiano fala.
Veja um exemplo na imagem abaixo. Vini basicamente aprendeu a fazer o que Benzema executava tão bem e passou a usar o drible ainda mais perto do gol.
Um dos principais pontos do “saber jogar por dentro” é um movimento chamado de “desmarque”. É o que separa o camisa 9 da banheira do craque. Em suma, é saber "fugir" do zagueiro toda vez que um cruzamento vem pelo lado ou uma tabela é feita pelo meio.
Vini não busca o contato. Sua corrida tenta sempre buscar as costas do zagueiro ou a antecipação em um dos postes. Num dos muitos gols na última semana, ele esperou toda a linha de defesa ficar de costas e buscou o poste oposto ao da bola para chegar de surpresa
A evolução é tão nítida que até o próprio jogador confessa que vive a melhor fase de sua carreira:
Real Madrid e Borussia Dortmund se enfrentam neste sábado, em Wembley, Londres, às 16h (de Brasília). A partida terá acompanhamento em tempo real no ge.
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