Quinta-feira passada, Hajime Moriyasu testou uma nova formação com três zagueiros e escalou um time reserva em Yangon contra Mianmar. Hoje, jogando pela primeira vez no Edion Peace Wing, o novo estádio do Sanfrecce Hiroshima, o treinador manteve o 3-4-2-1, mas trocou nove titulares e mandou a campo a força máxima disponível. Apenas Keito Nakamura e Ritsu Doan continuaram no onze inicial. Justamente os dois que foram escalados nas alas e fizeram a diferença nessa formação experimental sem laterais de origem.

Nakamura já tinha sido o principal destaque contra Mianmar e voltou a ser decisivo pelo lado esquerdo, da mesma forma que Doan o foi pela direita. Se a ideia de Moriyasu era ter mais poder de decisão com meias ofensivos utilizados como alas, deu muito certo. A fragilidade da Síria deixa dúvidas de até que ponto o experimento é válido pensando em adversários mais fortes, mas fica como boa alternativa para esse tipo de jogo contra asiáticos em que espera-se que o Japão domine.

Como tem sido de praxe nessas Eliminatórias, foi mais um jogo de ataque contra defesa. Com 22 minutos já estava 3x0 e a situação praticamente resolvida. Além de Nakamura e Doan nas pontas, Take Kubo também fazia um bom jogo e Ayase Ueda, artilheiro do segundo ciclo Moriyasu, deixou o dele.

O Japão voltou para o segundo tempo com Hiroki Ito no lugar de Nakamura e de volta à formação padrão 4-2-3-1. Mesmo sem forçar muito, ainda fez mais dois gols e quase não foi ameaçado. Os sírios não tiveram uma única finalização na direção do gol. A Síria ainda foi eliminada com o resultado, pois acabou ultrapassada pela Coreia do Norte, que venceu Mianmar por 4x1.

A terceira fase das Eliminatórias Asiáticas começa em setembro e vai até junho de 2025. As 18 seleções restantes serão divididas em três grupos com seis times cada. Depois de dez rodadas de ida e volta, os dois primeiros colocados de cada grupo se classificam para a Copa do Mundo, enquanto os terceiros e quartos colocados vão para a repescagem. O sorteio dos grupos da próxima fase está marcado para 27 de junho.

Eliminatórias - Japão 5x0 Síria
Edion Peace Wing, Hiroshima - Público: 26.650
Gols: Ayase Ueda (13'), Ritsu Doan (19'), Thaer Krouma (gol contra, 22'), Yuki Soma (74'), Takumi Minamino (85')

Notas:
Keisuke Osako - 6,0 - Deu um passe errado na saída de bola aos 30'. Não precisou fazer nenhuma defesa.
Takehiro Tomiyasu - 6,0 - Jogou o primeiro tempo como zagueiro e o segundo como lateral direito. Seguro, mas apareceu pouco na defesa e pouco no ataque. Após a saída de Endo, vestiu a braçadeira de capitão da seleção pela primeira vez.
Ko Itakura - 6,5 - Liderou bem o trio de zaga japonês com algumas boas intervenções.
Koki Machida - 6,0 - Teve um lance em que foi superado duas vezes no minuto 25 e salvo por Itakura, mas no resto do jogo se portou bem.
Ritsu Doan - 7,5 (Melhor em campo) - Tem crescido na seleção e aproveitado as chances enquanto Junya Ito segue na geladeira. Adaptou-se bem na nova função como ala direito e foi o mais perigoso do Japão em toda a partida, além de ter marcado um belo gol em chute de esquerda. Vem fazendo jus à camisa 10.
Wataru Endo - 6,5 - Impecável na defesa como de costume. Também começou a jogada do primeiro gol.
Ao Tanaka - 6,0 - Cometeu alguns erros de passe no início, mas depois jogou com mais segurança e participou de boas jogadas. Arriscou um chute de longe aos 17' e isolou.
Keito Nakamura - 7,0 - Jogou só o primeiro tempo e depois foi descansar, mas já foi um dos melhores em campo, causando pesadelos ao lateral direito sírio Abdul Rahman Weiss nas jogadas individuais. Fez o cruzamento para o primeiro gol, de Ueda.
Takefusa Kubo - 7,0 - Mais um que vive grande momento. Deu o passe para o segundo gol, fez a jogada do terceiro e criou vários lances de perigo. Ultrapassou Junya Ito como líder de assistências do atual ciclo, com oito.
Takumi Minamino - 7,0 - Voltou a ter uma boa partida pela seleção, o que não acontecia desde a estreia na Copa da Ásia. Apesar de ter sido o que menos se destacou no sistema ofensivo no primeiro tempo, fez uma boa segunda etapa e ainda marcou o gol que fechou o placar em 5x0.
Ayase Ueda - 6,5 - Marcou na primeira oportunidade que teve. Poderia ter feito mais gols, mas também teve azar porque o bandeirinha marcou impedimento em um lance em que ele saiu na cara do gol e driblou o goleiro; se tivesse VAR, provavelmente o lance seria validado.
Hiroki Ito - 6,5 - Entrou no intervalo para atuar na lateral esquerda e fazer a formação voltar para o 4-2-3-1. Apesar de o time ter ficado mais cauteloso, ele apareceu bem aos 85' ao roubar uma bola no campo de ataque, o que acabou virando uma assistência para o gol de Minamino.
Daichi Kamada - 6,0 - Jogou a última meia hora como volante no lugar de Endo. Deu um grande passe para Soma no lance do pênalti aos 72'. Levou cartão amarelo e correu risco até de levar o segundo quando cometeu um falta na frente da área japonesa.
Yuki Soma - 7,0 - Mais uma vez entrou bem na partida, desta vez jogando como meia pela esquerda. Apesar de ter perdido um gol na frente do goleiro, um minuto depois sofreu um pênalti, que ele mesmo converteu. Ajudou a puxar contra-ataques e sofreu faltas.
Takumu Kawamura - 6,0 - Para a alegria da torcida local, o meio-campista do Sanfrecce Hiroshima que nasceu na cidade de Hiroshima ganhou alguns minutos no final do jogo. Mas não teve um momento de destaque.
Kosei Tani - Sem nota - Goleiro do líder da J.League, voltou a ganhar uma chance na seleção (ele não era convocado desde março de 2023) e, para a surpresa de muita gente, entrou em campo nos minutos finais, mas não teve nenhum trabalho.
Hajime Moriyasu - 7,0 - Mandou a campo força máxima e goleou (de novo) a seleção que teoricamente seria a principal rival no grupo. A nova formação 3-4-2-1 com meias nas funções dos alas deu resultado e fica como mais uma opção para os desafios futuros.
(Peso das notas: 5,0 = Muito ruim; 5,5 = Ruim; 6,0 = Razoável; 6,5 = Bom; 7,0 = Muito bom)