O Japão, com 100% de aproveitamento, já garantiu a classificação antecipada para a próxima fase, então estes dois últimos jogos, agora contra Mianmar em Yangon e dia 11 contra a Síria em Hiroshima, servem apenas para cumprir tabela e fazer testes. Por isso Moriyasu mandou a campo uma escalação praticamente reserva e com uma nova formação com três zagueiros.

Yuta Nakayama é geralmente a primeira opção para a lateral esquerda, mas não foi convocado desta vez e, após o fim do contrato com o Huddersfield, está no mercado em busca de um novo clube. Na ausência dele, Hiroki Ito é quem costuma ocupar a posição, mas ele é mais um zagueiro que um lateral, e desta vez foi escalado no trio de zaga, ao lado do capitão Shogo Taniguchi e de Daiki Hashioka, este sim um lateral (direito) de origem, mas que também pode compor a zaga por ter a marcação e o porte físico como características.

Moriyasu já tinha usado essa formação com três zagueiros na Copa do Mundo, ora com Yuto Nagatomo (que foi convocado desta vez, mas ficou fora dos relacionados contra Mianmar) na ala esquerda, ora com Kaoru Mitoma. Naquela ocasião, era uma formação para se defender melhor contra um adversário superior. Agora, a mesma formação mostrou ter flexibilidade também para dominar um adversário inferior, explorando as características ofensivas dos pontas. Como Keito Nakamura é o reserva imediato de Mitoma na seleção, logo ficou claro que ele também pode fazer essa função.

"Quero que a gente possa mudar entre linha de três e de quatro durante os jogos", declarou Moriyasu, que decidiu apenas no dia do jogo usar o sistema com três zagueiros. "Temos usado uma linha de quatro na defesa como base e uma linha de três como alternativa, então decidi que seria melhor para o time usar essa opção desde o início ao invés de mudar durante o jogo", completou o treinador dos Samurais Azuis.

Mianmar, lanterna do grupo com apenas um ponto, ainda tinha chances matemáticas de avançar para a fase seguinte, mas logo se viu que não eram chances realistas e foi só um jogo de ataque contra defesa. Sem forçar, o Japão fez dois gols no primeiro tempo e mais três no segundo, repetindo o placar do jogo de ida em novembro. Além de Nakamura, quem se destacou também foi Koki Ogawa, com dois gols e uma assistência. Ogawa vem de um bom Campeonato Holandês, em que marcou 11 gols pelo NEC Nijmegen, e surge como nova alternativa para a também carente posição de centroavante.

Eliminatórias - Mianmar 0x5 Japão
Thuwunna Stadium, Yangon - Público: 21.200
Gols: Keito Nakamura (17'), Ritsu Doan (34'), Koki Ogawa (75'), Koki Ogawa (84'), Keito Nakamura (90+2')

Notas:
Daiya Maekawa - 6,0 - Foi um espectador privilegiado, só precisou fazer uma defesa, aos 79' (sem dificuldade) e mesmo com os pés quase não tocou na bola.
Daiki Hashioka - 7,0 - O melhor da defesa japonesa, ganhou a maioria das disputas, principalmente pelo alto. Pensando em sua continuidade no grupo e na disputa com Sugawara e Maikuma pela lateral direita, foi um dos que mais ganhou pontos nesse jogo por ter mostrado versatilidade.
Shogo Taniguchi - 6,5 - Deu um passe displicente nos acréscimos do primeiro tempo que contra um adversário mais forte poderia causar um contra-ataque perigoso, mas mesmo assim no geral ele foi bem.
Hiroki Ito - 6,0 - Não teve muito trabalho já que Mianmar atacou pouco pelo seu lado. Deu um susto ao levar uma bola nas costas aos 54', mas foi seguro no decorrer da partida.
Yukinari Sugawara - 6,0 - Foi o ala pela direita e não subiu tanto como Nakamura pelo outro lado. Não foi mal, mas também não teve tanto impacto.
Hidemasa Morita - 6,5 - Atuou como primeiro volante e estava sempre bem posicionado para fazer os desarmes. O primeiro gol começou com um desarme dele.
Reo Hatate - 6,0 - Jogou como segundo volante, mas como tinha espaço, muitas vezes se posicionava mais à frente, como um armador. Participou de algumas boas trocas de passe, incluindo a jogada do primeiro gol. Teve uma chance de finalizar aos 33' e isolou.
Keito Nakamura - 8,5 (Melhor em campo) - Já era o destaque japonês desde o início da partida, sempre levando perigo nas subidas pela ala esquerda. Fez o primeiro gol e fechou o placar final com um golaço de fora da área, quando já estava mais adiantado, como meia ofensivo. É o vice-artilheiro do segundo ciclo de Moriyasu, com oito gols. Tudo isso em apenas nove jogos.
Ritsu Doan - 7,0 - Jogou só o primeiro tempo e cumpriu sua missão. Bem posicionado, teve oportunismo para fazer o segundo gol do Japão. Seu primeiro gol pela seleção após o anúncio do seu casamento. O curioso é que esse casamento aconteceu em janeiro, mas só recentemente o fato veio a público. No Japão é comum os eventos da vida privada dos atletas só serem noticiados depois de dias, semanas ou até meses.
Daichi Kamada - 7,0 - Vinha jogando como volante na Lazio, mas foi escalado como meia ofensivo na seleção. De vez em quando voltava para participar da saída de bola e trocava de posição com Hatate. Participou dos dois gols marcados no primeiro tempo (uma assistência e um chute na trave) e saiu no início do segundo. Participou de várias jogadas em conjunto e no geral foi bem na criação e nos passes.
Koki Ogawa - 8,0 - Só conseguiu finalizar pela primeira vez no início do segundo tempo, um chute bloqueado, mas não vinha jogando mal antes disso. Depois colocou a bola nas redes nas duas finalizações seguintes, uma de cabeça e outra pegando rebote na área. Quase fez mais um de cabeça. Ainda registrou uma assistência ao ajeitar para o chute de Nakamura no quinto gol.
Takumu Kawamura - 6,0 - Teve um lance em que perdeu a bola no campo de defesa aos 58', mas não comprometeu. Também não foi melhor que Hatate na função de segundo volante.
Yuito Suzuki - 6,0 - Pareceu ter entrado um pouco nervoso, mas logo já estava à vontade em sua estreia pela seleção principal, fazendo tabelinhas e passes de calcanhar. Fez uma boa jogada aos 51', mas chutou para fora. Deixou Maeda na cara do gol aos 70'. Com um pouco mais de sorte, teria saído com uma assistência.
Daizen Maeda - 6,0 - Atuou como ala pela esquerda. Teve uma grande chance de frente para o goleiro, que defendeu. Levou perigo em algumas subidas, mas não fez sombra a Nakamura, que passou a jogar mais adiantado depois que Maeda entrou.
Yuki Soma - 7,0 - O mais eficiente dos que saíram do banco. Deu a assistência para o primeiro gol de Ogawa com um cruzamento certeiro e de outro cruzamento dele saiu o segundo de Ogawa.
Ko Itakura - Sem nota - Jogou os minutos finais como primeiro volante na função de Morita. Não teve tempo para mostrar muito, mas a jogada do quinto gol começou com um passe vertical dele para Ogawa.
Hajime Moriyasu - 6,5 - Vitória protocolar contra um adversário vários níveis abaixo. Aproveitou para testar formação e jogadores diferentes.
(Peso das notas: 5,0 = Muito ruim; 5,5 = Ruim; 6,0 = Razoável; 6,5 = Bom; 7,0 = Muito bom)