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Por Ricardo Gonzalez

Comentarista dos canais sportv


Após o show de horrores no Maracanã após o gol da vitória do Atlético-GO, eu, na condição de pai de dois filhos, vejo-me na obrigação de dar uma orientação às crianças. Galerinha, apesar de todo o dinheiro que envolve o futebol, o jogo em si resume-se a uma regra simples: fez mais gols que o oponente, ganha; fez o mesmo número de gols, empata; e fez menos gols, perdeu. Ponto final. E como se deve reagir a isso: ganhou, celebra, festeja, grita, extravasa, desde que não passe demais do ponto; perdeu, fica quietinho e vai refletir na cama, que é lugar quente. Simples, dispensa desenho. Ocorre que o extremismo que tomou conta do planeta anda respingando no futebol.

Felipe Melo empurra assessor de imprensa do Atlético-GO

Felipe Melo empurra assessor de imprensa do Atlético-GO

Vamos a Felipe Melo: suas recentes manifestações políticas muito explicam - e nada justificam - a inclinação por resolver eventuais divergências no braço, na pancada, numa "macheza" cada vez mais anacrônica. Se quiser estudar, Felipe saberá que até nas guerras há códigos a serem respeitados, por isso pessoas são julgadas por crimes de guerra. E seja no front, no Maracanã ou Bairro de Fátima, onde me criei jogando bola na rua, há uma regra: não se ataca ninguém pelas costas, na trairagem. Já não caberia uma interpelação educada, mas, tentando mostrar a Felipe o que é empatia, eu admitiria que ele chamasse o assessor do Atlético-GO, olhasse em seus olhos, frente a frente, como homem, e dissesse: "Qual foi, cara? Pula aqui na minha frente". O trogloditismo usado poderia ter ferido seriamente o profissional, poderia ter quebrado seu equipamento... e a troco de quê? O Fluminense deixaria de ser vaiado pela própria torcida ou de tomar a virada por causa disso??

Guga também mostrou descontrole ao dar um tapa no equipamento do cinegrafista do Sportv - e o comentário seria o mesmo se fosse da Band, da ESPN, da Cazé TV, se fosse um gandula ou um torcedor. Mas, pelo menos, fez isso pela frente, olhando no olho do agredido, não me obrigou a usar o Manual da Covardia, apenas o da Incivilidade. E Fernando Diniz? De cujo trabalho sou fã, que bate no peito para dizer que é psicólogo, que conhece a cabeça dos outros, mas que deu um show de agressividade contra Luciano, no último jogo contra o São Paulo (poderia até não concordar se um jogador do seu time esquecesse o fair play, mas jamais falaria com este com a ignorância com que atacou Luciano). Neste sábado, o treinador passou pano na covardia de seu zagueiro, disse que não viu o lance, que Felipe Melo sempre veste a camisa do Fluminense.

Fluminense? O que Guga e, principalmente, Felipe Melo fizeram não é Fluminense. Não é o Fluminense da minha esposa, o Fluminense do meu melhor amigo, o Fluminense de quem fui setorista por anos e sempre me tratou com deferência, fidalguia, fazendo-me sempre repetir que é um clube maravilhoso para trabalhar. No Fluminense Football Club não cabe violência, não cabe covardia. Que Diniz, que o presidente Mario Bittencourt, ou que ambos mostrem a Felipe Melo que o que ele fez não se faz, que honrem as tradições tricolores. Se não fizerem isso, infelizmente seremos todos obrigados, em cada jogo do time do zagueiro, a tirar as crianças e os bem-educados da sala...

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