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Por Ricardo Gonzalez

Comentarista dos canais sportv


Normalmente os campeonatos de pontos corridos tem como uma das características mais marcantes a oscilação dos times - ninguém escapa dela. E quase sempre os holofotes são jogados sobre a oscilação negativa, e a bola da vez na Série B é o Santos. Mas há um outro time que faz o caminho inverso do Peixe: começou mal e hoje consegue resultados brilhantes. Falo do Avaí , que perdeu os dois primeiros jogos, amargava a lanterna e, depois da chegada do técnico Gilmar dal Pozzo não perdeu mais (seis vitórias e dois empates, 20 pontos conquistados em 24 disputados). Nesta sexta, comentei para o Première mais um triunfo catarinense, desta vez sobre o Guarani, que está trilhando o caminho inverso: amarga a lanterna e não consegue voltar a vencer.

Avaí 3 x 2 Guarani | Melhores Momentos | 10ª Rodada | Série B 2024

Avaí 3 x 2 Guarani | Melhores Momentos | 10ª Rodada | Série B 2024

Mas qual teria sido a revolução feita pelo novo comandante, em relação ao trabalho anterior de Eduardo Barroca? Nenhum. Foi a chamada revolução sem ruptura, se é que isso é possível. Barroca ficou praticamente um ano no Avaí, evitou o rebaixamento à Série C em 2023 e vinha fazendo um trabalho consistente no Estadual. Mas a derrota para o Brusque na semifinal tirou o equilíbrio e o foco do time - até porque era uma conquista tida como fundamental pela diretoria para este ano. Depois de duas derrotas nas duas primeiras rodadas do Brasileiro, direção e treinador convergiram que era melhor mudar o rumo. Inteligente que é, Dal Pozzo não fez nenhuma mudança radical. Por enquanto, teve o grande mérito de devolver a confiança ao time. Hoje, jogando um pouco melhor ou um pouco pior, o Avaí não tem medo de se impor, não tem medo de atacar, seja na Ressacada, seja no campo do adversário. Confiança não é tudo no futebol, mas ajuda um bocado.

Essa foi a diferença fundamental entre Avaí e Guarani. O Bugre começou o ano com Umberto Louzer, no meio do Paulistão chamou Claudinei Oliveira, já com a Série B em andamento mudou para Júnior Rocha, e sete jogos depois (cinco derrotas, um empate e uma vitória) e agora entrega o "abacaxi" para o interino Marcelo Cordeiro. Não há como ter continuidade, não há como cobrar do time entrosamento com tamanhas mudanças. Neste jogo, Marcelo Cordeiro teve uma ótima ideia e deu muito mais trabalho ao Avaí do que o oponente imaginaria. Montou um 4-1-4-1 com muita mobilidade de nomes, o que confundia o adversário. Mateus Bueno e Anderson Leite trocavam de posição, ora um como volante, ora chegando mais perto da área. Na frente, Caio Dantas, Airton e João Victor trocavam de posição a todo momento e a zaga catarinense não os achava.

E aos 10 minutos, Airton arranca por dentro, toca a João Victor na direita e aparece para buscar o rebote do goleiro: Guarani 1 a 0. O Avaí só conseguiu jogar pela direita, onde seu lateral Marcos Vinícius está voando. Por esse setor, Zé Ricardo atacou o espaço aos 19. Cortou a marcação e jogou na área. O goleiro Vladimir deu um passo a direita, confundido por uma tentativa de bicicleta. Deu azar que a bola sobrou limpa para Hygor empatar. Ah, agora o Guarani vai sentir. Ainda não... Aos 27, Marcelo Cordeiro mandou subir a marcação, o bote deu certo e Caio Dantas foi derrubado na área por Zé Ricardo. Ele mesmo bateu e fez Guarani 2 a 1.

Intervalo. Aí é que a realidade voltou. O Avaí retomou o foco e voltou avassalador. Aos 3 minutos, o Guarani teve uma recaída, Heitor atravessou mal uma bola, Geovani tocou de primeira a Hygor no corredor: 2 a 2. A reação campineira já não foi a mesma. O time corria, disputava, mas a organização já não era a mesma - e na situação do time na tabela nem dá para cobrar muito mais em tão pouco tempo e perdendo duas vantagens. Aos 17, Hygor deu o corpo a Pedro Henrique na área. O árbitro, corretamente, viu disputa normal por espaço. Mas o VAR intrometido, versão brasileira da ferramenta que adora aparecer, chamou o juiz. Sugestionado, este marcou um pênalti inexistente. João Paulo converteu e fechou em 3 a 2.

O Guarani deu mostrar de que Marcelo Cordeiro tem futuro como treinador. Mas o futuro do Guarani é hoje, a diretoria precisa ser cirúrgica para definir o caminho. E o Avaí... se vai subir ninguém sabe, mas fica muito claro que a espetacular revolução pacífica de Gilmar dal Pozzo vai garantir, no mínimo, um restante de temporada tranqüilo. No mínimo...

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