Em seu último trabalho, no Corinthians, Mano também pegou um time no meio da temporada e com perfil de elenco com média de idade alta, com os principais jogadores, como Renato Augusto (a quem agora vai reencontrar) jogando no limite. No início da temporada 2024, o gaúcho iniciou uma reformulação para rejuvenescer o elenco, mas a caótica administração corintiana acabou elevando o nível de estresse de Mano, o vestiário foi pelo ralo e o técnico saiu. Não tenho dúvidas de que, se Mano continuar no Flu em 2026, ele vai mexer muito no grupo. Mas isso é para depois. Agora ele tem um abacaxi gigante para descascar. E eu tenho enorme curiosidade em saber como um elenco lapidado por Fernando Diniz para jogar na construção a partir do goleiro, jogo de aproximação, de toque, de posse, vistoso, vai conseguir jogar como gosta Mano: sempre com enorme eficiência ofensiva, intensidade, por vezes de maneira reativa. O tempo vai me responder...

Para agora (ou para ontem, para ser mais preciso), Mano tem várias sangrias para estancar, números terríveis para inverter. O Fluminense é o time que menos venceu (1 única vitoriazinha sobre o Vasco), o time que mais perdeu (9 derrotas) e a segunda pior defesa da Série A (21 gols sofridos, só tomou menos do que o Vasco). Depois de se classificar com relativa tranquilidade na primeira fase da Libertadores (em primeiro no seu grupo, ainda na era Fernando Diniz), foram sete jogos no Brasileiro: um empate e... 6 derrotas consecutivas! Pior: nesses 6 jogos perdidos, o Fluminense marcou apenas 1 gol (Ganso, contra o Atlético-GO). Somando os acréscimos dos jogos, dá algo em torno de 600 minutos, ou 10 horas (!!) fazendo apenas um gol. Não dá...

O Internacional também tem lá seus problemas: lesões, suspensões, convocações... Fora o drama psicológico e de logística em consequência da tragédia ambiental no Rio Grande do Sul. Mas em campo o time tem alguns aspectos positivos, tipo ser a melhor defesa do Brasileirão, com apenas 8 gols sofridos. O outro lado da moeda aponta para uma fraqueza ofensiva - aguçada pelos desfalques. O Inter tem uma trava que está virando crônica: não consegue mais fazer mais de um gol no jogo. Fez 2 no Bahia, na estreia do Brasileirão-24, quando ainda podia utilizar seu estádio, o Beira-Rio. Depois disso, ou não fez gol (em 2 jogos), ou fez apenas 1 (em 8 partidas).

No Maracanã, além dos convocados Rochet, Borré e Enner Valencia, Chacho Coudet não terá o lateral Hugo Mallo. O espanhol voltou a seu país para responder a uma acusação de assédio sexual e não volta mais ao Colorado. Ainda assim, pela situação do adversário, vejo um certo favoritismo para o time gaúcho. Seria muito difícil em uma ou duas sessões de treino e em um jogo Mano conseguir resolver os problemas do Fluminense.

O Tricolor já acendeu todas as luzes possíveis de alerta anti-rebaixamento. Tempo para adaptações e ajustes é tudo o que o clube não tem. Talvez Mano tenha que, em paralelo à tática, recorrer à mística.