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Por Ricardo Gonzalez

Comentarista dos canais sportv


Comentei nesta quarta-feira para o Sportv um duelo incrível pelo Brasileiro sub-20, o clássico San-São, disputado em Cotia. Enquanto o Santos briga na parte de cima da tabela por classificação às quartas, o São Paulo entrou na rodada na lanterna, nenhuma vitória, um empate, 8 derrotas. Disparado a pior defesa do campeonato, até a bola rolar 33 gols sofridos em 9 jogos - embora o ataque funcionasse, marcara 19 gols, apenas um a menos do que o Santos, o segundo melhor ataque do Brasileiro. Uma crise quase inédita na base de um clube que é referência na formação de grandes jogadores. Mas, se a defesa tricolor manteve-se como uma peneira, o ataque de Cotia voltou a jogar como Cotia e, aleluia, venceu por 4 a 3. Aliás o terceiro placar de 4 a 3 em jogos do São Paulo no Brasileiro, o primeiro a favor.

São Paulo 4 x 3 Santos | Melhores Momentos | Brasileirão Sub-20 2024

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A crise em Cotia já provocara a troca de comissão técnica há algumas rodadas. O ex-jogador Menta (campeão mundial pelo Tricolor com Telê Santana), "caiu" para o sub-17 trocando de lugar com Allan Barcelos. Nem no Paulista, disputado em paralelo com o Brasileiro, e com um nível de exigência muito inferior, a defesa evitou ser vazada - no fim da primeira fase, o São Paulo terminou em primeiro no seu grupo (assim como o Santos), com 100% de aproveitamento: dez vitórias, 38 gols marcados... mas 4 sofridos. Ou seja: o principal trabalho de Barcelos é conseguir equilibrar um bom ataque comandado pelo promissor Ryan Francisco com a defesa instável, inclusive emocionalmente.

Logo aos 2 minutos Caio fez 1 a 0. Méritos do Tricolor, mas uma bobeira gigante do lateral santista Gustavo Henrique, que deu tantos espaços que foi substituído no intervalo. O Santos sofria na defesa, até porque não teve o lateral-esquerdo Souza, que sentiu no aquecimento e não jogou - Souza, o zagueiro Jair e o lateral JP Chermont (já incorporado ao profissional) frequentam há um bom tempo a seleção brasileira sub-20.O gol deu confiança ao São Paulo, que desperdiçou um caminhão de gols - só Ryan Francisco perdeu dois absolutamente feitos. Ali pelos 35 o Santos já estava organizado e conseguindo conexões ofensivas. E aos 43, partindo da esquerda, o time foi tocando a bola de pé em pé até chegar a Rodrigo Cézar, que empatou.

O segundo tempo começou como terminou o primeiro, com equilíbrio e os dois times chegando perto do gol. A primeira evolução mostrada pelo São Paulo é que, diferentemente dos jogos anteriores, em que sofria um revés e se desmanchava, contra o Santos o time manteve o foco e não desistiu. Aos 10, Ferreira foi derrubado na área por Samuel. Pênalti que o talentoso Mateus Amaral bateu mal - mas no rebote do goleiro Gustavo Jundi fez 2 a 1 pro São Paulo. Ryan Francisco já havia perdido outra chance inacreditável quando, aos 20, Igor derrubou Gabriel Andrade na área. Pênalti que Hyan bateu com categoria para empatar de novo.

O lance manteve a inacreditável média ruim da defesa tricolor: tomou gols em todos os jogos do Brasileiro. O plural está correto, o time nunca tomou só um gol, sempre foram de dois pra cima. A intensidade do jogo começou a pesar nas pernas dos meninos e tudo apontava para o empate. Mas... o persistente Allan Barcelos entendeu que não era dia de Ryan Francisco: trocou seu artilheiro por Paulinho, outro que tem faro de gol. Aí, nos acréscimos, rolou um impressionante "segundo jogo". Aos 47, Guilherme rolou da esquerda para Paulinho desviar para o gol: 3 a 2 São Paulo.

Eu e o time santista não acreditávamos que enfim o Tricolor venceria no campeonato. E aos 49, Samuel testou firma a bola que veio da esquerda e empatou de novo para o Santos. Mas aos 51 sairia o último lance do clássico que testou cardíacos. Escanteio para o São Paulo, Ferreira cobrou e Paulinho raspou de cabeça: 4 a 3 São Paulo. Até acho que se o árbitro não encerrasse o jogo, o Santos ainda acabaria empatando. Mas encerrou. Paulinho saiu como herói tendo dado apenas dois toques na bola, enquanto Ryan Francisco perdeu três feitos em muito mais feitos. Futebol que fala, ne?...

O Santos certamente vai passar entre os oito melhores da primeira fase, mas vai ser duro tirar esse título do brilhante Palmeiras. E o São Paulo, mais do que resultados (porque não consigo imaginar o ataque consertando os erros da defesa em muitos mais jogos), precisa montar um esquema defensivo seguro, ou avaliar se a atual geração de zagueiros está à altura das tradições de Cotia.

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